[1.54] 🌍 Irão alterou o cenário: conflito entre Israel e Hamas pode tornar-se numa guerra mundial
O catastrofismo marca a quase totalidade das reações, políticas e de especialistas, à entrada do Irão sobre Israel. O clima é pessimista, talvez mais do que devia. Mas vivemos assim, tensos.
Na edição de hoje:
Irão alterou a natureza do conflito entre Israel e Hamas e toda a gente teme que se possa tornar numa guerra mundial
Vamos Lá classificar a inclinação partidária dos meios portugueses
Médico Rui Nunes alerta para desafios da Inteligência Artificial na Saúde em Portugal
Alterações climáticas em Portugal: sinais preocupantes
Choquinho fiscal com arroz malandrinho: Daniel Oliveira teve no Expresso o título que melhor condensa a semana que passou (ver nas Opiniões, a fechar este número).
ATUALIDADE
🌍 Irão alterou o cenário: conflito entre Israel e Hamas pode tornar-se numa guerra mundial
No domingo, o Irão lançou o seu primeiro ataque direto a Israel, disparando mais de 300 drones e mísseis. Com a ajuda dos aliados de Israel, 99% dos projéteis foram neutralizados, segundo as forças armadas israelitas. O Irão tinha prometido retaliar após a morte de sete Guardas Revolucionários em Damasco a 1 de abril.
O conflito entre Israel e o Hamas, que começou como uma guerra local, está a alastrar e a tornar-se num conflito regional, com o risco de se transformar numa guerra mundial. O governo de Netanyahu prometeu retaliar contra o ataque iraniano.
Porque interessa?
A entrada do Irão na guerra muda a dinâmica do conflito e pode levar a uma escalada mundial, especialmente se Israel conseguir arrastar os Estados Unidos para o conflito.
Como é que Israel pode arrastar os Estados Unidos?
Segundo o major-general Agostinho Costa, Israel só tem de retaliar com toda a força contra alvos militares no interior do Irão, obrigando o regime iraniano a retaliar com ainda mais violência para demonstrar força perante a sua própria população. Neste cenário, os Estados Unidos ver-se-iam obrigados a intervir para defender Israel.
Qual é a dimensão atual do conflito?
Neste momento, as forças armadas israelitas atacam sucessivamente as posições do Hezbollah, organização apoiada pelo Irão, no sul do Líbano. Ao mesmo tempo, rebeldes Houthis interferem com o comércio mundial no Mar Vermelho e um navio com bandeira portuguesa é capturado pelo Irão junto ao estreito de Ormuz.
Como é que Portugal está envolvido?
De acordo com a especialista em Assuntos de Segurança e Defesa, Ana Miguel dos Santos, um ataque contra um navio com uma determinada bandeira é um ataque a esse país, segundo o direito internacional. Assim, formalmente, Portugal está envolvido devido ao ataque a um navio de bandeira portuguesa.
Que outros países podem ser atraídos?
Países como Reino Unido e França, que apoiam abertamente Israel e os Estados Unidos, participam em ações defensivas e têm interesses comerciais na região, são alguns dos mais prováveis aliados a serem atraídos para um conflito no Médio Oriente. A Alemanha também tem prestado apoio político significativo ao governo israelita. Além disso, a Índia é um dos principais parceiros comerciais de Israel e o maior comprador de tecnologia militar israelita.
Quais são os aliados do Irão?
O Irão conta com vários grupos paramilitares capazes de criar dificuldades e conduzir uma guerra assimétrica, como os Houthis no Iémen, o Hamas na Faixa de Gaza e, principalmente, o Hezbollah no Líbano. Além disso, a Rússia tem contado com o apoio do Irão para fornecer drones utilizados na destruição de infraestruturas na Ucrânia, e a China tem no Irão um dos seus principais fornecedores de petróleo.
