[1.17] Taiwan vai às urnas amanhã: ou votam como eu quero, ou... — dizem China e EUA
Os 23 milhões de cidadãos de Taiwan estão mais inclinados para um presidente independentista, mas a China está disposta a guerrear (até com os EUA) para evitar tal coisa.
China e EUA têm as suas fichas nas mesas eleitorais de Taiwan, onde a eleição de amanhã marca o arranque do ano eleitoral decisivo (que VamoLáVer apresentou aqui). Os eleitores estão inclinados para a independência (ficha EUA), incorrendo na ira do vizinho chinês.
Numa boa notícia para o futuro da economia portuguesa, Elvira Fortunato apresentou uma ambiciosa Estratégia Nacional para os Semicondutores, com o objetivo de tornar Portugal uma referência neste sector.
Numa má notícia para o mundo, o Mar Vermelho apresenta-se como mais um cenário de guerra com o potencial de escalar para fora da sua lógica regional.
Taiwan vai às urnas amanhã: ou votam como eu quero, ou... — dizem China e EUA
Atenção
Eleições em Taiwan podem impactar tensões com a China e envolvimento dos EUA
China alerta contra a independência de Taiwan enquanto a ilha se prepara para votar
vitória do DPP, partido pró-independência que lidera as sondagens, pode desencadear resposta militar chinesa.
O evento
Taiwan vai eleger um novo presidente amanhã, sábado (2024/01/13) numa eleição que pode ter implicações significativas nas relações com a China e os Estados Unidos. A vitória de um candidato pró-independência pode aumentar a tensão com a China, que considera Taiwan uma província rebelde.
No contexto de uma Beijing cada vez mais assertiva, o resultado das eleições poderá aumentar ou diminuir os riscos de uma confrontação. Um conflito armado entre Taiwan e a China poderia levar a um confronto direto com os Estados Unidos e abalar a economia mundial. A China já impôs tarifas sobre alguns produtos de Taiwan e ameaçou cortar relações económicas com a ilha se ela seguir o caminho da independência.
Tambores de guerra
A China tem enviado quase diariamente aviões e navios para as águas e céus ao redor de Taiwan, afirmando assim a sua reivindicação sobre a ilha autogovernada, com uma população de 23 milhões de pessoas. Os Estados Unidos, apesar de manterem uma “ambiguidade estratégica” sobre os seus planos, têm ajudado a reforçar a defesa militar de Taiwan e o presidente Biden já deu sinais de que os EUA defenderiam Taiwan contra um ataque chinês.
O ministério da Defesa da China reforçou a sua postura contra possíveis movimentos de independência de Taiwan, enfatizando o compromisso com a soberania e integridade territorial do país. Isto ocorre à luz da atualização da frota de caças de Taiwan e dos planos para aquisição de mais equipamento dos EUA. As eleições são cruciais para a paz e estabilidade na região, e um resultado que favoreça o Partido Democrático Progressista (DPP), de Lai Ching-te, pode ser interpretado como um passo em direção à independência, uma perspetiva que alarmou Beijing.
Quem apoia quem
O DPP, atualmente no poder, é pró-independência e visto por Pequim como um obstáculo para a unificação com a China continental. Já o Partido Nacionalista (KMT), que no passado governou Taiwan, é mais pró-China. Os eleitores de Taiwan terão que escolher entre a independência e a unificação com a China, e isso pode ter implicações para a paz e a estabilidade no estreito de Taiwan.
Enquanto a China demonstra uma preferência clara pelo KMT, uma parcela significativa da população, segundo as sondagens, apoia Lai Ching-te do DPP. Em resposta à situação política, a China restabeleceu tarifas sobre produtos petroquímicos cobertos por um acordo comercial anterior.
