[2.19] ⚖️ 🏛️ Justiça começa novo ano: PGR alerta para falta de recursos e apresenta estratégia de recuperação
Ano judicial arranca com novo Procurador-Geral e nova Ministra da Justiça, mas problemas velhos. É essencial ter mais dinheiro, melhorar o parque informático e contratar oficiais de justiça.
Neste início do ano o esforço para terminar o número especial sobre o fact-checking em Portugal (ver mais abaixo) não deixou espaço para o expectável exercício das “perspetivas para o ano novo”. Vai agora, em quatro breves parágrafos.
Em 2025 a iniciativa VamoLáVer dará mais um passo de qualidade no caminho da cidadania informada: vamos escrutinar os poderes mais de perto, mais diretamente, dependendo um pouco menos daquilo que é publicado.
Este não é o tempo nem o espaço para entrar em considerações sobre o jornalismo e as grandes dificuldades com que se debatem os jornalistas que resistem. Reconhecendo o seu esforço para esclarecer o público, há aspetos deficitários dessa atividade que, de resto, estão na origem desta iniciativa. Abordei dois nos especiais sobre o viés dos colunistas de imprensa e no número deste sábado sobre a ineficácia e os equívocos do fact-checking.
Depois de um ano (VamoLáVer foi lançada em novembro de 2024) a consubstanciar as práticas fundamentais, 2025 é o tempo de procurar ir um pouco mais longe, dependendo menos do espaço mediático. Conto:
lançar projetos integrados como o escrutínio sistemático e a crítica diária ao que de mais importante produzem Governo e Parlamento na legislação
abrir aos assinantes o acesso a alguns dos agentes autónomos, dotados de inteligência artificial, que já foram, são e virão a ser usados para a produção da newsletter, além de outros serviços de recolha e sistematização de dados acrescentando-lhes valor
Até abril, quando o XXIV Governo Constitucional celebrar um ano sobre a tomada de posse, teremos o primeiro projeto — provavelmente em versão de testes já em fevereiro.
Caso tenha curiosidade ou interesse nestas ideias, terei todo o gosto em as ler: basta enviar-me um email ou responder a esta newsletter.
Nesta edição
Justiça começa novo ano: PGR alerta para falta de recursos e apresenta estratégia de recuperação
Nota do editor: Montenegro quase morto no deserto e o país aqui tão perto
A triste realidade do fact-checking
Extrema-direita austríaca avança para acordo governamental
Despedimentos “silenciosos” em Portugal: BE apresenta medidas de emergência
Desperdício mundial anual de 200 mil milhões em materiais recicláveis
Governo espanhol anuncia plano radical para combater crise habitacional
Chaves para compreender a complexa situação socio-económica da Venezuela no terceiro mandato de Maduro
Europa à deriva, síntese do artigo de Idafe Martín
E a fechar um conjunto de breves, com destaque para novo aviso do Tribunal de Contas sobre a baixa execução orçamental.
Nota: é provável que na leitura por e-mail este artigo surja cortado no final. Alguns leitores de correio eletrónico cortam as mensagens que consideram demasiado extensas. Se for o caso, no final estará o botão para ler o resto no site.
ATUALIDADE
⚖️ 🏛️ Justiça começa novo ano: PGR alerta para falta de recursos e apresenta estratégia de recuperação
A notícia - Na abertura do ano judicial, o procurador-geral da República, Amadeu Guerra, apresentou um discurso crítico sobre o estado atual da justiça em Portugal. No primeiro discurso desde a tomada de posse há três meses, o procurador-geral destacou três problemas principais: a falta de autonomia financeira da PGR, a escassez de oficiais de justiça, e a necessidade de uma nova estratégia para recuperação de ativos. O evento decorreu no Salão Nobre do Supremo Tribunal de Justiça, em Lisboa, contando com a presença de várias figuras importantes do sistema judicial e político português.