Citações
'Israel só tem de retaliar com toda a força contra alvos militares no interior do Irão, obrigando o regime iraniano a retaliar com ainda mais violência para demonstrar força perante a sua própria população' - major-general Agostinho Costa
'De acordo com o direito internacional, um ataque contra um navio com uma determinada bandeira é um ataque a esse país. Formalmente, de acordo com o direito internacional, Portugal está envolvido.' - Ana Miguel dos Santos
'Estamos perante a formação de um mundo de múltiplas ordens, em que o Irão ambiciona liderar a ordem islâmica.' - professor José Filipe Pinto
Entidades
Israel: país em conflito com o Hamas e o Irão
Hamas: organização palestiniana em conflito com Israel
Irão: país que atacou Israel e apoia grupos paramilitares na região
Hezbollah: grupo paramilitar apoiado pelo Irão, baseado no Líbano
Houthis: rebeldes apoiados pelo Irão, baseados no Iémen
Estados Unidos: aliado de Israel, pode ser arrastado para o conflito
Rússia: recebe apoio do Irão no fornecimento de drones para a guerra na Ucrânia
China: tem no Irão um dos principais fornecedores de petróleo
Números
300: número de projéteis disparados pelo Irão contra território israelita
7 de outubro de 2023: data de início do conflito entre Israel e o Hamas
Fonte: cnnportugal.iol.pt
Ataque direto do Irão a Israel gera debate na imprensa europeia
A imprensa europeia tem visões muito diferentes sobre o alcance e as consequências deste ataque.
🧐 Teresa de Sousa questiona se Netanyahu vai aproveitar este ataque para aliviar a pressão americana para um cessar-fogo em Gaza e recorrer a mais guerra para sobreviver politicamente. Sugere que podia usar a solidariedade internacional para rever a sua estratégia "suicida" em Gaza e abrir as portas a negociações de paz. Ou se vai intensificar a ofensiva no sul de Gaza, testando a aliança com os EUA até ao limite. Público (Portugal)
🗣 Georgi Milkov descreve o ataque como uma "operação controlada dentro de um quadro limitado", em que todos os intervenientes, incluindo os parceiros ocidentais EUA, Reino Unido e França, estavam preparados para os seus papéis. Considera que os iranianos tinham de fazer uma declaração após o ataque ao seu consulado em Damasco. 24 Chasa (Bulgária)
🕵️ Gianluca Di Feo atribui o sucesso de Israel na interceção dos mísseis não só à eficiência da sua defesa aérea, mas principalmente à aliança com os países sunitas, mediada e orientada pelos EUA. Refere um pacto secreto chamado Mead (Middle East Air Defence) que junta informações de radar e coordena aviões de guerra e baterias antiaéreas de vários estados árabes ligados a Israel. La Repubblica (Itália)
🧐 Dominique Moïsi comenta que a ação defensiva bem sucedida de Israel mostra o que o apoio ocidental unido pode alcançar, e que a eficácia do Iron Dome só pode dar que pensar aos iranianos. Questiona porque a Ucrânia não tem capacidades semelhantes, provando que a Rússia só é forte devido às fraquezas ocidentais. Les Echos (França)
✍ Luís Delgado considera ridículo acreditar que Israel não responderá ao Irão, apesar dos apelos de Washington e Londres. Afirma que Israel nunca colocou a sua segurança e soberania nas mãos de outros e que tem um poderoso arsenal nuclear para garantir que nunca mais será aniquilado. Alerta que esta terceira guerra no mundo, numa região perigosa, entre nações fortemente armadas, pode ter consequências catastróficas. Visão (Portugal)
🗣 O The Daily Telegraph defende que a única forma de lidar com o Irão é a partir de uma posição de força. Argumenta que não é Israel que tem causado todos os problemas, mas sim o Irão, que financia o Hamas e o Hezbollah. Critica os apelos para que Israel não retalie e siga uma via diplomática. The Daily Telegraph
🕵️ Marcus Rubin alerta que o regime clerical no Irão e o governo de Netanyahu são uma espécie de imagem espelhada assustadora um do outro. Ambos têm interesse no conflito para desviar a atenção dos seus problemas internos. Espera que uma guerra alargada ainda possa ser evitada, mas o perigo permanecerá até que Irão e Israel tenham novos líderes. Politiken (Dinamarca)
🗣 José Pedro Teixeira Fernandes argumenta que o ataque direto do Irão a Israel pode revelar-se um erro estratégico. Ao desviar as atenções de Gaza, onde a narrativa favorece os palestinianos, para um confronto direto com Israel, o Irão arrisca-se a perder o apoio da opinião pública internacional e a favorecer um maior suporte ocidental a Israel. Público (Portugal)
Vamos lá classificar a inclinação partidária dos meios portugueses
Com pouco tempo? Salte os próximos cinco parágrafos de explicação e vá direto ao formulário
Explicação
Para produzir esta newsletter, todos os dias Cecil (nome carinhoso para o meu amontoado de scripts, automatismos, bases de dados e utilização de large language models, ou LLM, ou ainda “inteligência artificial generativa”) recolhe, avalia e cataloga entre 600 e 1.500 notícias. Os meus olhos vão focar-se em 30 a 60, dependendo dos dias.