Aprofundar leituras: RR, The Economist, NYT
Elvira Fortunato quer centro de competências e 121 milhões de euros para os semicondutores em Portugal
O Governo português anunciou esta semana a Estratégia Nacional para os Semicondutores, com o objetivo de tornar Portugal uma referência neste setor. O plano prevê um investimento de 121 milhões de euros em microelectrónica até 2027, com a possibilidade de receber outros 207 milhões de euros de fundos europeus. A estratégia pretende aumentar o peso da microelectrónica no ensino e na ciência, criar um centro de competências neste campo e atrair mais estudantes e projetos de investigação científica.
A ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, aposta nos semicondutores e na microelectrónica desde o início do seu mandato.
A Estratégia Nacional para os Semicondutores está alinhada com os objetivos da União Europeia, que pretende aumentar a sua quota no mercado mundial de "chips" de 10% para 20% até 2030. A Comissão Europeia prevê um investimento público de 43 mil milhões de euros até 2030 para alcançar este objetivo, e a estratégia portuguesa está em linha com esta iniciativa.
A aprovação do Regulamento dos Circuitos Integrados da União Europeia (“Chips Act”) em setembro de 2023 foi um passo importante para a apresentação da Estratégia Nacional para os Semicondutores. Os eleitores devem estar atentos a esta estratégia e aos candidatos que a apoiam, pois ela pode ter um impacto significativo no futuro da indústria da microelectrónica em Portugal e na sua posição no mercado mundial.
A estratégia centra-se nos circuitos integrados ou chips. O mundo atual depende destes chips para praticamente tudo.
A reter:
investimento de 121 milhões de euros em microelectrónica até 2027
possibilidade de receber 207 milhões de euros de fundos europeus
aumentar o peso da microelectrónica no ensino e na ciência
criação de um centro de competências
alinhamento com os objetivos da União Europeia para aumentar a sua quota no mercado mundial de “chips”.
Fontes: Jornal de Negócios, Público (€)
Mar de conflitos: o impacto global dos ataques Houthi e a resposta militar dos EUA e Reino Unido
Acontecimentos e dados principais
Houthis lançaram um ataque agressivo com 18 drones e mísseis contra navios no Mar Vermelho, que foi frustrado pela proteção militar dos EUA e aliados
O ataque Houthi resultou na condenação internacional e em ataques de retaliação dos EUA e do Reino Unido contra as capacidades de mísseis, radar e drones das bases Houthis no Iémen
A guerra no Iémen, iniciada em 2014, envolve os rebeldes xiitas Houthis e uma coligação liderada pela Arábia Saudita, resultando em mais de 150.000 mortes e uma grave crise humanitária
O conflito no Iémen é frequentemente visto como uma guerra por procuração entre a Arábia Saudita e o Irão
Os ataques Houthi no Mar Vermelho aumentaram, afetando principalmente navios comerciais e alterando as rotas marítimas internacionais
O Pentágono relatou 27 ataques contra embarcações no sul do Mar Vermelho
Os EUA lançaram a Operação Prosperity Guardian com mais de 20 países para proteger navios comerciais na área
O comércio mundial caiu 1,3% entre novembro e dezembro, com impacto atribuído parcialmente aos ataques a navios no Mar Vermelho
O Banco Mundial alertou que as perturbações nas principais rotas marítimas aumentam a probabilidade de estrangulamentos inflacionários
Seis das dez maiores empresas de transporte marítimo de contentores passaram a evitar o Mar Vermelho
Última notícia
Numa ação conjunta, Reino Unido e EUA lançaram ataques aéreos na noite de quinta-feira (2023/01/12) contra posições dos Houthis no Iémen. A operação contou com o apoio da Marinha e Aviação anglo-americana, bem como dos países como Canadá, Austrália, Países Baixos e Bahrein. O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, descreveu a ação como uma “medida limitada”, enquanto o presidente americano, Joe Biden, não descartou a possibilidade de “medidas adicionais”.
