[2.54] 🇭🇺 ✊ Hungria: Péter Magyar lidera sondagens e promete restaurar alianças ocidentais se derrotar Orbán
Em janeiro o Tisza ultrapassou pela primeira vez nas sondagens o Fidesz e tem agora sete pontos de vantagem. Os outros países da UE têm um plano para neutralizar o veto da Hungria às sanções a Putin
Nesta edição:
🇭🇺 ✊ Esperança na Hungria: Péter Magyar lidera sondagens e promete restaurar alianças ocidentais se derrotar Orbán em 2026
🇪🇺 🛡️ Países da União planeiam contornar vetos de Orbán nas sanções contra a Rússia
🌍 💸 OMC prevê queda no comércio global devido às tarifas de Trump
🇮🇱 🚨 Israel avança com plano de deportação em massa de Gaza
📉 💻 Bolsas caem com retirada de investidores de tecnologia
📉🌊 Imigração ilegal na Europa cai 30% no primeiro trimestre
🏥📊 Internamentos sociais aumentam em Portugal e já custam 288 milhões de euros
🇵🇹 🏛️ A campanha do vácuo (nota do editor)
Giorgia goes to Washington: a missão impossível de Meloni
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ATUALIDADE
🇭🇺 ✊ Hungria: Péter Magyar lidera sondagens e promete restaurar alianças ocidentais se derrotar Orbán
Péter Magyar, líder do partido de oposição Respeito e Liberdade (Tisza), prometeu a milhares de apoiantes em Budapeste que, se for eleito, irá tirar a Hungria do seu isolamento internacional.
Um desafio sem precedentes: Magyar representa a ameaça mais séria ao poder de Orbán desde que o líder populista de direita assumiu o governo em 2010. As sondagens mais recentes indicam que o Tisza ultrapassou o Fidesz de Orbán em popularidade.
Porquê agora? A Hungria enfrenta uma economia estagnada e foi marginalizada politicamente na União Europeia devido às políticas de Orbán (ver artigo seguinte).
O que promete Magyar?
Restaurar as relações e a reputação da Hungria entre os seus aliados.
Fazer da Hungria novamente um "aliado orgulhoso e confiável da NATO".
Garantir que a Hungria seja um "membro pleno da União Europeia".
Contexto: Orbán, que se descreve como um líder "iliberal", tem sido acusado de afastar a Hungria da comunidade de democracias europeias, através da erosão das instituições democráticas e do controlo dos media. Magyar afirma que o sistema de Orbán "não pode ser reformado, nem melhorado", apenas substituído.
Próximos passos: As eleições estão marcadas para abril de 2026 e os apoiantes de Magyar estão mais confiantes numa possível mudança, citando problemas como a inflação persistente, um sistema de saúde deficiente e alegada corrupção governamental.
Fonte: apnews.com
🇪🇺 🛡️ Países da União planeiam contornar vetos de Orbán nas sanções contra a Rússia
Vários países da União Europeia estão a desenvolver uma estratégia para neutralizar o poder de veto da Hungria nas sanções contra a Rússia. A ideia é transpor as sanções europeias para legislação nacional, eliminando a necessidade de consenso unânime a cada seis meses.
O problema: O primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán tem repetidamente ameaçado usar o seu poder de veto para bloquear sanções contra a Rússia, chegando a quase permitir que milhares de milhões de dólares voltassem a fluir para Moscovo em janeiro.
Quem está envolvido:
Pelo menos meia dúzia de capitais europeias apoiam esta iniciativa
Países tradicionalmente relutantes em impor restrições fora do quadro da UE, como a Bélgica e a República Checa, estão agora a considerar esta abordagem
Até agora, apenas alguns países fronteiriços com a Rússia implementaram sanções unilaterais
Divisões na abordagem:
Alguns diplomatas veem a transferência de decisões importantes de Bruxelas para o nível nacional como mais prática
Outros alertam que nem todos os países têm capacidade para transpor sanções para a legislação nacional
Há preocupações de que uma abordagem dividida seria mais fraca do que a força total da lei da UE
O futuro da política externa comum: O ministro dos Negócios Estrangeiros checo, Jan Lipavský, sugeriu que mais decisões serão tomadas ao nível da "coligação dos dispostos" - um agrupamento flexível de países europeus formado para apoiar a Ucrânia. Esta evolução pode ser vista como um fracasso da política externa comum dentro das instituições da UE, mas representa uma solução pragmática face aos bloqueios constantes.