Um dos aspetos para a classificação dos artigos é o viés, o bias, a inclinação política de cada órgão de comunicação social consultado. Até este momento da VamoLáVer essa inclinação é pouco mais que empírica e pessoal. E por muito que o meu treino de jornalista tenha resistido à passagem do tempo, eu próprio estou, naturalmente, sujeito a um viés. (Do qual não há nenhum segredo: na escala que vamos usar a seguir, a minha aproximação à res publica corresponde à visão de centro-esquerda.)
E é pessoal por uma simples razão: não conheço nenhuma avaliação profissional do viés das televisões, rádios e jornais portugueses (nem espanhóis nem franceses nem angolanos nem cabo-verdianos, entre os que consulto regularmente apenas conheço avaliações de meios ingleses e estado-unidenses).
Já a quis fazer algumas vezes ao longo de duas décadas, mas na verdade nunca tive um bom pretexto para isso. Até ao presente momento. A newsletter VamoLáVer está à beira de passar os 1.000 subscritores, altura para avançar com esta ideia, não tanto pelo marco, que não passa de um bom pretexto, mas porque os processos produtivos já estão mais estabilizados, abrindo o espaço para inovações.
O viés dos meios vai, por exemplo, melhorar a nossa percepção de como alguns assuntos são tratados à esquerda e à direita. Sim: já a temos de uma forma pessoal, pela rama. É altura de tratar isto com maior seriedade.
O formulário
Produzi um formulário para avaliar a inclinação dos meios de comunicação portugueses. Elegi os 26 meios que considero mais representativos em conjunto. A grelha de avaliação adotada é a de uma das empresas reconhecidas no meio, precisamente a que elabora o Media Bias Ratings americano, a AllSides (link na página do formulário).
Em síntese, cada meio vai ser situado num de cinco pontos do espectro político — direita, centro-direita, centro, centro-esquerda, esquerda — consoante a opinião de cada pessoa. O formulário está disponível apenas aos subscritores da newsletter.
Envolve pouco tempo, não mais de 1 a 5 minutos. Agradeço o seu interesse, que vai contribuir para melhorar este exercício de cidadania informada que é a VamoLáVer.
Link: Vamos classificar os meios portugueses.
🇵🇹 🤖 Médico Rui Nunes alerta para desafios da IA na Saúde em Portugal
Inteligência Artificial está numa fase hiper-embrionária e tem potencial para alterar profundamente as nossas vidas
Falta de supervisão humana sobre a IA é preocupante, sendo necessário aumentar a literacia e reforçar a regulação
O médico Rui Nunes, primeiro doutorado em Bioética em Portugal e atual diretor da mais prestigiada organização internacional desta área, alerta para os desafios éticos, jurídicos e sociais da Inteligência Artificial (IA). Numa entrevista à Visão, Nunes afirma que a IA está numa fase ainda muito inicial, mas com um enorme potencial para transformar a sociedade.
Um dos principais riscos apontados é a falta de controlo e compreensão sobre como a IA toma decisões, o que levanta questões de responsabilidade em caso de falhas. Na saúde, por exemplo, a IA pode trazer benefícios no diagnóstico e tratamento, mas também suscita preocupações se começar a ocupar o espaço dos médicos através de robots autónomos.