Autonomia financeira da PGR - A Procuradoria-Geral da República enfrenta limitações significativas devido à falta de autonomia financeira, dependendo do IGFEJ e da DGAJ, entidades tuteladas pelo Ministério da Justiça, para aceder a fundos comunitários e implementar melhorias tecnológicas necessárias.
Crise nos recursos humanos - A carência de oficiais de justiça representa um dos maiores constrangimentos atuais, com protestos silenciosos organizados pelo Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ) e Sindicato dos Oficiais de Justiça (SOJ). Mesmo o concurso em curso para 750 novos profissionais não será suficiente para colmatar as necessidades.
Nova estratégia de recuperação de ativos - Foi apresentada uma nova estratégia para a recuperação de ativos do crime económico-financeiro, desenvolvida em colaboração com a Polícia Judiciária. O objetivo é agilizar a venda de bens apreendidos para evitar a sua desvalorização.
Fonte: 24.sapo.pt
Relacionada
⚖️ A bastonária da Ordem dos Advogados sublinha a importância de ouvir os operadores judiciários e garantir condições dignas para o exercício das suas funções. Maria Fernanda de Almeida Pinheiro destaca a necessidade de recursos adequados e respeito pelo papel da advocacia, apelando ao governo durante a abertura do ano judicial em Lisboa. • rr.sapo.pt
NOTA DO EDITOR
Montenegro quase morto no deserto e o país aqui tão perto
(Quem conhece a obra de Sérgio Godinho sorrirá do título, quem não conhece “lê” outro, mas vai a tempo de ouvir um dos melhores poetas e autores da música portuguesa.)
Luís Montenegro reagiu às manifestações de sábado passado de uma forma que o próprio terá considerado brilhante ou pelo menos inspirada, falando para os seus num contexto partidário com o olho nas autárquicas.
Não costumo dar grande atenção ao que governantes dizem nestas ações partidárias internas de fim de semana, que é quando têm tempo. Respeito-os pela dedicação, obrigado, mas não sou um alvo partidário. Todavia, esta merece a melhor atenção do cidadão. Porquê?
Porque disse que as duas manifestações eram produto dos extremos. "Num dia onde os extremos erguem cada um a sua bandeira em contraponto, em conflito aberto para o outro, nós somos o elemento aglutinador, de confluência, de moderação", afirmou um Primeiro Ministro sorridente para a plateia e as câmaras.
Ou seja: ficámos a saber que para Luís Montenegro uma ação da extrema-direita a favor do endurecimento das cargas policiais e do declarado incumprimento das leis, convocada e liderada pelo chefe do partido de extrema-direita, que reuniu apenas gente do seu partido extremista, é igual a uma ação de cidadãos contra as intervenções policiais injustas e mal conduzidas, em defesa dos direitos vigentes, convocada por um grupo de cidadãos e associações à qual se juntaram PS, Livre e PAN, e também BE e PCP, entre inúmeros cidadãos de todas as sensibilidades políticas com ou sem proeminência pública.
Luís Montenegro, Primeiro Ministro e presidente do PSD, não se quis misturar nem com o “encostem-nos à parede”, frase de guerra de uma manifestação, nem com “nem menos, nem mais, direitos iguais”, frase de combate da outra.
Ou seja: “direitos iguais”, para Luís Montenegro, é um extremismo.
Ou seja: “encostem-nos à parede”, para Luís Montenegro, é apenas uma frase sem consequências.
É bom saber com o que contamos.
O que contamos é com um Primeiro Ministro que gradualmente (este não é o primeiro disparate que diz com aquele sorriso que ninguém descodifica) se afasta do centro habitado pelas pessoas que, tendo ou não votado no programa dele, querem uma governação dentro dos princípios democráticos e de equilíbrio e justiça, e caminha sozinho para dentro de um deserto. Nem os seus o acompanham. Porque os seus — quero eu crer — não consideram que “direitos iguais” sejam uma posição extremista. A grande maioria dos seus — a começar pela sua Ministra da Justiça — tem noção.