O Mar Vermelho, uma artéria vital para o comércio internacional, tornou-se o epicentro de uma escalada preocupante de ataques contra a navegação marítima. Os rebeldes Houthi do Iémen são apoiados pelo Irão. Nos últimos meses intensificaram as suas ofensivas contra embarcações na região. Identificamos abaixo ramificações desses ataques, as motivações dos envolvidos e as implicações geopolíticas e económicas para uma região já marcada por tensões e conflitos.
O cenário do conflito
Os ataques reiterados dos houthis contra navios no Mar Vermelho e no Golfo de Aden representam um desafio direto à segurança da navegação internacional, um pilar para o comércio global. A ofensiva mais agressiva até o momento, que incluiu o lançamento de drones e mísseis, foi um ponto de inflexão para a paciência dos Estados Unidos e seus aliados, que até então se mostravam reticentes em intervir militarmente, temendo desestabilizar ainda mais a região.
A resposta militar
Após os ataques, os EUA e o Reino Unido executaram ataques precisos contra as capacidades militares dos Houthis no Iémen, visando interromper a ameaça aos navios e restaurar a liberdade de navegação. O presidente dos EUA, Joe Biden, justificou a ofensiva como uma “resposta direta” aos ataques sem precedentes e uma necessidade face ao fracasso da diplomacia.
Efeitos económicos
Os ataques Houthi e a resposta militar subsequente têm consequências económicas significativas. O Instituto Kiel para a Economia Mundial relatou uma queda no comércio mundial, em parte devido à insegurança no Mar Vermelho. Além disso, grandes empresas de transporte marítimo estão a evitar a região, o que gera desvios de rotas e potencialmente aumenta os custos de transporte, com possíveis impactos inflacionários numa economia global já fragilizada.
Implicações geopolíticas
O conflito no Iémen, muitas vezes descrito como uma guerra por procuração entre Arábia Saudita e Irão, tem implicações mais amplas para a estabilidade regional. A trégua frágil no Iémen e a preocupação em evitar um confronto mais amplo entre grandes potências tornam a situação ainda mais volátil. A operação “Prosperity Guardian,” dos EUA, envolvendo mais de 20 nações, reflete a urgência em proteger o comércio internacional sem desencadear uma escalada militar indesejada.
Conclusão
Os ataques Houthi no Mar Vermelho e a resposta dos EUA e do Reino Unido sublinham a interconetividade entre segurança regional e comércio global. Enquanto os esforços diplomáticos continuam em busca de uma solução para o conflito no Iémen, a proteção das rotas marítimas permanece uma prioridade estratégica. A comunidade internacional enfrenta o desafio de equilibrar a necessidade de segurança com a prevenção de uma espiral de violência que poderia ter consequências desastrosas para a região e além dela. A situação no Mar Vermelho é um lembrete contundente de que, num mundo interligado, conflitos locais podem ter ondas de choque que reverberam em escala global.
Fontes e aprofundar o assunto: CNNP, VoA, AP, Público
STATUS
Pedro Esteves nomeado diretor de campanha da AD. Antigo braço direito de Paulo Rangel no PE é o atual chefe de gabinete de Luís Montenegro.
CURTAS
Em 2023, a capacidade global de energia renovável teve um aumento recorde de 50% para 510 GW, com a energia solar, liderada pela China, representando três quartos do crescimento. A Agência Internacional de Energia projeta que até 2025 as renováveis podem ultrapassar o carvão na geração de eletricidade, alcançando mais de 42% até 2028, em linha com as metas do COP28 para reduzir o uso de combustíveis fósseis • The Guardian.
A África do Sul acusou Israel de genocídio na abertura de um caso no Tribunal Internacional de Justiça pelo conflito de Gaza. Israel nega as acusações, condenadas pelos EUA mas apoiadas pela Organização da Cooperação Islâmica. O caso pode levar anos, mas medidas provisórias poderão ser impostas, tendo em conta as alegadas mais de 23.000 mortes em Gaza • Reuters.