Defende um reforço da supervisão jurídica e da literacia sobre IA na sociedade, lamentando que Portugal ainda não tenha um gabinete central para coordenar a implementação desta tecnologia. O médico teme um cenário em que os humanos percam a gestão de sistemas cruciais, como o financeiro, laboral, de saúde e educativo.
Fonte: visao.pt
🇵🇹😟 Alterações climáticas em Portugal: sinais preocupantes
Portugal enfrentou 20 "eventos extremos" nos últimos 17 anos, com perdas económicas significativas
Setor segurador pagou cerca de 800 milhões de euros em indemnizações e provisões desde 2006
Portugal tem sido fortemente afetado por eventos climáticos extremos, como inundações, tempestades, incêndios florestais e tornados. Entre 2006 e 2023, o país registou 20 "eventos extremos", segundo a Associação Portuguesa de Seguradoras (APS). Estes fenómenos provocaram a participação de cerca de 166.500 sinistros às seguradoras nacionais neste período.
O evento mais trágico foi a vaga de incêndios florestais de 2017, que resultou em 116 mortes e na destruição de centenas de habitações. Só o incêndio de Pedrógão Grande implicou um encargo de 25 milhões de euros para as seguradoras. No total, o setor segurador português pagou perto de 800 milhões de euros em indemnizações e provisões relacionadas com eventos climáticos extremos desde 2006.
Apesar do aumento previsível destes fenómenos, apenas 3,6% das perdas patrimoniais estavam cobertas por seguros em Portugal entre 1980 e 2020, segundo a Agência Europeia do Ambiente. A APS está a trabalhar numa cartografia atualizada do risco de inundações e defende a criação de um fundo para grandes catástrofes.
A agricultura está particularmente exposta, mas a penetração dos seguros agrícolas é ainda escassa. A APS considera que o Sistema de Seguros Agrícolas deve ser redefinido face às mudanças climáticas em curso.
Fonte: dn.pt
Portugal
🇵🇹 O Chega quer aumentar a redução do IRS proposta pelo Governo de 200 milhões para mil milhões de euros. André Ventura afirmou que o partido irá apresentar uma alteração à proposta do executivo quando esta chegar ao parlamento, com o objetivo de proporcionar um "alívio aos contribuintes" cinco vezes superior ao previsto. • 24.sapo.pt
🇪🇺 Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, reunir-se-á com o primeiro-ministro português Luís Montenegro na quarta-feira. O encontro coincide com a primeira cimeira de líderes de Montenegro e servirá para discutir os tópicos da reunião do Conselho Europeu, que deverá ser dominada pelo aumento das tensões no Médio Oriente, após o recente bombardeamento iraniano contra Israel em resposta a um ataque israelita na Síria. • tsf.pt
🇵🇹🇪🇸 Luís Montenegro reuniu-se hoje com o presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, em Madrid. O encontro ocorre numa altura em que Sánchez procura apoios europeus para o reconhecimento do estado da Palestina, enquanto Montenegro mantém a posição portuguesa de defesa da "solução de dois Estados" e vê "com bons olhos a pretensão da Palestina em adquirir o estatuto de membro pleno da ONU". A agenda inclui ainda a preparação da próxima Cimeira Luso-Espanhola. • rr.sapo.pt
🇪🇺 A União Europeia está "muito preocupada" com o impacto das tensões no Médio Oriente nos preços da energia. Apesar disso, Portugal tem reservas de gás e petróleo a rondar os 90%, o que garante o fornecimento energético do país "durante semanas", segundo a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho. • tsf.pt
🇵🇹 Portugal enfrenta uma vaga crescente de discriminação e crimes de ódio, com a CIG a receber um número recorde de queixas e a APAV a registar mais pedidos de apoio, sendo "a nacionalidade brasileira a mais discriminada". O Ministério Público abriu 262 inquéritos em 2022 e as autoridades reportam um aumento de 38% neste tipo de criminalidade em 2023, com a SOS Racismo a alertar para o aumento do número de mortes. • jn.pt