O parágrafo acima é o da pessoa bem educada e otimista. Uma pessoa mais lúcida entenderá que a posição de Montenegro implicitamente o coloca mais perto do “encostem-nos à parede” e mais longe dos “direitos iguais”. Numa variante do truque de prestidigitação do “não é não” com que já levou o país no bico, dizendo uma coisa e fazendo outra (o CH determina mais as políticas do Governo que o parceiro de coligação que se reivindica legítimo porque lhe deu a vitória por dois deputados usando o método de Hondt, o CDS, e o parceiro de coligação folclórico, o PPM), Montenegro aproxima cada vez mais o PSD da extrema-direita.
Duvido que por convicção. Montenegro é pessoa de seguir os ventos dominantes. E quem os sopra é Ventura. Mas esse ao menos não mente: não se proclama como “o elemento aglutinador, de confluência, de moderação”. Esse ao menos diz diretamente ao que vem: destruir este estado de direito.
Fecho esta nota com uma oportuna citação de Daniel Oliveira:
Ao dizer que saíram à rua dois extremos, Montenegro apenas nos diz que desistiu dos moderados que discordam dele. O presidente da Conferência Episcopal disse que manifestação contra racismo é um ato de não resignação. Estiveram presentes inúmeras figuras de todas as áreas do PS e de toda a esquerda e muita gente da direita moderada ou sem qualquer simpatia partidária. Quando Montenegro acha que toda esta gente é radical, é provável que o radical seja ele. Nem que seja por oportunismo.
A triste realidade do fact-checking
Como foram produzidas nos últimos dez anos, as verificações de factos publicadas pelos três operadores portugueses não cumpriram o que o setor prometeu às democracias. Essa é uma das conclusões do estudo VamoLáVer, que analisou o teor dos quase 13.000 artigos de fact-checking publicados no domínio português da Internet.
O estudo foi publicado este sábado (2025/01/11); estou a recordá-lo agora para benefício dos assinantes aos quais tenha escapado — como sabemos, não lemos todas as edições das newsletters que recebemos e até este momento em que escrevo a taxa de abertura dessa edição especial vai nos 44%. Isto é: em números redondos metade dos assinantes não deu por ela, por alguma razão (e temos tantas!).
Numa curta síntese: mais de 80% das verificações incidiram sobre o que disseram cidadãos “anónimos” nas redes sociais. Não cuidaram os verificadores de nos dizer se eram contas falsas, a soldo de partidos, empresas, think-tanks ou interesses, claros os obscuros. Como estavam a trabalhar pagos por terceiros, maioritariamente a Meta, não é ao público que têm de prestar contas. Mas é ao público que afirmam que o que fazem é essencial para combater a disseminação de falsidades. Da análise ao trabalho produzido, não se vislumbra como é isso feito.
Nas conclusões aludo à esperança de que, uma vez seca a fonte de rendimento que desviou tantos recursos valiosos — e tão mais valiosos quanto mais escassos são — dos jornais, estes possam concentrar-se na investigação, exposição e denúncia das vozes e das empresas responsáveis pela disseminação de mentiras com o intuito da propaganda — há bons exemplos a seguir, como aqui sugere Margaret Sullivan, antiga “public editor” do New York Times — ou seja, editora do fact-checking valioso, que é o interno e antes da publicação (ante hoc).
Pela nossa análise, são tendencialmente falsas aproximadamente duas em cada três “afirmações” (não é sequer claro o que foi verificado) da amálgama de cidadãos, contas falsas, etc que não se conseguem identificar como políticos.
No polo oposto estão os políticos: são tendencialmente verdadeiras duas em cada três claims feitas por eles.