Na Polónia, o embate entre os campos do antigo e atual governo intensificou-se, com o presidente Andrzej Duda a contestar a detenção do ex-ministro Mariusz Kamiński e do seu secretário Maciej Wąsik por abuso de poder, apesar do primeiro-ministro Donald Tusk acusar o presidente de sabotagem • Euro|topics.
Alberto Núñez Feijóo, líder do PP, contradiz a afirmação de Alfonso Rueda sobre a informação do Governo espanhol acerca da chegada de bolas de plástico às costas galegas, reconhecendo que a Xunta sabia do problema desde 13 de dezembro • El Plural.
Isabel dos Santos perdeu uma batalha legal em Londres para impedir o congelamento de cerca de 734 milhões de dólares dos seus bens. A Unitel alega uso de fundos da empresa para benefício pessoal, acusação que a bilionária nega veementemente • AllAfrica.
Angola decidiu abandonar a OPEP após a organização anunciar cortes adicionais na produção de petróleo em 2024, medida que Angola considerou prejudicial ao seu crescimento económico, realçando as tensões no cartel e o potencial impacto nos mercados globais de petróleo • AllAfrica.
O Chanceler alemão, Olaf Scholz, condenou um alegado encontro de extrema-direita onde se discutiu a deportação de pessoas com origens não alemãs. A reunião teria contado com políticos do partido AfD e neo-nazis, com discussões sobre a deportação de cidadãos, práticas condenadas por Scholz • BBC.
O líder da Liga de extrema-direita e Ministro dos Transportes de Itália, Matteo Salvini, rejeitou concorrer nas próximas eleições da UE, ainda que a decisão sobre a participação dos restantes dirigentes do governo na coligação seja incerta • Euractiv.
Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, frisou que África precisa da democracia para ter estabilidade e combater a malária, e elogiou Cabo Verde pelo exemplo que fornece ao continente nesse sentido. E instou os países africanos a seguir o modelo cabo-verdiano. • Lusa
Na inauguração do concurso para a linha de alta velocidade Porto-Lisboa, Frederico Francisco, secretário de Estado das Infra-estruturas, referiu ser este o projeto mais significativo para Portugal na primeira metade do século XXI, remediando um atraso de 30 anos. Sublinhou a urgência face às limitações da Linha do Norte, discutidas desde os anos 80. • Público
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Duas exposições
“Proibido por inconveniente”, do Arquivo Ephemera, e uma amostra dos arquivos da Fundação Mário Soares - Maria Barroso, nomeadamente dos fotógrafos Ingeborg Lippman e Peter Collis. Cinema São Jorge, Lisboa, 15,16 e 17 de janeiro 2024.
Um filme
O Corno do Centeio. Realização: Jaione Camborda. Actores: Janet Novás, Siobhan Fernandes, Carla Rivas, Daniela Hernán Marchán. “Confirma-se a solidez desta nova geração de cineastas que, decididamente, acredita em filmar o feminino a partir de um olhar feminino: O Corno do Centeio é uma história de mulheres na Galiza dos anos 1970, que se inicia na comunidade piscatória da ilha de Arousa antes de partir “em viagem”, e que embarca o espectador num melodrama sem ponta de lamechice, de uma secura quase granítica, que é também um road movie simultaneamente exterior e interior em permanente finta às expectativas do espectador.” Jorge Mourinha
Um livro
A Borga. Autoria: Eduardo Blanco Amor. Tradução de Pedro Ventura. Editora: Guerra & Paz, 2023. “A Borga, de Eduardo Blanco Amor: um romance que é uma pequena obra-prima. O espanhol Eduardo Blanco Amor (1897-1979) é um dos nomes mais reconhecidos da literatura em língua galega e um dos seus renovadores: fê-lo, precisamente, com este pequeno romance agora traduzido, A Borga – originalmente publicado em 1959, em Buenos Aires, devido à censura franquista.” José Riço Direitinho
RELEMBRANDO
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