[2.9] 🤝🌍 Acordo histórico entre a União Europeia e o bloco Mercosul: vitória para a Alemanha, preocupação para a França
Só demorou 25 anos a negociar. E pode ser bloqueado pelos agricultores franceses e polacos. Mas é uma vitória de Ursula von der Leyen, Lula da Silva e... Javier Milei (e uma desfeita para Le Pen)
Esta é uma edição recheada, a fechar uma semana política intensa na União Europeia. Assuntos:
Acordo histórico entre a União Europeia e o bloco Mercosul: vitória para a Alemanha, preocupação para a França
Regozijo luso-brasileiro: como reagiram Lula da Silva, Luís Montenegro e António Costa
Quem está a favor e contra
Os principais argumentos de Ursula von der Leyen
Nota do editor: VamoLáVer e as presidenciais
Macron inicia negociações para formar novo governo em França
Tribunal Constitucional da Roménia anula eleições presidenciais
O escândalo de que a imprensa pró-Israel evita noticiar: juiz do caso BibiLeaks revela extensão da cooperação entre assessor de Netanyahu e editor do Canal 12
A direita passa o tempo a a criticar as “políticas identitárias” que pretensamente “afundaram” a esquerda, mas quem efetivamente as exerce e com elas vence é precisamente a extrema-direita: a política de identidade marcou as eleições americanas de 2024
E hoje uma novidade, uma provocação para o fim de semana: Onde estão os Miguel Ângelos de hoje? Já não há génios? Há, mas não os vemos porque não olhamos para o sítio certo. A fechar a edição.
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ATUALIDADE
🤝🌍 Acordo histórico entre a União Europeia e o bloco Mercosul: vitória para a Alemanha, preocupação para a França
Após 25 anos de negociações, a União Europeia e o bloco Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) chegaram a um acordo comercial histórico. A iniciativa, celebrada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, enfrenta forte oposição da França, preocupada com o impacto nas importações agrícolas.
A Alemanha saúda o acordo como um impulso necessário para a economia europeia.
A França lidera a oposição, receando o impacto nas importações agrícolas e buscando aliados para bloquear a ratificação. A Polónia deverá aliar-se.
A Itália permanece indecisa, exigindo salvaguardas para o setor agrícola antes de apoiar o acordo.
O acordo, anunciado esta sexta-feira (2024/12/06) em Montevideu, capital do Uruguai, visa a criação de uma zona de livre comércio abrangendo mais de 700 milhões de pessoas. Von der Leyen descreveu o acordo como uma "necessidade geopolítica", fortalecendo laços entre democracias num mundo cada vez mais fragmentado. O acordo prevê a redução de tarifas para produtos europeus, incluindo automóveis, vestuário, alimentos, vinhos e medicamentos, em troca da abertura dos mercados da UE a produtos do Mercosul, com limites para carne bovina, suína, etanol, mel e açúcar.
Regozijo luso-brasileiro
Lula da Silva: “O acordo UE-Mercosul é moderno e equilibrado, reconhece as credenciais ambientais do Mercosul e reforça o compromisso com o Acordo de Paris”
Luís Montenegro: “A UE deve avançar rapidamente com a criação da maior zona de comércio livre do mundo, criando oportunidades para cidadãos e empresas.”
António Costa: “O acordo é uma conquista muito importante, pois o comércio é positivo para a Europa, para a competitividade, para o emprego e para o lugar da Europa no mundo.”
Reações divergentes
A Alemanha, com a sua indústria exportadora em dificuldades, recebeu o acordo com entusiasmo. O presidente da Federação da Indústria Alemã (BDI), Siegfried Russwurm, afirmou que o acordo proporcionará um "impulso de crescimento urgentemente necessário" para a economia alemã e europeia. O chanceler alemão, Olaf Scholz, celebrou a superação de um obstáculo importante, prevendo um mercado livre para mais de 700 milhões de pessoas, com mais crescimento e competitividade.