Para além destas conclusões gerais que atestam a pobreza da atividade (novamente: na perspetiva do interesse público, não apurei se há, nem quais são, conclusões das entidades privadas que financiaram o grosso do fact-checking), conseguimos, no meio do caos, encontrar alguns números que podem ter leituras úteis.
Top 20: António Costa é de longe o mais verificado
A lista do top 20 dos mais verificados — os alvos favoritos dos verificadores — é muito curiosa, to say the least. É normal a posição de António Costa: foi Primeiro Ministro em oito dos dez anos de fact-checking.
É também normal que nomes já fora do dia a dia governamental apareçam nela, como Fernando Medina ou João Galamba.
Todos os dados em
🇦🇹 Extrema-direita austríaca avança para acordo governamental
A notícia - Herbert Kickl, líder do Partido da Liberdade (extrema-direita), e o Partido Popular Austríaco chegaram a um acordo preliminar para reduzir o défice orçamental, num passo crucial para formar o primeiro governo liderado pela extrema-direita na Áustria desde a Segunda Guerra Mundial. O acordo prevê uma poupança de 6,3 mil milhões de euros em 2024, visando manter o défice abaixo dos 3% exigidos pelas regras da União Europeia.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Alexander Schallenberg, assumiu interinamente o cargo de chanceler após a demissão de Karl Nehammer, que não conseguiu formar governo com outros partidos mainstream.
O acordo prevê poupanças sem novos impostos, focando-se no combate a lacunas fiscais e privilégios de grandes empresas, bem como na redução de subsídios e custos ministeriais.
O ministro dos Negócios Estrangeiros viajou para Bruxelas para tranquilizar os responsáveis da UE quanto ao compromisso austríaco com o projeto europeu, face à perspetiva de um governo liderado pelo eurocético Partido da Liberdade.
As negociações para formar governo podem ainda demorar semanas ou meses, não estando garantido o seu sucesso, especialmente considerando as posições pró-Rússia e anti-imigração do partido de Kickl.
Fonte: apnews.com
Relacionada
🇪🇺 O líder interino da Áustria, Alexander Schallenberg, está em Bruxelas para tranquilizar a UE sobre a possível ascensão de Herbert Kickl. Mesmo que Kickl se torne chanceler, o seu poder será limitado por um acordo de coligação com o ÖVP e diretrizes do Presidente Van der Bellen. • politico.eu
🚨 Despedimentos “silenciosos” em Portugal: BE apresenta medidas de emergência
A notícia - Mariana Mortágua, coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), apresentou um conjunto de medidas de emergência para combater a crescente vaga de despedimentos coletivos em Portugal. Em conferência de imprensa, destacou que, segundo dados da Direção-Geral do Emprego e das Relações do Trabalho, os despedimentos coletivos aumentaram 40% em 2024, afetando setores como a indústria automóvel e têxtil. O BE propõe a reversão de algumas medidas da troika, incluindo a reposição das compensações por despedimento e dos subsídios de desemprego aos níveis pré-troika.
Crítica ao governo - Mortágua acusou o governo de promover a especulação imobiliária e de negligenciar a indústria nacional, apostando excessivamente no turismo e na privatização de serviços públicos.
Plano de emergência regional - O BE propõe um plano de emergência para regiões mais afetadas, como o parque da Autoeuropa em Setúbal, com reforço da fiscalização e políticas de emprego e formação profissional.
Ação no Parlamento Europeu - A eurodeputada Catarina Martins vai propor um debate no Parlamento Europeu sobre os despedimentos coletivos, visando impedir apoios a empresas lucrativas que realizem tais despedimentos.
Fonte: observador.pt
♻️ 💶 Desperdício anual de 200 mil milhões em materiais recicláveis
A notícia - Um estudo da Boston Consulting Group (BCG) revela que cerca de 200 mil milhões de euros em materiais recicláveis são desperdiçados anualmente, com o cobre (68 mil milhões) e o plástico (48 mil milhões) a representarem mais de metade deste valor. O relatório "Circularity's Time Has Come" indica que apenas 7,2% dos materiais produzidos em 2023 tiveram origem em fontes circulares, uma diminuição de 1,9 pontos percentuais face a 2018.