Fonte: politico.eu
Relacionada
🇺🇸 Os Estados Unidos removeram as sanções impostas a Antal Rogán, assessor próximo do primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán. O secretário de Estado Marco Rubio informou o ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro sobre a decisão, afirmando que as medidas punitivas eram "inconsistentes com os interesses da política externa dos EUA". • theguardian.com
🌍 💸 OMC prevê queda no comércio global devido às tarifas de Trump
A Organização Mundial do Comércio (OMC) reviu drasticamente as suas previsões para 2025, antecipando agora uma contração de 0,2% no comércio global de mercadorias, em vez do crescimento de 2,7% anteriormente previsto. Esta mudança deve-se principalmente às novas tarifas impostas pelos Estados Unidos.
Impactos regionais:
A América do Norte será a região mais afetada, com uma queda prevista de 12,6% nas exportações
Ásia e Europa ainda deverão registar um crescimento modesto nas exportações e importações
O comércio entre EUA e China deverá sofrer uma "contração drástica"
Riscos e incertezas:
Se as "tarifas recíprocas" atualmente suspensas forem aplicadas, o comércio mundial poderá cair ainda mais (1,5%)
A incerteza política comercial está a ter um efeito negativo significativo nos fluxos comerciais
Os países menos desenvolvidos e orientados para a exportação serão particularmente afetados
Desvio de comércio:
As exportações chinesas deverão aumentar entre 4% e 9% para todas as regiões fora da América do Norte
As importações americanas da China cairão drasticamente em setores como têxteis, vestuário e equipamentos elétricos
Esta situação poderá criar novas oportunidades para outros fornecedores, incluindo alguns países menos desenvolvidos
Ngozi Ikonjo Iweala, diretora-geral da OMC, manifestou preocupação com o afastamento entre EUA e China, enquanto o economista-chefe Ralph Ossa alertou que "as tarifas são uma alavanca política com consequências amplas e muitas vezes não intencionais".
Relacionada
💰 É "altamente provável" que as tarifas de Trump aumentem a inflação de forma temporária, alertou Jerome Powell. O presidente da Reserva Federal advertiu que os efeitos inflacionários podem ser mais duradouros, dependendo do impacto das políticas comerciais na economia. • washingtonpost.com
🇮🇱 🚨 Israel avança com plano de deportação em massa de Gaza
O governo israelita aprovou a criação de uma 'Agencia de Emigração Voluntária' para os residentes de Gaza, um movimento que críticos comparam às políticas de limpeza étnica da Alemanha Nazi. Este plano visa facilitar a saída de palestinianos para outros países, apresentado como voluntário, mas com intenções claras de limpeza étnica.
Os pontos-chave do plano:
A agência será gerida pelo Ministério da Defesa de Israel, em colaboração com a autoridade militar que supervisiona Gaza e Cisjordânia.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e outros ministros admitiram que o objetivo final é a limpeza étnica de Gaza, independentemente de um acordo de cessar-fogo.
Reações e implementação:
Ministros israelitas têm opiniões divergentes sobre o caráter 'voluntário' do plano, com alguns a admitirem que se trata de uma deportação forçada.
Estão em curso conversações com países como Sudão, Somália e Somalilândia para receber palestinianos, embora alguns já tenham negado interesse.
Contexto militar e humanitário:
Israel intensificou o cerco a Gaza, cortando acesso a água potável e ajuda humanitária, agravando a crise humanitária.
O exército israelita está a dividir Gaza em secções, restringindo o movimento da população e preparando o terreno para uma possível anexação.