Em contraste, a França expressou forte oposição, receando que a entrada de carne bovina e aves a preços baixos prejudique os seus agricultores. A ministra francesa do Comércio, Sophie Primas, afirmou que a França não está sozinha na oposição e buscará formar uma "minoria de bloqueio" para impedir a ratificação do acordo. A Polónia juntou-se à França na oposição.
Itália: a decisão crucial
A Itália, com peso significativo na UE, permanece indecisa. O gabinete da primeira-ministra Giorgia Meloni emitiu um comunicado afirmando que a assinatura do acordo depende de "salvaguardas adequadas e compensações em caso de desequilíbrios para o setor agrícola". Carlo Fidanza, aliado de Meloni no Parlamento Europeu, manifestou preocupações sobre a compensação para os produtores europeus, considerada "insuficiente".
Lóbi agrícola vai atacar acordo e pode ainda impedi-lo
A ratificação do acordo, que ainda precisa ser aprovado pelos estados-membros da UE e pelo Parlamento Europeu, está longe de ser garantida. A Comissão Europeia deverá optar por um método de ratificação que não conceda veto aos estados-membros, mas a oposição liderada pela França promete uma batalha árdua. Grupos ambientalistas e políticos argumentam que as proteções climáticas são inadequadas, receando o aumento da desflorestação e a promoção de modelos agrícolas destrutivos.
A Copa Cogeca, grupo de lóbi agrícola europeu, planeia protestos, argumentando que os agricultores correm o risco de perder rendimento devido ao influxo de produtos de baixo custo do Mercosul. A Comissão Europeia argumenta que o acordo inclui salvaguardas para produtos sensíveis, com limites para as importações de carne bovina do Mercosul.
O acordo representa uma vitória pessoal para o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, mas foi recebido com menos entusiasmo pelo presidente da Argentina, Javier Milei, que defende a flexibilização das regras do Mercosul.
O acordo UE-Mercosul, enquanto abre oportunidades económicas significativas, também expõe as divisões dentro da UE e levanta preocupações sobre o impacto ambiental e social. O futuro do acordo dependerá da capacidade da Comissão Europeia em conciliar os interesses divergentes e construir um consenso em torno de um dos maiores acordos comerciais da história.
Os três argumentos de Ursula von der Leyen
Num artigo de opinião publicado em diversos meios europeus, incluindo o Expresso, a presidente da Comissão Europeia apresenta o acordo UE-Mercosul como uma resposta pragmática aos desafios económicos e geopolíticos que a Europa enfrenta.
Os seus três argumentos principais:
Necessidade económica: O acordo é crucial para impulsionar a competitividade europeia num contexto global desafiador, marcado por protecionismo crescente. A parceria com o Mercosul abre um vasto mercado para as empresas europeias, permitindo-lhes superar barreiras comerciais e conquistar novas oportunidades de crescimento.
Proteção dos interesses europeus: O acordo, revisto e melhorado ao longo das negociações, assegura a proteção dos setores-chave da economia europeia, incluindo a agricultura. As salvaguardas negociadas garantem que os agricultores europeus não serão prejudicados pela concorrência do Mercosul, enquanto os consumidores beneficiam de uma maior oferta de produtos a preços competitivos.
Importância geopolítica: O acordo transcende a dimensão económica, consolidando a aliança entre a UE e o Mercosul, democracias que partilham valores e princípios comuns. Num mundo cada vez mais polarizado, a parceria reforça a cooperação internacional, a defesa do multilateralismo e a promoção de uma ordem global baseada em regras e no respeito pelos direitos humanos.
Aprofundar
EU snubs France to seal huge Latin American trade deal (Politico)
EU farmers plan protests as Von der Leyen approves Mercosur trade deal (The Guardian)
Um dia bom para a competitividade europeia (artigo de von der Leyen no Expresso)
NOTA DO EDITOR
VamoLáVer e as presidenciais
O calendário das eleições em Portugal prevê para o próximo mês de setembro ou outubro as autárquicas e para janeiro de 2026 as presidenciais. A cobertura noticiosa de ambas já começou, sendo que as presidenciais são as mais mediáticas, apesar de bastante menos impactantes no dia a dia dos cidadãos.