A consultora alerta que a extração de matérias-primas poderá aumentar para 167 gigatoneladas em 2060, comparativamente às 96 registadas no início do milénio, prevendo-se que a procura por aço, cobre e alumínio ultrapasse a oferta já em 2030.
A União Europeia promove a reciclagem através de regulamentação que limita exportações de resíduos para países não-OCDE e disponibiliza fundos significativos através do Green Deal Industrial Plan (370 mil milhões) e do Circular Economy Action Plan (48 mil milhões).
O mercado global de reciclagem de resíduos atingiu 58 mil milhões de euros em 2023, com um crescimento anual de 4 a 5%, necessitando de um investimento superior a dois biliões de dólares até 2040, dos quais 57% devem ser direcionados para inovações tecnológicas.
As empresas devem garantir um fornecimento estável de material desperdiçado, evitar a fragmentação dos resíduos na fonte, apostar em tecnologias inovadoras e incluir a circularidade no planeamento estratégico, segundo Carlos Elavai, diretor da BCG em Lisboa.
Fonte: 24.sapo.pt
🏘️ 🏗️ Governo espanhol anuncia plano radical para combater crise habitacional
A notícia - O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, apresentou esta segunda-feira um ambicioso plano com 12 medidas para enfrentar a crise habitacional em Espanha. O plano inclui uma intervenção significativa no mercado imobiliário e benefícios fiscais que podem chegar aos 100% para proprietários que disponibilizem imóveis a preços acessíveis. A iniciativa surge como resposta aos cerca de 4 milhões de casas vazias existentes no país e pretende contrariar a resistência das comunidades autónomas governadas pelo Partido Popular (PP) em aplicar a lei da habitação.
O programa prevê a criação de um sistema de garantias públicas para proteger tanto proprietários como inquilinos que participem no mercado de arrendamento acessível, além de incluir um novo programa de reabilitação de habitações destinadas ao arrendamento.
Oposição ao modelo do PP - O presidente do governo criticou fortemente o modelo proposto pelo PP, afirmando que este representa um retorno às políticas que levaram à bolha imobiliária. Recordou que na última crise, o resgate ao sistema financeiro custou aos cidadãos 60 mil milhões de euros.
Habitação pública permanente - Uma das medidas mais significativas é que a habitação pública construída pelo Estado manterá permanentemente esse estatuto, não podendo ser vendida no mercado livre. Atualmente, Espanha tem apenas 2,5% de habitação pública, em comparação com 14% em França e 34% nos Países Baixos.
Expansão do parque habitacional público - O governo já transferiu mais de 3.300 habitações e quase 2 milhões de metros quadrados de solo residencial para uma empresa pública recentemente criada. Adicionalmente, serão incorporadas 13.000 habitações da Sareb de forma imediata e mais 17.000 posteriormente.
Fonte: elpais.com
Relacionada
🏠 Sumar observa uma "mudança de tom" no discurso do PSOE sobre habitação, mas insiste na intervenção do mercado. O porta-voz Ernest Urtasun destaca que o PSOE reconhece a necessidade de regulação no mercado de arrendamento. O Podemos critica as medidas de Pedro Sánchez, alertando para riscos potenciais. • publico.es
Chaves para compreender a complexa situação socio-económica da Venezuela no terceiro mandato de Maduro
Nicolás Maduro inicia o seu terceiro mandato como presidente da Venezuela numa fase marcada pela complexa situação socio-económica que o país enfrenta.
Nos últimos três anos, a Venezuela tem tentado recuperar de uma contração económica sem precedentes, que se consolidou durante a década anterior e que continua a causar estragos na sociedade venezuelana.