Este plano representa uma escalada significativa no conflito israelo-palestiniano, com implicações profundas para a população de Gaza e para a comunidade internacional.
Fonte: descifrandolaguerra.es
📉 💻 Bolsas caem com retirada de investidores de tecnologia
As bolsas de valores caíram esta quarta-feira, com os investidores a retirarem-se do sector tecnológico, após a administração Trump bloquear a venda de certos chips à China sem licença. Esta medida exacerbou os receios de que a guerra comercial global possa prejudicar os resultados financeiros de algumas das maiores empresas de tecnologia do mundo.
Impacto nos mercados:
O S&P 500 abriu 1% em baixa, enquanto o Nasdaq Composite, mais focado em tecnologia, caiu cerca de 2%.
Na Europa, o índice Stoxx Europe 600 desceu aproximadamente 0,5%, com a maioria dos mercados da região a registarem quedas.
Na Ásia, as bolsas do Japão, Hong Kong e Taiwan também caíram, com destaque para a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company, que desceu 2,5%.
Consequências para as empresas de chips:
A Nvidia anunciou que o governo dos EUA restringirá a venda de alguns dos seus chips à China, prevendo um impacto negativo de 5,5 mil milhões de dólares.
A AMD também espera custos de 800 milhões de dólares devido aos controlos de exportação.
A ASML, empresa holandesa crucial para a fabricação de semicondutores avançados, viu as suas ações caírem mais de 4% após relatar encomendas abaixo das expectativas.
Contexto mais amplo:
As políticas tarifárias da administração Trump continuam a influenciar os mercados globais, especialmente em sectores sob ameaça de mais taxas.
O ouro, considerado um refúgio seguro em tempos de turbulência, atingiu um novo recorde, ultrapassando os 3.300 dólares por onça.
Os dados do Census Bureau mostraram um aumento de 1,4% nas vendas a retalho em março, impulsionadas por gastos em itens de grande valor, como automóveis e eletrodomésticos.
Fonte: nytimes.com
📉🌊 Imigração ilegal na Europa cai 30% no primeiro trimestre
A notícia - A imigração ilegal na Europa registou uma queda de 30% nos primeiros três meses deste ano, em comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo dados divulgados pela Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira (Frontex). Foram contabilizadas menos 33.600 travessias irregulares nas principais rotas migratórias do continente, com a maior redução (64%) a verificar-se nas rotas que atravessam a região dos Balcãs, em países como a Albânia, Sérvia, Montenegro e Macedónia do Norte.
A organização Human Rights Watch atribui esta redução às políticas europeias que ignoram violações de direitos humanos em países do norte de África. Judith Sunderland, representante da organização, alertou ao jornal The Guardian que "há pessoas a morrer afogadas no Mediterrâneo" e outras "espancadas na fronteira entre a Polónia e a Bielorrússia".
O Mediterrâneo Oriental e a África Ocidental são atualmente as rotas mais movimentadas, segundo a Frontex, que identificou afegãos, malienses e bengaleses como as principais nacionalidades dos migrantes nos primeiros três meses de 2025.
A Unicef calculou que cerca de 3.500 crianças morreram ou desapareceram na última década ao tentarem atravessar o Mediterrâneo Central entre o Norte de África e Itália, o que representa quase uma criança por dia, conforme relatório divulgado esta terça-feira.
Fonte: sicnoticias.pt
🏥📊 Internamentos sociais aumentam em Portugal e já custam 288 milhões de euros
A notícia - O número de internamentos sociais em Portugal cresceu 8% no último ano, representando agora 11,7% do total de internamentos nos hospitais públicos. Segundo a 9.ª edição do Barómetro de Internamentos Sociais (BIS), divulgada esta quarta-feira pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) em parceria com a EY Portugal, havia em março deste ano 2342 camas ocupadas por doentes sem necessidade clínica de permanência hospitalar. Apesar deste aumento, o tempo médio de internamento social diminuiu 10%, situando-se agora nos 157 dias, aproximadamente cinco meses.