🇵🇹 Portugal continental deixou de ter regiões em seca meteorológica no final de março, segundo o IPMA. Em fevereiro, o Algarve e o baixo Alentejo, representando 14,2% do território, ainda apresentavam seca fraca a moderada. O boletim destaca um "aumento significativo" da percentagem de água no solo no sul do país durante o mês de março. • tsf.pt
União Europeia
🇮🇹 A ausência de dados programáticos no mais recente documento económico e financeiro italiano pode indicar a relutância do governo em reconhecer o aumento da dívida pública antes das eleições europeias de junho, segundo Carlo Cottarelli, ex-diretor do FMI e ex-senador. Cottarelli sugeriu que a falta de metas formais pode apontar para divergências internas no governo e uma possível hesitação em revelar hipotéticos aumentos na dívida pública italiana. • euractiv.com
Economia
🇵🇹 O Governo prevê um excedente orçamental de 0,3% do PIB para este ano, segundo o Programa de Estabilidade 2024-2028. Este valor fica aquém dos "0,8% projetados no programa eleitoral da Aliança Democrática", mas ligeiramente acima dos 0,2% inscritos no Orçamento do Estado. O documento ainda não contempla o impacto de novas medidas, como a descida do IRS. • 24.sapo.pt
🏗️ O setor da construção em Portugal registou um crescimento homólogo de 4,7% em fevereiro, ligeiramente abaixo dos 4,9% de janeiro. Os segmentos da engenharia civil e da construção de edifícios abrandaram para 6,2% e 3,7%, respetivamente, mas mantiveram uma tendência positiva. • visao.pt
🇵🇹 A produção automóvel portuguesa cresceu 4,7% no primeiro trimestre face a 2022, atingindo os 95.582 veículos, apesar da quebra de 20,2% registada em março. Neste período foram construídos "77.374 ligeiros de passageiros (+9,7% face a março de 2023), 16.833 ligeiros de mercadorias (-13,2%) e 1.375 pesados (+2,4%)". • visao.pt
África
🇸🇩 O Sudão enfrenta uma crise humanitária devastadora, com a guerra civil a causar a morte de cerca de 15.000 pessoas no último ano. Além disso, 18 milhões de pessoas sofrem de "fome aguda" e quase 11 milhões foram deslocadas, segundo o Programa Alimentar Mundial da ONU. Apesar da gravidade da situação, o conflito tem sido largamente ignorado a nível internacional. • bloomberg.com
🇦🇴 O Presidente angolano deve condenar publicamente os casos de intolerância política no país, defendeu o analista David Sambongo. Esta posição surge na sequência de um ataque à delegação do grupo parlamentar da UNITA na província do Cuando Cubango, que resultou em nove feridos, dois desaparecidos e danos em viaturas, segundo o partido da oposição, números que a polícia contraria, apontando para apenas quatro feridos. • 24.sapo.pt
🇦🇴 A revisão constitucional em Angola deve permitir a eleição direta do Presidente da República e possibilitar candidaturas independentes dos partidos políticos, defende Nelito Ekuikui, líder da ala juvenil da UNITA. Ekuikui acredita que esta mudança "permitiria que surgissem mais figuras fora dos partidos políticos a disputarem o poder" e levaria ao aparecimento de plataformas eleitorais específicas para as presidenciais. • 24.sapo.pt
ETIQUETAS
Um livro
Caminhar – Uma Filosofia.Autoria: Frédéric Gros Tradução de Inês Fraga Editora: Antígona, 2024. “Caminhar ensina a lentidão – e isso muda-nos a vida, diz Frédéric Gros. As lições de Mateo e a experiência acumulada de Gros (faz caminhadas há 40 anos, a mais recente das quais nas Cevenas, cadeia montanhosa francesa, quatro dias, seis horas diárias, com os seus dois filhos adultos) ajudaram-no a escrever um livro pouco habitual para um filósofo: um olhar para o acto de caminhar, com a ajuda de outros filósofos (como Friedrich Nietzsche, Jean-Jacques Rousseau e Søren Kierkegaard) e escritores (de Henry David Thoreau a Gérard de Nerval e Arthur Rimbaud) que fizeram dele combustível criativo, evocando também líderes políticos e morais, como Gandhi e Martin Luther King, que mudaram o mundo a marchar. Chama-se Caminhar – Uma Filosofia e foi publicado recentemente em Portugal, depois de ter sido editado em 2008 em França, onde se tornou um surpreendente best-seller.” Pedro Rios
