[1.35] Onde pode o PAN eleger as suas deputadas? E quantas (1,2,3)?
O objetivo do Pessoas Animais Natureza para as legislativas é modesto: ter um grupo parlamentar, isto é, eleger dois ou mais deputados. Os números dizem que é uma ambição realista.
A semana começa mista, com muitas notícias nas várias frentes políticas, nacional, ibérica, União Europeia e mundo, mas nenhuma suscetível de captar a atenção global. Assim, destaco a segunda análise aos objetivos dos partidos para as legislativas. Depois do Livre hoje foi a vez de interrogar os dados das últimas eleições para perceber se, e como, o PAN pode ambicionar ter um grupo parlamentar. No próximo número é a vez da coligação PCP-PEV.
ANÁLISE
Onde pode o PAN eleger as suas deputadas? E quantas (1,2,3)?
[Continua hoje a análise sobre o número de deputados que cada força partidária pode realisticamente esperar, iniciada na edição 1.24 (em 31 de janeiro) com o Livre.]
A líder do Pessoas Animais Natureza (PAN) definiu o objetivo do partido para as eleições de 10 de março: fazer eleger um grupo parlamentar, ou seja, obter um mínimo de dois deputados. É realista? A resposta curta é: sim. Na verdade a ambição não é excessiva. O PAN pode realisticamente esperar a eleição de dois a três deputados, é o que nos diz uma análise dos números. Ou melhor: duas a três deputadas, como vamos ver.
Nas eleições de 2022 o PAN elegeu somente Inês de Sousa Real, pelo círculo de Lisboa. Em 2019 o partido teve a sua maior representação no Parlamento, obtendo quatro lugares, dois por Lisboa, um pelo Porto e outro por Setúbal. Nas eleições anteriores, em 2015, tinha eleito pela primeira vez: André Silva por Lisboa.
Lisboa, que elege 48 dos 230 deputados, é sempre a primeira esperança dos partidos de menor expressão eleitoral. Em 2011, primeiro ano em que concorreu, o PAN obteve neste círculo 16.913 votos (30% do seu total no país), ficando a 5.261 votos de eleger. O que conseguiu quatro anos depois, com 22.628 votos. No seu grande ano, 2019, o PAN duplicou a votação e elegeu dois deputados (André Silva e a estreante Inês de Sousa Real). Em 2022 metade desses votos foi engrossar a maioria absoluta do PS e o PAN voltou a eleger apenas um deputado. Para eleger dois por Lisboa, precisa de recuperar 20.000 votos, o que não é fácil, mas está dentro das possibilidades, pois é terreno já pisado.
No Porto o partido teve 15.307 votos em 2015, ficando a 6.071 votos de eleger. O que aconteceu em 2019, obtendo 32.331 votos e elegendo (Bebiana da Cunha). E mais 6.511 e tinha conseguido dois mandatos pelo Porto. Nas legislativas seguintes perdeu metade da votação, ficando a 4.780 votos de eleger um deputado. É o círculo mais lógico para apostar no segundo deputado, que fará o PAN cumprir o objetivo de ter um grupo parlamentar.
E Setúbal, o outro círculo eleitoral mais favorável ao PAN? Mais ou menos a mesma história: 6.282 votos no ano de estreia, 8.170 votos em 2015, duplicação (17.518, votos, mais exatamente) em 2019 e uma deputada eleita (Maria Cristina Rodrigues), regresso à “casa” dos 8.000 e perda do lugar. A concorrência em Setúbal aumentou entretanto, com os partidos de direita melhor posicionados na distribuição de mandatos. Mesmo assim, é matematicamente mais provável que um hipotético terceiro deputado do PAN no próximo parlamento seja eleito por Setúbal do que por Lisboa.
Resumindo as contas: mais 5.000 votos no Porto asseguram um segundo deputado ao PAN, mais 9.000 votos asseguram um terceiro por Setúbal e mais 19.000 trazem de volta o quarto deputado, segundo por Lisboa. Eu diria que as probabilidades de o PAN ter duas deputadas são altas, e são baixas as de eleger quatro ou mais, não sendo nenhuma surpresa se eleger três. Inês de Sousa Real (Lisboa) e Anabela Castro (Porto) deverão formar o grupo parlamentar do PAN, talvez com Alexandra Moreira (Setúbal).
Elemento adicional: o PAN figurará na 18ª e última posição do boletim de voto em Lisboa e na 14ª posição do boletim do Porto; em Setúbal é o 9º da lista.
Dados: MAI e CNE. Análise: VamoLáVer.
🇵🇹🗣️ Partidos divergem no financiamento da Segurança Social
No último debate das eleições legislativas antecipadas de 10 de março, que decorreu hoje (26/02) na rádio, os partidos com representação parlamentar discutiram a sustentabilidade da Segurança Social e o combate à pobreza, mostrando as divergências sobre a diversificação das fontes de financiamento do sistema. Os partidos divergiram em propostas que incluem desde a utilização das receitas de auto-estradas e portagens até à introdução de um imposto sobre grandes fortunas ou a privatização da Caixa Geral de Depósitos.