O impacto financeiro deste fenómeno continua a crescer, com o custo anual para o Estado a ultrapassar os 288 milhões de euros, mais 28 milhões do que no ano anterior. Só até março deste ano, os custos já rondavam os 94 milhões de euros, valor significativamente superior aos 68 milhões registados em março de 2023.
Os internamentos sociais referem-se aos dias em que um doente permanece no hospital após receber alta médica, por falta de resposta social adequada, seja familiar, na rede de cuidados continuados, lares ou outras estruturas. Estes internamentos prolongados ocupam recursos que poderiam ser direcionados a utentes com necessidades clínicas efetivas.
Distribuição regional - Lisboa e Vale do Tejo, juntamente com a região Norte, concentram 80% dos internamentos sociais e 95% dos dias totais de permanência inapropriada em camas do Serviço Nacional de Saúde (SNS). No Centro do país, a insuficiência da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) é especialmente crítica, explicando 76% dos internamentos sociais. No Alentejo e Algarve, os valores são de 46% e 41%, respetivamente.
Principais causas - A ausência de resposta das Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI) é responsável por 44% do número de dias que as pessoas continuam internadas nos hospitais públicos apesar de terem alta clínica. A falta de vagas na RNCCI justifica 38% dos casos de internamentos sociais. Em Lisboa e Vale do Tejo, a falta de resposta das ERPI justifica 32% dos casos, enquanto a demora na integração de doentes crónicos nas estruturas de saúde mental representa 13% dos internamentos.
População idosa mais afetada - Os idosos com mais de 65 anos são os mais afetados, representando 74% dos episódios e permanecendo mais tempo internados após a alta médica. Este grupo etário é responsável por 63% dos dias totais de internamentos sociais inapropriados.
Posição dos especialistas - Xavier Barreto, presidente da APAH, afirma que os internamentos sociais "têm um efeito direto na qualidade dos cuidados de saúde prestados e continuam a refletir uma ineficiência do sistema". Defende que "é urgente reforçar a resposta da Rede Nacional de Cuidados Continuados e das Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas", através de soluções articuladas entre entidades da Saúde, Segurança Social e Setor Social. Miguel Amado, representante da EY, sublinha a necessidade de "modelos preditivos" para evitar internamentos prolongados.
Medidas em implementação - A portaria 38-A/2023, de fevereiro de 2023, tem permitido criar soluções contratualizadas com instituições particulares e sociais. Em 19 de março, 914 doentes estavam em vagas contratualizadas e 1050 já tinham sido integrados através desta medida.
Fonte: dn.pt
NOTA DO EDITOR
🇵🇹 🏛️ A campanha do vácuo
Começo pela exceção: David Dinis assinou há dias um artigo de opinião em que critica, na campanha eleitoral em que as televisões, os jornais e o país vivem, a ausência de respostas dos principais partidos, PSD e PS, às metamorfoses operadas no mundo nos últimos três meses. “Em França, o ministro das Finanças acaba de rever em baixa o crescimento da economia em 0,7 pontos. No Reino Unido, o seu colega foi ligeiramente menos pessimista: menos 0,5 pontos. Um pouco por toda a Europa, os governantes juntam os seus gabinetes e fazem contas aos despojos de uma América errática e absolutamente irracional”, escreveu o diretor-adjunto do Expresso. “Por cá, a guerra económica mais radical do século aparece na campanha como um raio de luz: ao Governo, serve para reunir com as empresas e apresentar apoios em €10 mil milhões, sem que as Finanças alterem uma vírgula ao cenário macroeconómico em vigor, sem que a AD reflita no seu programa eleitoral políticas cuidadosas que respondam às novas circunstâncias”.
Não assisto aos debates televisivos; chegam-me os ecos, filtrados pela imprensa e pela minha rede no Facebook. É assustador. O vácuo é assustador. Trump? Reações à guerra comercial desencadeada por Washington? Uma palavra sobre o fim do estado de Direito nos EUA, um processo em curso que até já vitimizou cidadãos portugueses? Uma pergunta sobre o risco de ter no segundo maior destino das exportações a substituição da democracia por uma ditadura policial repressiva?