(Só hoje foram publicados cinco artigos de opinião e uma notícia, ainda que requentada de ontem, sobre um único aspeto das presidenciais, a candidatura de Gouveia e Melo.)
A razão disso prende-se com a natureza de cada eleição. As autárquicas movimentam milhares de candidatos em centenas de candidaturas, são geograficamente distribuídas por todo o país e têm diversos pólos de interesse, sendo por isso muito complexas de seguir — além de os interesses serem muito variáveis, com as duas maiores cidades a recolherem quase toda a atenção dos meios nacionais e o resto das autarquias a só terem cobertura local. As presidenciais são o contrário: quase 11 milhões de eleitores recenseados vão votar uma única pessoa para uma única função, não executiva e de representação de todo o país.
Tenho refletido sobre a maneira de levar a sério ambas as eleições. Na verdade, não posso fazer o que gostaria em termos da cobertura das autárquicas. Tentarei fazer a cobertura das duas maiores cidades, sem descurar demasiado outras urbes mais densamente povoadas.
Para as presidenciais tenho vários planos e opções. Gostaria de tomar as decisões depois de uma consulta breve aos assinantes da newsletter, pelo que desenvolvi a sondagem seguinte. Explicando os cinco pontos (o máximo permitido pelo mecanismo de sondagem utilizado): na newsletter — que, recordo, tem sido tri-semanal e essa é a frequência expectável para os meses vindouros — a cobertura vai assentar apenas no noticiário relevante (formalização de candidaturas, sondagens, entrevistas, …); contudo, e porque o material a recolher e processar o vai permitir, podemos criar algumas alternativas adicionais à cobertura na newsletter, como um email diário com todo o fluxo noticioso em formato resumido, um email semanal com o fluxo relevante condensado e explicado, ou mesmo fluxos simples (notícia, link) nalgumas redes sociais (BlueSky é a mais promissora, mas VamoLáVer está também presente na Threads e no Mastodon).
Os pontos não se excluem. A massa de respostas permitirá dosear o esforço e eventualmente, até, não o colocar em alternativas que não suscitem o interesse dos assinantes.
Dito isto: aguardo pela sua resposta, que não demora mais de uns poucos segundos.
🇫🇷 👔 Macron inicia negociações para formar novo governo em França
Emmanuel Macron, presidente francês, iniciou esta sexta-feira (2024/12/06) uma série de reuniões com representantes partidários para formar um novo "governo de interesse geral", após a moção de censura que derrubou o governo de Michel Barnier. As primeiras reuniões incluíram os partidos macronistas, o Partido Socialista (PS) e Os Republicanos (direita). O PS foi o único partido da Nova Frente Popular convidado nesta primeira fase, gerando tensões na esquerda francesa.
Olivier Faure, líder do PS, mostrou-se aberto a negociações, embora tenha estabelecido como condição a nomeação de um primeiro-ministro de esquerda. Esta decisão gerou fortes críticas de outros partidos de esquerda.
Jean Luc Mélenchon, líder da França Insubmissa, e outros membros do partido, criticaram duramente a decisão de Faure de participar nas negociações, acusando o líder socialista de trair a Nova Frente Popular e os seus eleitores. A eurodeputada Manon Aubry e o coordenador Manuel Bompard foram particularmente críticos desta aproximação ao governo.
Posição da direita - Bruno Retailleau, líder d'Os Republicanos no Senado, rejeitou qualquer compromisso com a esquerda, criticando especialmente os partidos que se aliaram à França Insubmissa e a sua atitude após os eventos de 7 de outubro em Gaza.
Estratégia de Macron - O presidente francês mantém a sua decisão de excluir a França Insubmissa e a União Nacional (extrema-direita) das negociações, repetindo a estratégia utilizada durante a formação do governo Barnier. No entanto, desta vez conseguiu atrair o PS para as negociações, ao contrário do que aconteceu há três meses.
