[1.23] Agricultores e extrema-direita comprometem futuro da União Europeia
Os agricultores franceses isolaram Paris. Alemães, polacos, romenos e belgas estão igualmente descontentes. Os protestos vão afrouxar as leis ambientais e promover o protecionismo. Nada bom.
ATUALIDADE
🚜 🇫🇷 Agricultores bloqueiam acessos a Paris e protestos crescem na UE
Agricultores bloqueiam principais auto-estradas à volta de Paris
Objetivo de intensificar a pressão sobre o governo com ação nacional
França vai pressionar por mudança na legislação da UE em cimeira
Agricultores belgas também protestam em Bruxelas
Portugueses “travados” até março pelas eleições
Tratores formaram longas filas para bloquear auto-estradas perto de Paris e por toda a França esta segunda-feira (29/01/2024). Os agricultores estão irritados e pressionam o governo para obter mais apoios para enfrentar a inflação, competir contra as importações baratas e garantir o seu sustento.
Os protestos em França acontecem após ações semelhantes noutros países europeus, como Alemanha e Polónia, antes das eleições para o Parlamento Europeu em junho, onde a extrema-direita, que tem ganho apoio entre os agricultores, espera obter bons resultados.
As medidas anunciadas pelo Primeiro-Ministro foram consideradas insuficientes pelos agricultores, que intensificaram os bloqueios rodoviários. A porta-voz do Ministério da Agricultura anunciou que mais medidas serão tomadas e que o primeiro-ministro Gabriel Attal se reunirá com representantes dos sindicatos agrícolas.
Cerca de 30 regiões foram afetadas por esta mobilização, que viu uma diminuição no número de bloqueios e agricultores envolvidos em comparação com os dias anteriores.
Cerca de 15.000 membros das forças de ordem foram mobilizados para prevenir a entrada de tratores em Paris e grandes cidades, com instruções para agir com moderação. Paralelamente, motoristas de táxi em várias cidades francesas organizaram operações lentas para renegociar o transporte de pacientes com a Segurança Social.
Pedro Santos, dirigente da Confederação Nacional da Agricultura, nota que a insatisfação é grande e continua a crescer e “nada nos diz que estas formas de luta não venham também a acontecer em Portugal, sendo que o nosso governo abandonou por completo a agricultura”. Referiu explicitamente que “se agora fossemos para a rua todos os políticos diriam que iriam atender às nossas reivindicações, pois estamos em pré-campanha eleitoral e, isso, acaba por condicionar qualquer tipo de promessa”.
Fontes: FranceInfo, Reuters, Expresso, Euractiv
FALTAM 41 DIAS PARA AS LEGISLATIVAS 2024
Última sondagem (barómetro mensal Aximage com distribuição de indecisos, 28/01): PS: 32,7%, AD: 27,4%, CH: 16,2%, BE: 8%, IL: 4,2%, PAN: 2,9%, CDU: 2,6%, L: 1,9%.
🇷🇺💥 Kremlin deverá invalidar assinaturas a favor da candidatura de Nadezhdin contra Putin
Boris Nadezhdin, crítico do Kremlin, promete reverter ações de Putin na Ucrânia e mobilização militar, libertar prisioneiros políticos e revogar leis anti-LGBTQ+.
Apoiantes russos formam longas filas em temperaturas negativas para assinar petição necessária para a candidatura de Nadezhdin às presidenciais.
A campanha de Nadezhdin, estimulando a oposição russa adormecida, afirma ter recolhido 200.000 assinaturas, embora autoridades possam invalidar muitas, comprometendo a sua candidatura.
Restam 48 horas para terminar o prazo de entrega das assinaturas para uma candidatura às eleições presidenciais de meados de março. Uma eleição cujo resultado não suscita nenhuma dúvida. Mas nos últimos dias, num país cada vez mais fechado, um fenómeno surpreendeu: as filas de espera para assinar por Boris Nadezhdin.