Sobre as tarifas, alguma coisa. Pouca. Pedro Nuno Santos criticou a falta de reação do Governo. Há seis dias. E, leio no Público, questionou André Ventura sobre elas no debate televisivo em que os dois ontem se expuseram à legião de opinadores de cartão de pontos em punho e agendas partidárias e políticas que tornam indecorosos, para dizer o mínimo, momentos que deviam ser expoentes da cidadania. E o Governo aproveitou as tarifas para entregar mais 10.000 milhões de euros à atividade empresarial, sem passar por qualquer crivo ou escrutínio. “O Luís” chamou a isso ter “adultos na sala”. Notável.
Os debates são o que são, avancemos. Procuro pelas notícias conhecer os planos de PS e PSD para o clima de incerteza mundial. Não encontro. Francamente, até eu sou capaz de dizer umas frases convencionais sobre isso, como “vamos estar atentos”, “vamos ser cautelosos”. Mas nem isso.
Até ao momento, esta campanha eleitoral é um vácuo político, um deserto de ideias de governação. Ao que me dizem, os dois partidos candidatos a, mais que viabilizar, secundar o mais que provável governo minoritário que sair das urnas no dia 18 de maio, a Iniciativa Liberal à direita e o Livre à esquerda, têm sido a exceção.
Tem passado completamente ao lado a situação de emergência em que o mundo mergulhou, apesar de ser a maior condicionante do futuro exercício governativo – e volto ao David Dinis e às contas orçamentais, em que os dois partidos de governação se apresentam como campeões da macro-irresponsabilidade.
Esperemos que a discussão melhore de qualidade — mas estou cético. E a notícia do dia, de mais uma averiguação preventiva provocada por denúncias anónimas, corrobora e sublinha este ceticismo.
🇵🇹🏛️
Por falar em eleições, recordo que VamoLáVer vai apresentar sete edições especiais com análises dos 22 círculos eleitorais que têm dados interessantes, como quem está em risco eminente de perda de mandatos (exemplo: em Coimbra o CH conquistou um lugar por escassos 403 votos) e que partido está realisticamente mais perto de eleger o seu primeiro deputado. As duas primeiras edições já saíram:
[E.16] Quem pode ganhar (e perder) mandatos nas Legislativas 2025. No primeiro especial Legislativas 2025 "voamos" sobre três círculos eleitorais que elegem 10% dos deputados. Radiografias dos círculos, que partidos estão mais perto de eleger, quais estarão em risco
[E.17] Legislativas 2025: as trocas a Norte, com o CH a irromper também no eleitorado da direita. Nos círculos a Norte, PS resiste em Viana; o CH engoliu em massa o voto de protesto, mas entra também no eleitorado da AD, à qual pode tirar um mandato em Bragança.
A próxima está agendada para esta sexta-feira e apresentará três círculos eleitorais do território continental, Évora, Beja e Portalegre, e os dois círculos pela Europa e Fora da Europa. Um bom pretexto para subscrever VamoLáVer ou, se já é subscritor, para se tornar num apoiante e ajudar o projeto!
Giorgia goes to Washington: a missão impossível de Meloni
Na edição de hoje da sua newsletter "La Matinal Europea", o jornalista David Carretta traça um retrato contundente da relação entre Giorgia Meloni e Donald Trump, marcada por uma viragem dramática face às expectativas da primeira-ministra italiana. O texto, publicado três meses após o regresso de Trump à Casa Branca, expõe de forma crítica o fosso entre as garantias dadas por Meloni e os desenvolvimentos políticos subsequentes.
À chegada a Roma, a 9 de janeiro, Meloni regressava eufórica de Mar-a-Lago, onde fora recebida calorosamente. Numa conferência de imprensa incomum pela sua extensão, tentou apaziguar receios sobre Trump: descartou uma anexação forçada da Gronelândia, minimizou os riscos de abandono da Ucrânia, relativizou as exigências de aumento de despesas militares na NATO e descreveu o protecionismo como uma tendência transversal aos presidentes norte-americanos.