Fonte: publico.pt
🗳️ 🚫 Tribunal Constitucional da Roménia anula eleições presidenciais devido a ataques híbridos russos
A notícia - O Tribunal Constitucional da Roménia cancelou hoje (2024/11/06) as eleições presidenciais, após os serviços de segurança alertarem para "ataques híbridos agressivos" por parte da Rússia. A decisão surge depois de o candidato ultranacionalista Călin Georgescu ter vencido inesperadamente a primeira volta das eleições, beneficiando de uma campanha no TikTok semelhante às operações de influência do Kremlin na Ucrânia e Moldova. A segunda volta, prevista para domingo, foi cancelada, mergulhando este importante membro da UE e NATO numa crise política.
A candidata Elena Lasconi, antiga jornalista de televisão que deveria enfrentar Georgescu na segunda volta, denunciou a situação como um ataque à democracia, afirmando que o Estado romeno "pisou a democracia".
Os serviços secretos romenos revelaram documentos desclassificados que identificaram 25 000 contas pró-Georgescu no TikTok, ativas apenas duas semanas antes da primeira volta, sugerindo uma campanha apoiada pela Rússia.
Nicolae Ciucă, líder do Senado romeno e candidato do Partido Nacional Liberal, apelou à calma e unidade, reconhecendo que esta situação sem precedentes representa um teste difícil para as instituições democráticas do país.
Fonte: politico.eu
📰 🔍 Juiz do caso BibiLeaks revela extensão da cooperação entre assessor de Netanyahu e editor do Canal 12
A notícia - O juiz Ala Masarwa, do Tribunal Distrital de Telavive, revelou novos detalhes sobre o caso BibiLeaks, que envolve Eli Feldman, porta-voz do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, acusado de divulgar documentos classificados. O caso expõe a relação entre Feldman e Raviv Golan, editor de fim de semana do Canal 12, que foi inicialmente contactado para publicar os documentos confidenciais antes de estes serem divulgados pelo jornal alemão Bild.
A investigação revelou que Feldman enviou fotografias de documentos classificados a Golan, esperando que o Canal 12 publicasse conteúdo que supostamente demonstrava que os protestos pró-reféns prejudicavam as negociações e beneficiavam o Hamas.
Após a censura militar rejeitar a publicação inicial, o porta-voz propôs falsificar alguns detalhes do documento para contornar a censura, alegando proteger a fonte. O Canal 12 manteve a decisão de não publicar o material.
Durante uma chamada telefónica posterior, Feldman apresentou falsamente um militar reservista como "D do Mossad" a Golan. O Canal 12 nega ter conhecimento deste facto, afirmando que Golan foi apenas adicionado à chamada após conversas prévias entre Feldman e o reservista.
Fonte: haaretz.com
Portugal
👔 Pedro Santana Lopes vai participar em debate do Chega. O ex-primeiro-ministro e atual presidente da Câmara da Figueira da Foz estará presente nas jornadas parlamentares do partido em Coimbra e Leiria, dedicadas ao tema da corrupção, num painel que inclui Rui Gomes da Silva e André Ventura. • publico.pt
🏛️ O Presidente da Assembleia da República propõe busto de Mário Soares na Sala do Senado do parlamento. A iniciativa foi anunciada por Aguiar-Branco durante a sessão solene dos 100 anos do nascimento do antigo Presidente da República, devendo o busto ser instalado em 2025. • 24.sapo.pt
🏛️ Vereadores do PS, BE e CPL abandonaram reunião da Câmara de Lisboa em protesto pela ausência do presidente Carlos Moedas e da maioria PSD/CDS-PP. Fonte da liderança garantiu que a reunião manteve o quórum necessário e as propostas foram votadas normalmente. • rr.sapo.pt
🏢 O Governo alterou a orgânica das CCDR esta sexta-feira. A mudança permite que o ministro da Agricultura nomeie vice-presidentes para gerir departamentos regionais de agricultura, após a integração das antigas Direções Regionais de Agricultura e Pescas nas CCDR em 2023, que resultou num aumento significativo do número de funcionários. • observador.pt
União Europeia
🇪🇺 António Costa propõe nova medida de transparência europeia. O primeiro-ministro sugere que a instituição e a sua liderança sejam escrutinadas pelo Órgão Interinstitucional de Ética da UE, organismo criado após o escândalo Qatargate e que já abrange a Comissão Europeia e o Parlamento Europeu. • cnnportugal.iol.pt
🇪🇺 O primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán ameaça Bruxelas com o bloqueio do próximo grande orçamento da União Europeia (2028-2035) caso não sejam desbloqueados os fundos europeus destinados à Hungria. Em entrevista à rádio, o primeiro-ministro reafirmou a defesa da soberania e dos interesses húngaros. • 24.sapo.pt
🏛️ O Vox suspende negociações orçamentais em seis comunidades espanholas. O partido de extrema-direita bloqueou as negociações dos orçamentos de 2025 nas regiões onde o Partido Popular depende dos seus votos, afetando 12,5 milhões de cidadãos, usando como pretexto a política migratória e o acordo para distribuir 357 menores imigrantes das Canárias. • t3.newsletter.elpais.com.