É o único candidato autorizado a recolher assinaturas que se opõe abertamente ao que Vladimir Putin insiste em chamar de “operação especial”. Boris Nadezhdin, um físico e político russo, compromete-se a corrigir as ações de Putin na Ucrânia, pôr fim à mobilização militar e libertar prisioneiros políticos, incluindo Alexei Navalny. Também pretende revogar leis que censuram as liberdades LGBTQ+ e a cobertura sobre ações militares.
Para se qualificar como candidato nas eleições russas é necessário reunir 100.000 assinaturas de 40 regiões até ao final de janeiro, uma meta que está a ser possível graças ao apoio do partido Iniciativa Cívica, doações, voluntários e figuras proeminentes da oposição russa.
Nadezhdin, veterano da política russa, é uma voz crítica que ganhou espaço na TV estatal e é visto por alguns como uma figura que pretende mostrar uma falsa competitividade eleitoral na Rússia. No entanto, para muitos russos anti-guerra, representa a única opção no boletim de voto.
A oposição russa parece apenas capaz de alcançar pequenas vitórias, com o protesto público contra a guerra quase inexistente devido à repressão policial e ao exílio de críticos. A guerra está, para a maioria dos russos, relegada para um plano secundário no quotidiano. Apesar disso, a campanha de Nadezhdin alega ter recolhido mais de 200.000 assinaturas, o dobro do necessário. Contudo, as autoridades podem ainda recusar a sua candidatura, invalidando muitas destas assinaturas, uma estratégia já usada contra outros candidatos da oposição.
A candidatura de Nadezhdin surge depois de Yekaterina Duntsova, uma jornalista russa de TV, ter sido desqualificada como candidata independente pela comissão eleitoral central russa. Duntsova anunciou posteriormente o seu apoio à campanha de Nadezhdin.
Fontes: The Guardian, Politico, RFI
🇮🇷😡 Tensão na fronteira Jordânia-Síria: Teerão nega envolvimento em ataque mortal, Biden sob pressão
Teerão nega implicação em ataque de drone que matou três soldados americanos na fronteira Jordânia-Síria.
A morte dos três soldados e o ferimento de dezenas de militares eleva a pressão sobre o Presidente Biden para considerar uma resposta mais direta a Teerão.
Ataque a tanque de combustível no Mar Vermelho e preocupações com guerra por procuração influenciam aumento dos preços do petróleo; EUA ponderam nova estratégia.
Israel mantém negociações com palestinianos para troca de reféns, enquanto financiamento à agência da ONU para ajuda à Palestina é suspenso por alegadas ligações com atentados.
Teerão rejeitou acusações de ter orquestrado um ataque de drone que resultou na morte de três soldados dos Estados Unidos na zona de fronteira entre a Jordânia e a Síria. O ataque foi alegadamente levado a cabo por um grupo militante apoiado pelo Irão, mas aumenta o receio de um confronto direto na região. Este incidente marca as primeiras baixas americanas desde um ataque de outubro do grupo Hamas contra Israel, que teve resposta israelita e desencadeou um conflito com elevado número de vítimas.
A primeira morte de tropas dos Estados Unidos no Médio Oriente desde a eclosão da guerra entre Israel e o Hamas constitui uma grave escalada na região, e está a aumentar a pressão política sobre o Presidente Joe Biden para que este responda diretamente ao Irão, hipótese da qual se tem abstido por receio de desencadear um conflito de maiores proporções.
Os preços do petróleo sofreram impactos com o escalar da tensão, especialmente após um ataque de míssil dos Houthis, igualmente apoiados pelo Irão, a um petroleiro no Mar Vermelho. Enquanto isso, os EUA, que acreditavam estar a conseguir gerir as forças iranianas para prevenir uma guerra regional, enfrentam agora um desafio significativo em decidir como responder a estes desenvolvimentos.
Em paralelo, apresenta-se um raio de esperança com Israel a caracterizar as negociações para a libertação de reféns mantidos por militantes palestinianos como "construtivas". Um acordo proposto poderá não ser suficiente para acabar inteiramente com o conflito, mas supera obstáculos prévios. Simultaneamente, um escândalo emergente diminui o financiamento da agência da ONU de ajuda aos palestinianos, com acusações de Israel quanto ao envolvimento de funcionários no conflito, levando a que oito países doadores principais tenham suspendido o apoio financeiro.