Carretta desmonta essas declarações uma por uma. Trump — agora presidente — virou os europeus em alvos retóricos e políticos: voltou a ameaçar anexar a Gronelândia, usou força contra a Ucrânia (numa inversão surreal da lógica esperada), e lançou uma guerra comercial brutal contra a UE. A proximidade entre Meloni e Trump, longe de beneficiar Roma, deixou a líder italiana isolada e embaraçada no seio europeu.
O artigo também denuncia as consequências práticas desse alinhamento. A decisão do governo italiano de contratar os serviços da Starlink (Elon Musk) para comunicações governamentais suscitou críticas em Bruxelas, por comprometer a autonomia estratégica da UE. O apoio público de Meloni às diatribes conspiracionistas de J.D. Vance, vice-presidente de Trump, contra as democracias europeias e George Soros, acendeu novos alarmes.
A humilhação diplomática surge como epílogo: Trump ignora propositadamente os líderes da UE, preferindo interlocutores como Macron e Starmer — figuras ideologicamente antagónicas a Meloni. A Itália, com fraco investimento em defesa, fica à margem do eixo decisório transatlântico.
David Carretta assina assim uma análise implacável, onde expõe não apenas o erro de cálculo estratégico de Meloni, mas também o risco de uma Europa vulnerável à volatilidade de Washington. É um texto que combina observação política rigorosa com ironia amarga, sugerindo que, para Meloni, o preço do trumpismo pode vir a ser demasiado alto — tanto em termos de prestígio como de soberania.
Original: Giorgia en misión imposible a la corte de Trump
Portugal
🌎 O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, afirmou estar a acompanhar o caso de Rui Murras, português de 32 anos com residência permanente nos EUA, detido pelas autoridades de imigração norte-americanas. Murras, que vive nos EUA desde os dois anos, arrisca deportação possivelmente devido a uma acusação de 2012 relacionada com posse de marijuana. • publico.pt
🏢 O primeiro-ministro, Luís Montenegro, assinou contratos para dois centros de acolhimento de imigrantes ilegais em Lisboa e Porto. As instalações terão capacidade para mais de 300 pessoas e visam dissuadir a imigração irregular, demonstrando que Portugal tem regras. • sicnoticias.pt
⚖️ O Presidente da República promulgou o diploma que cria o Mecanismo Nacional Anticorrupção, apesar das "dúvidas" sobre ser "demasiado governamentalizado". O documento só entrará em vigor após as eleições parlamentares e estabelece o regime geral de prevenção da corrupção. • dn.pt
🏠 A Deco registou um aumento de 67% nos pedidos de ajuda relacionados com o pagamento de rendas no primeiro trimestre de 2024. Mais de 300 pessoas procuraram aconselhamento, enquanto 87 mil contribuintes perderam o apoio à renda face a 2023, levando famílias a cortar na alimentação ou a endividarem-se. • dn.pt
União Europeia
🕊️ O Secretário de Estado Marco Rubio viajará para Paris esta quinta-feira com Steve Witkoff, enviado especial de Trump. Ambos reunirão com o Presidente francês Macron e o Ministro Barrot para discutir esforços de paz entre Rússia e Ucrânia. • apnews.com
🌊 A Grécia anunciou planos para gestão marítima, provocando protestos da Turquia. O planeamento abrange turismo, energia, pesca e proteção ambiental, mas o Ministério dos Negócios Estrangeiros turco alega que algumas áreas violam a sua jurisdição no Mar Egeu e Mediterrâneo Oriental. • apnews.com
🇷🇴 As eleições presidenciais na Roménia preocupam Bruxelas. Após a anulação do voto original devido a interferência russa, o ultranacionalista George Simion lidera as sondagens para a primeira volta em 4 de maio. Quatro candidatos disputam o acesso à segunda volta, com potencial para desviar Bucareste da sua trajetória pró-europeia. • politico.eu