👩💼 A Bélgica tornou-se o primeiro país a regularizar o trabalho sexual. A nova lei, em vigor desde segunda-feira, concede aos profissionais do sexo direitos laborais como contratos oficiais, seguro de saúde e licença de maternidade, após intensa campanha do sindicato Utsopi durante a pandemia. • europeancorrespondent.com
Economia
📉 A Confederação da Indústria Britânica reduziu as previsões económicas para 2025, baixando o crescimento esperado de 1,9% para 1,6%. A decisão deve-se às medidas do novo orçamento, que incluem aumentos nas contribuições sociais e um acréscimo de 7% no salário mínimo a partir de abril. • reuters.com
✈️ O transporte aéreo na UE cresceu 19,3% em 2023. Portugal acompanhou a média europeia com um aumento de 19,4%, enquanto Lisboa se posicionou como o oitavo aeroporto com mais passageiros. Malta (33,3%), Eslovénia (30,9%) e República Checa (29,4%) lideraram o crescimento entre os países da União. • 24.sapo.pt
📊 Portugal registou 47.117 novas empresas até novembro de 2023, representando uma queda de 2,8% face ao período homólogo. O setor dos Transportes foi o mais afetado, com menos 1.292 empresas (-23%), seguido pelo setor Grossista (-11%) e pelo Alojamento e Restauração (-3,3%). • sicnoticias.pt
🛣️ A Via Verde vai começar a operar nos Países Baixos através da implementação e gestão do sistema de portagens eletrónicas na A24, em Roterdão. A subsidiária MOVE-IZI já conta com 60 mil veículos registados e será responsável pela terceira portagem do país, num contrato que inclui dois anos de implementação e cinco de operação. • rr.sapo.pt
Mundo
💰 O Banco Mundial anuncia financiamento recorde para países pobres. A Associação Internacional de Desenvolvimento conseguiu angariar 23,7 mil milhões de dólares, que serão convertidos em 100 mil milhões de dólares em novos empréstimos e doações para apoiar os 78 países mais pobres do planeta. • lemonde.fr
💰 A Associação Internacional de Desenvolvimento vai libertar 100 mil milhões de dólares em financiamento para os países mais pobres do mundo. O valor resulta de uma angariação de fundos de 23,7 mil milhões de dólares, que o Banco Mundial poderá multiplicar cerca de quatro vezes através de empréstimos nos mercados financeiros. • rtp.pt
🚀 Putin anuncia transferência de mísseis hipersónicos para a Bielorrússia. Durante encontro com Lukashenko em Minsk, o Presidente russo revelou que os mísseis Oreshnik, já utilizados contra a Ucrânia em novembro, serão instalados em território bielorrusso no segundo semestre de 2024. • 24.sapo.pt
🗳️ A política de identidade marcou as eleições americanas de 2024. Contrariamente à narrativa sobre Kamala Harris, Donald Trump utilizou efetivamente a política de identidade branca como estratégia central da sua campanha, desde falsas alegações sobre a herança étnica de Harris até à narrativa do Claremont Institute sobre a discriminação contra brancos. • davidneiwert.substack.com
PROVOCAÇÃO DO DIA
Já não há génios? Há, mas não os vemos porque não olhamos para o sítio certo, defende Tomas Pueyo
“Dezenas de pensadores queixam-se de que já não existem génios. A maioria simplesmente não sabe onde os encontrar”, provoca Tomas Pueyo no número mais recente de Uncharted Territories, Where Geniuses Hide Today.