Um filme
No Interior do Casulo Amarelo. Realização: Thien An Pham Actor(es): Le Phong Vu, Nguyen Thinh, Vu Ngoc Manh. “Uma harmonia que não se encontra: No Interior do Casulo Amarelo é magnífico. Um dos aspectos mais impressionantes desta primeira longa-metragem do vietnamita Pham Thien An, a sua arquitectura sonora, sobressai também imediatamente: os ruídos da noite de Saigão, a sobreposição das vozes dos clientes do bar, o som da televisão que dá um jogo de futebol (da Sérvia, no Mundial de 2018) a que ninguém parece prestar atenção. O trabalho de imagem e o trabalho de som dizem logo: eis um realizador que ainda acredita que um filme é uma experiência sensual, algo para pôr os sentidos (do espectador) a bailar.” Luís Miguel Oliveira
Uma peça de teatro
Erro 403. Companhia de Teatro de Sintra, Casa de Teatro de Sintra, até 28 abril 2024. Texto de Nicolai Khalezin traduzido por Sónia Pinho. Encenação de Susana C. Gaspar com André Pardal, Beatriz Oliveira, Catarina Rôlo Salgueiro, Hugo Sequeira, Patrícia Susana Cairrão (RUGAS) e Rogério Jacques. “Erro 403" conta a história do primeiro manifestante morto pelas forças de intervenção nas manifestações de 2020 em sequência das eleições fraudulentas da Bielorrússia. É um espetáculo que espera levar o público a uma reflexão profunda sobre política, conflito e humanidade.
OPINIÕES
Acácio Pereira questiona a estratégia de aproximação de Passos Coelho às causas do Chega, considerando-a inútil para as suas ambições políticas. Além disso, critica a eventual intenção de Passos Coelho suceder a Luís Montenegro na liderança do PSD, defendendo que tal não se deve fazer após a vitória eleitoral deste último.. 🗣 cmjornal.pt
Carmo Afonso mostra-se desconfiada das previsões económicas do programa do governo da AD. Critica ainda a falta de clareza e o engodo em torno do aumento do salário mínimo nacional, que passou de promessa eleitoral a mero objetivo programático.. 🗣 publico.pt
Daniel Oliveira acusa o PSD de ter feito uma campanha enganadora em relação à reforma fiscal, iludindo os eleitores sobre a dimensão do corte no IRS. Denuncia a contradição entre o discurso de campanha e as medidas reais propostas, que beneficiam sobretudo as grandes empresas através da descida do IRC. O título da semana: Choquinho fiscal com arroz malandrinho. 🗣 expresso.pt
Vítor Costa denuncia a desinformação e as fake news em torno da prometida descida do IRS em 2024 por parte do atual Governo. Acusa o executivo de iludir e ludibriar os portugueses, deixando-os acreditar numa descida do imposto que afinal será apenas imaginária este ano.. 🗣 cnnportugal.iol.pt
RELEMBRANDO
Não lemos todas as newsletters todos os dias, naturalmente… Podem ter-lhe escapado estes assuntos:
[1.53] Tribunal Europeu dos Direitos Humanos condena Suíça por não combater alterações climáticas. É a primeira vez que um tribunal internacional se pronuncia sobre as alterações climáticas e afirma que os países são obrigados a proteger os seus cidadãos dos efeitos.
[1.51] Crescente número de americanos de direita vê Putin como um líder atraente. A Igreja Ortodoxa é um dos braços do poder da Rússia e está a entusiasmar as direitas ocidentais com narrativas cristãs da família, género e sexualidade. E pelos vistos já chegou à direita portuguesa
[1.48] Adeus, paz. Europeus preparam filhos para a guerra. Foi maravilhoso enquanto durou: 75 anos de paz na Europa, duas gerações que da guerra só tiveram notícias longínquas. A re-introdução do tema do serviço militar obrigatório é o sinal.