🇫🇷 O deputado Philippe Brun lidera uma aliança contra o secretário do Partido Socialista francês, Olivier Faure. Aos 33 anos, este jovem político da região de Eure está no centro das manobras para o próximo congresso socialista, que decorrerá de 13 a 15 de junho em Nancy. • lemonde.fr
💼 Secretário do Tesouro dos EUA exige mais de Espanha durante reunião com o ministro Cuerpo. Bessent reclamou o aumento de gastos militares no contexto da NATO e manifestou oposição à "taxa Google" espanhola, num comunicado invulgarmente frio e sem as habituais cortesias diplomáticas. • elpais.com
Economia
⛏️ A multinacional sueca Boliden concluiu a aquisição das minas de Neves-Corvo (Portugal) e Zinkgruvan (Suécia) por 1,52 mil milhões de dólares. A compra quase duplicará a produção de concentrado de zinco da empresa e reforçará significativamente a sua produção de cobre, consolidando-a como principal empresa de metais de base na Europa. • expresso.pt
📉 A taxa de inflação da zona euro recuou para 2,2% em março, enquanto na UE desacelerou para 2,5%. França registou a taxa mais baixa (0,9%) e a Roménia a mais elevada (5,1%), com Portugal a apresentar a sexta menor (1,9%). • 24.sapo.pt
Mundo
🇮🇷 O presidente do Irão aceitou a demissão de Zarif, negociador-chave do acordo nuclear de 2015. Esta decisão surge enquanto o país prepara uma segunda ronda de negociações com os EUA e recebe o chefe da Agência Internacional de Energia Atómica, Rafael Grossi. • gazette.com
🇷🇺 O chefe de espionagem russo ameaça países da NATO. Sergei Naryshkin advertiu que a Polónia e os Estados Bálticos serão os primeiros a sofrer caso a NATO entre em conflito com a Rússia. A declaração foi feita após reunião com o líder bielorrusso Alexander Lukashenko. • thesun.co.uk
📉 A inflação no Reino Unido caiu para 2,6% em março, abaixo dos 2,8% registados em fevereiro. Esta descida, mais acentuada do que o previsto pelos economistas, foi impulsionada pela queda nos preços dos combustíveis e pela estabilização dos custos alimentares. • independent.co.uk
🌍 Membros da OMS acordaram um tratado vinculativo para melhor enfrentar futuras pandemias. O pacto visa evitar a desorganização vista durante a Covid-19, incluindo a partilha rápida de dados sobre novas doenças e garantindo que a OMS tenha supervisão das cadeias de abastecimento globais de equipamentos de proteção. • bbc.com
🇮🇱 Ministro da Defesa israelita rejeita retomar ajuda humanitária a Gaza, defendendo que isso reduz o controlo do Hamas. Israel manterá tropas nas "zonas de segurança" em Gaza, Líbano e Síria, territórios ocupados após ofensivas que já causaram pelo menos 51 mil mortes. • 24.sapo.pt
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RELEMBRANDO
Não lemos todas as newsletters todos os dias, naturalmente… Podem ter-lhe escapado estes assuntos:
[2.53] 🇪🇺 🔫 UE já entregou dois terços das munições prometidas à Ucrânia. Os 40.000 milhões prometidos para este ano são o dobro do ano passado. Os países da União com fronteira com a Rússia queixam-se de ser insuficiente, enquanto a ocidente se critica o gasto.
[E.17] Legislativas 2025: as trocas a Norte, com o CH a irromper também no eleitorado da direita. Nos círculos a Norte, PS resiste em Viana; o CH engoliu em massa o voto de protesto, mas entra também no eleitorado da AD, à qual pode tirar um mandato em Bragança. Segundo Especial Legislativas 2025.
[E.16] Quem pode ganhar (e perder) mandatos nas Legislativas 2025. No primeiro especial Legislativas 2025 "voamos" sobre três círculos eleitorais que elegem 10% dos deputados. Radiografias dos círculos, que partidos estão mais perto de eleger, quais estarão em risco