Onde estão os Miguel Ângelos de hoje? Os Goyas? Os Shakespeares? Os Cervantes? Os Goethes? Os Montaignes? Os Pushkins? Os Dostoiévskis? Os Balzacs? Os Mozarts? Onde estão os nossos Einsteins, os nossos Darwins, os nossos Maxwells, os nossos Newtons, os nossos Aristóteles, os nossos Sócrates? Por que não há mais música tão aclamada como a Quinta Sinfonia de Beethoven? Pinturas tão importantes como As Meninas ou a Mona Lisa? Por que já não existem descobertas que reescrevam os manuais, como a Teoria da Gravidade ou a Termodinâmica?
Os génios de outrora. Os filósofos mais ilustres eram gregos. E são antigos! Sócrates ensinou Platão; Platão ensinou Aristóteles; Aristóteles foi mentor de Alexandre, o Grande, que criou o maior império que o mundo já vira.
Os gregos fizeram descobertas impressionantes, como o tamanho da Terra, a distância da Terra ao Sol, a previsão de eclipses, a teoria heliocêntrica, a geometria de Euclides, o sistema nervoso, o sistema cardiovascular, entre outras.
Por que já não vemos génios? Alguns dizem que faltam génios porque já não se ensinam pessoas individualmente, como antes. Outros culpam a politização das artes ou o foco excessivo na burocracia. Mas nenhuma dessas explicações parece suficiente.
A resposta verdadeira: as ideias são mais difíceis de encontrar. A inovação em campos já estabelecidos torna-se mais difícil ao longo do tempo. À medida que mais conhecimento é acumulado, torna-se mais desafiador descobrir algo verdadeiramente novo.
Os génios escondem-se no novo. Se é difícil inovar em áreas saturadas como literatura ou pintura, os génios modernos tendem a emergir em novos campos. Exemplos incluem:
Cinema: Christopher Nolan com narrativas não lineares em Memento e Inception.
Televisão: A era dourada com séries como Breaking Bad e Game of Thrones.
Videojogos: Criadores como Shigeru Miyamoto (Mario, Zelda) e Neil Druckman (The Last of Us).
Tecnologia: Elon Musk (Tesla, SpaceX), Steve Jobs (Apple, Pixar), e Satoshi Nakamoto (blockchain).
Inteligência Artificial: Geoffrey Hinton e Demis Hassabis estão a transformar a ciência e a biologia.
Conclusões
O Miguel Ângelo de hoje é Christopher Nolan.
O Da Vinci de hoje é Elon Musk.
O Newton de hoje é Geoffrey Hinton.Os génios de hoje existem, mas estão em campos diferentes, porque é aí que há espaço para inovar. Para encontrá-los, é preciso olhar para áreas emergentes, como inteligência artificial, videojogos e outras tecnologias modernas.
Aprofundar: Where Geniuses Hide Today.
RELEMBRANDO
Não lemos todas as newsletters todos os dias, naturalmente… Podem ter-lhe escapado estes assuntos:
[2.8] 🇫🇷 ⚔️ ✊ Parlamento francês derruba governo inventado por Macron em histórica moção de censura. Le Pen quer o caos, a esquerda quer governar: juntaram-se para derrubar um governo com solução para o défice mas sem força política. Macron não danificou só a França: o euro teme a contaminação.
[2.7] 🇪🇺 👔 Costa e von der Leyen assinalam início de nova liderança na UE. Cordialidade entre os dois é um cenário melhor que a frieza anterior com Michel. Tempo de renovar esperanças — e políticas, com Kallas a mudar o foco da diplomacia da União
[OP.5] A candidatura do almirante e 25 de novembro: a militarização à portuguesa. Reflexo da militarização global, do Pacífico à Ucrânia e ao Médio Oriente? Ou apenas coincidência? Um sinal em qualquer caso. Os dois principais temas da semana tratam pessoas e momentos militares