Fonte: Semafor
CURTAS
O advogado Pedro Barosa confirmou que Miguel Albuquerque requereu à PGR ser ouvido com urgência no caso da Quinta do Arco, mostrando disponibilidade já expressa em 2021. • SICN
Marcelo Rebelo de Sousa vetou um decreto sobre medidas escolares relativas à identidade de género, invocando a necessidade de ajuste a situações variadas e a ausência dos pais no processo. • Público
A consultora BMI Research prevê que Angola aproveitará o interesse dos EUA na região, mantendo simultaneamente os laços fortes com a China, visões que podem resultar em mais investimentos. • Lusa
A Polícia Federal Brasileira realizou buscas relacionadas com a atuação da "Abin Paralela" durante o governo Bolsonaro, tendo como um dos alvos Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente. • Público
Isabel dos Santos declinou prestar declarações às autoridades angolanas e o seu caso na Sonangol pode começar a julgamento em março, conforme avançado pela Procuradoria-Geral. • Lusa
A candidatura aos fundos europeus para a linha ferroviária de alta velocidade Porto-Lisboa foi submetida pela Infraestruturas de Portugal, um passo crucial para o financiamento do projeto. • Expresso
Segundo o agregador "Sondagem das Sondagens", o PS lidera intenções de voto, mas um eventual novo governo poderia depender de alianças à direita, com a Aliança Democrática próxima nos resultados. • RR
Mariana Mortágua salienta a importância de um acordo de esquerda para a próxima legislatura, pondo ênfase em soluções concretas ao invés de posições políticas. • Lusa
O partido Vox entrou em crise nas Baleares, afetando o governo de Marga Prohens, do PP, que depende do apoio dos ultras. O grupo parlamentar desintegrou-se após cinco deputados expulsarem dois colegas, e a diretiva nacional decidiu excluir esses cinco, apoiando os expurgados. • El País
ETIQUETAS
Uma peça
De passagem, de Luísa Costa Gomes, Encenação de António Pires, Teatro do Bairro, Lisboa, até 4 Fevereiro 2024, Quarta e Sexta às 21h30, Sábado e Domingo às 18h00. De Passagem é uma comédia sobre economia. Dar e receber, amar, comprar e vender, roubar e burlar, trocar coisas por coisas e ideias de coisas e essas por outras. Na troca se cria a ilusão, mais valia e enganos.
Um espetáculo
Tudo Isto É Jazz! CCB, Lisboa, 9 fevereiro de 2024, 21:00
Uma viagem por 100 anos de jazz no centenário de Luís Villas-Boas
Um livro
A Maldição da Noz-Moscada. Autoria: Amitav Ghosh Tradução de Miguel Romeira Editora: Elsinore, 2023 “Os bandaneses foram exterminados porque foram abençoados com a árvore da noz-moscada”. Amitav Ghosh conta a história que aconteceu nas ilhas Banda no início do período moderno, em 1621.
RELEMBRANDO
Não lemos todas as newsletters todos os dias, naturalmente… Podem ter-lhe escapado estes assuntos:
[1.22] Extrema-direita deixa Alemanha em pé de guerra — precisamente onde queria. Não há nada que hoje se faça no espaço público europeu que não resulte a favor do avanço da extrema-direita. Qualquer coisa é pretexto para o que parece ser o seu inexorável avanço.
[1.21] Sánchez quer (e pode) tirar maioria absoluta ao PP na Galiza. O líder do PSOE quer mais: quer voltar a governar a região, que é um bastião dos populares. E quer ainda mais: (ou melhor) nas europeias, combater a "internacional ultradireitista".
[1.20] Dados mostram como PS, AD e CH capturam a atenção dos jornais online. Estas três forças partidárias concentram quase três quartos da atenção disponível na comunicação social online. PCP é banido, PAN e Livre são desprezados.