VamoLáVer faz a síntese das propostas de cada líder:
Pedro Nuno Santos: utilização de receitas de novas concessões de auto-estradas ou portagens para financiar a Segurança Social.
Luís Montenegro: deixar o debate sobre o financiamento em aberto sem apresentar uma proposta específica.
Rui Rocha: possibilidade dos trabalhadores construírem a sua própria poupança para a reforma.
Mariana Mortágua: implementação de um imposto sobre grandes fortunas.
Paulo Raimundo: aumento dos salários, reformas e pensões para melhorar as contribuições para a Segurança Social.
Inês Sousa Real: integração do sistema de proteção dos advogados e solicitadores no sistema público.
Rui Tavares: criação de uma "herança social", com 5.000 euros por bebé, e imposto sobre as grandes heranças.
FALTAM 13 DIAS PARA AS LEGISLATIVAS 2024
Nova sondagem. Da CESOP (Universidade Católica), favorável à AD e à direita. As intenções dão já uma maioria confortável à AD, fora da margem de erro. E os indecisos nesta sondagem são em menor percentagem. A leitura imediata de intenções e sua projeção : Luís Montenegro pode fazer governo, não pode descartar o Chega a menos que negoceie com o PS.
CURTAS DA CAMPANHA
Mais de 90 mil eleitores inscreveram-se para votar antecipadamente nas eleições legislativas de 2024 em Portugal, até às 12h00 desta segunda-feira. • Observador
Pedro Passos Coelho participará no comício da Aliança Democrática em Faro, anunciou Luís Montenegro, líder da coligação, em contexto das eleições legislativas antecipadas. • Lusa
🇪🇸🤯 José Luis Ábalos demite-se sob pressão do escândalo de corrupção
Ábalos renuncia ao cargo na Comissão de Interior, mantém-se como deputado
PSOE força a sua demissão da Comissão e exige entrega do ato de deputado
Sánchez enfrenta pressão para esclarecer envolvimento de Ábalos em escândalo
José Luis Ábalos, antigo ministro dos Transportes, demitiu-se como presidente da Comissão de Interior do Congresso dos Deputados, após pressão exercida pela Comissão Executiva Federal do PSOE, devido ao seu envolvimento no 'caso Koldo'. Até ao momento, recusou renunciar ao seu mandato de deputado. O PSOE deliberou “por unanimidade” solicitar a Ábalos que renunciasse.
O Primeiro-Ministro Pedro Sánchez vê-se sob intensa pressão por parte da oposição, que exige remover José Luis Ábalos da sua posição de deputado, face a suspeitas de que esteve ciente de um escândalo de corrupção no valor de 50 milhões de euros relacionado com a aquisição de máscaras durante a pandemia. Em Espanha solicita-se que esclareça detalhes sobre o caso no parlamento.
🇭🇺🤝 Budapeste apoia entrada da Suécia para a NATO
Os deputados húngaros ratificaram hoje (26/02) de forma esmagadora, a candidatura da Suécia à NATO, um movimento que marca um passo significativo para a adesão do país nórdico à aliança militar. A votação foi atrasada durante muito tempo, mas realizou-se após um encontro entre o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, e o seu homólogo sueco, Ulf Kristersson, durante o qual Orbán afirmou o compromisso mútuo de defesa.
O secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, afirmou que a adesão da Suécia, que passa a ser o 32º membro, tornará a NATO mais forte e segura.
Impacto na Coerência da UE: o apoio da Hungria à adesão da Suécia representa um potencial alinhamento entre os Estados-membros da UE em questões de segurança Euro-Atlântica, especialmente após as tensões devido às alegadas práticas anti-democráticas da Hungria.
Reforço da Segurança na Aliança: A inclusão da Suécia na NATO fortalece a aliança militar ao incorporar um país com capacidades robustas e um compromisso reiterado para com a segurança coletiva europeia.
Relações Húngaro-Suecas: A ratificação pode suavizar as recentes relações tensas entre a Hungria e a Suécia, abrindo caminho para uma colaboração reforçada dentro do quadro da segurança europeia e da política externa.
Fonte: BBC
OPINIÃO
Paulo Baldaia critica a postura da direita em relação ao partido Chega e a inconsistência nas suas posições sobre governabilidade, destacando as ironias na política nacional. No Expresso
Ricardo Paes Mamede realça a importância da significativa queda da dívida externa portuguesa em 2023, que atingiu o mínimo dos últimos 18 anos. No Público
Carmo Afonso contrapõe as propostas fiscais dos partidos de direita e de esquerda, sublinhando o impacto de um potencial "choque fiscal". No Público
Filipe Luís expõe a tensão entre a necessidade de lutar contra a desinformação em períodos eleitorais e a controversa ação da Iniciativa Liberal nas eleições regionais dos Açores. Na Visão
Luís Delgado projeta os possíveis vencedores das próximas eleições, destacando Luís Montenegro, Pedro Nuno Santos e André Ventura como personagens centrais no palco político. Na Visão
São José Almeida discorre sobre a pressão e as expetativas em torno de Luís Montenegro para reconduzir o PSD ao poder após oito anos de afastamento. No Público
CURTAS
Em janeiro, o número de beneficiários das prestações de desemprego em Portugal aumentou 7,6% face ao ano anterior, atingindo 197.860, o valor mais alto desde maio de 2022. • RTP
As exportações portuguesas na área da saúde cresceram 36% em 2023, atingindo 3.341 milhões de euros, impulsionadas pela venda de produtos farmacêuticos, que registaram um aumento de 50%. • Expresso
Mais de 90 mil eleitores inscreveram-se para votar antecipadamente nas eleições legislativas de 2024 em Portugal, até às 12h00 desta segunda-feira. • Observador
O parlamento angolano considera proibir a mineração de criptomoedas e outros ativos virtuais, com votação prevista para a proposta de lei na próxima quarta-feira. • Lusa
Ronna McDaniel, presidente do Comité Nacional Republicano, anunciou a sua demissão, reagindo aos esforços de Donald Trump para influenciar a liderança partidária. • Lusa
O primeiro-ministro palestiniano, Mohamad Shtaye, ofereceu a sua demissão ao presidente Mahmoud Abbas, citando a situação decorrente da agressão israelita. • Lusa
António Costa participa numa reunião em Paris, convocada por Emmanuel Macron, para discutir apoios à Ucrânia, marcando dois anos do início da invasão russa. • Lusa
Pela terceira vez consecutiva, a cobertura de gelo marinho na Antártica caiu abaixo de 2 milhões de km², um indicador de uma possível alteração climática significativa. • The Guardian
A União Europeia desbloqueia 137 mil milhões de euros em fundos para a Polónia, superando preocupações anteriores sobre o estado de direito no país. • Euronews
O Congresso dos EUA enfrenta uma semana de caos político, lutando para evitar uma paralisação parcial do governo enquanto se concentra numa investigação de impeachment contra um alto oficial relacionado à gestão da fronteira. • Reuters
A Dinamarca encerra a investigação sobre as explosões nos gasodutos Nord Stream, confirmando sabotagem, mas sem prosseguir com procedimentos criminais no país. • Politico
Alexei Navalny estava prestes a ser libertado numa troca de prisioneiros antes de falecer, de acordo com a sua colega Maria Pevchikh. Não existe confirmação oficial sobre o acordo. • Алексей Навальный
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Uma exposição
Anagramas improváveis. Obras da Coleção de Serralves, Museu De Serralves - Ala Álvaro Siza, Porto, desde 24 Fevereiro 2024. Curadoria: Marta Almeida, Isabel Braga, Inês Grosso, Ricardo Nicolau, Joana Valsassina e Philippe Vergne. “Anagramas Improváveis é a primeira exposição da Coleção de Serralves apresentada na recém-inaugurada extensão do Museu, a Ala Álvaro Siza, dedicada a acolher no futuro todas as mostras da coleção, ou dedicadas à arquitetura e aos vários arquivos depositados na Fundação de Serralves.”
Um festival
Periferias - Festival Internacional de Artes Performativas - Resistência, SINTRA, Centro Cultural Olga Cadaval, Casa de Teatro, Escola Secundária de Santa Maria, Auditório do Centro Paroquial de Rio de Mouro, Mu.Sa - Museu das Artes, de 1 a 8 de Março 2024. “Do Ruanda à Palestina, sem perder Abril de vista, o Periferias - Festival Internacional de Artes Performativas entrega-se à Resistência. É o tema eleito para a 13.ª edição, com curadoria de Paula Pedregal.” Sílvia Pereira
Um livro
Novo Iluminismo Radical. Autoria: Marina Garcés Tradução de Helena Pitta Editora: Orfeu Negro, 2024. “Marina Garcés: a esquerda não se pode concentrar apenas ‘em travar a extrema-direita’. Em Novo Iluminismo Radical, a filósofa defende atitude crítica como saída para a impotência e o cinismo. Vivemos tempos de ‘analfabetismo ilustrado’: ‘sabemos tudo, mas não podemos nada’.” Pedro Rios
RELEMBRANDO
Não lemos todas as newsletters todos os dias, naturalmente… Podem ter-lhe escapado estes assuntos:
[1.34] Ucrânia: apenas uma batalha (perdida) na guerra do “Ocidente” contra a Rússia. Dois anos de guerra na Ucrânia trouxeram-nos aqui: a Europa teme ficar isolada entre uma Rússia fascista e uns EUA inconfiáveis, com o resto do mundo indiferente. A confiança ocidental durou um ano.
[1.33] Finalmente, Algarve: água mais cara e racionada, e concurso aberto para a dessalinizadora. Governo apresenta plano doloroso com 42 medidas que vão do aumento do preço à racionalização do consumo. Mas finalmente o Algarve, contribuinte líquido do Estado, merece atenção.
[1.32] Sim, é possível destronar a extrema-direita. A ex-comunista alemã Sahra Wagenknecht mostra como. A receita é simples: à esquerda na economia, à direita em assuntos sociais como os imigrantes. Com essa "pedrada" Wagenknecht deixa dois coelhos a coxear: a AfD e o seu antigo partido, Die Linke.