Entre 2014 e 2020, sob a liderança de Maduro, a economia contraiu-se mais de 80% devido à nacionalização de empresas.
A pobreza duplicou, atingindo 80% da população.
Os Estados Unidos começaram a aplicar sanções em 2016, o que dificultou a recuperação da indústria petrolífera por parte de Maduro.
Em 2019, o país foi assolado por uma hiper-inflação que alcançou a vertiginosa marca de 9.500%.
E qual é a situação actual?
Em 2020, o governo de Maduro aceitou afastar-se do programa económico chavista e impulsionar algumas reformas próprias da economia de mercado. Contudo, a modesta recuperação económica dos últimos anos não consegue disfarçar o profundo problema socioeconómico da Venezuela:
a sua estrutura produtiva está arruinada, milhões de pessoas continuam a emigrar, e o país apresenta os níveis mais altos de pobreza, além dos salários mais baixos e desiguais da região.
Fonte: El País
🚢 😟 Europa à deriva
O mundo unipolar liderado pelos EUA acabou, deixando a Europa sem o seu habitual aliado de segurança.
O regresso de Donald Trump à presidência dos EUA aumenta a instabilidade global, com a possibilidade de ações unilaterais e expansionistas.
Resumo do artigo de Idafe Martín em La Matinale Europea
Durante séculos, a Europa beneficiou do apoio dos impérios mundiais e, mais recentemente, da proteção dos Estados Unidos. Contudo, esta realidade mudou. A Europa encontra-se agora numa posição vulnerável, com a crescente incerteza relativamente ao futuro das relações transatlânticas. O fim da Guerra Fria e a consequente redução dos gastos militares europeus deixaram o continente numa posição de fragilidade. A eleição de Donald Trump, com as suas políticas isolacionistas e expansionistas, agrava a situação.
A possível anexação da Gronelândia pelos Estados Unidos levanta sérias questões sobre a capacidade de resposta da Europa e da OTAN. Apesar da cláusula de defesa mútua da União Europeia, a ausência de um mecanismo de resposta a um conflito com o seu principal aliado é alarmante. A falta de unidade entre os Estados-membros, o Brexit e o crescente número de líderes pró-Trump na Europa complicam ainda mais o cenário.
Este cenário coloca o mundo numa nova fase, onde a lei do mais forte pode prevalecer, encorajando outras potências como a Rússia e a China a agir de forma semelhante. A Europa, dividida e enfraquecida, parece caminhar sonâmbula, sem perceber a gravidade da situação. O risco de uma ação militar dos EUA contra um território europeu, antes impensável, tornou-se uma possibilidade real, deixando a Europa isolada e impreparada para enfrentar este novo desafio.
Portugal
🇲🇿 Portugal envia ministro Paulo Rangel a Moçambique para a tomada de posse do novo presidente, quebrando a tradição de enviar o Presidente da República. A decisão surge num contexto de contestação aos resultados eleitorais de outubro, com outros países da CPLP e UE optando também por representação diplomática de menor nível. • publico.pt
🗳️ Mariana Mortágua defende uma candidatura forte à esquerda. A coordenadora do BE critica Gouveia e Melo por dar prioridade à militarização sobre a saúde e a educação. Sublinha a importância de uma candidatura que contraponha estas ideias nas eleições presidenciais de 2026. • 24.sapo.pt
📊 O Tribunal de Contas alertou para a baixa execução orçamental. A Lei de Programação de Infraestruturas e Equipamentos das Forças e Serviços de Segurança registou uma queda na execução de 41% em 2021 para 14% em 2023, apesar de o novo decreto-lei 2022-2026 contemplar 607 milhões de euros em investimentos. • 24.sapo.pt
👮 A PSP iniciou hoje a operação "Sim à Diferença" nas escolas básicas e secundárias, com ações de sensibilização para prevenir discriminação e crimes de ódio. A iniciativa, que decorre até 24 de janeiro no âmbito do Programa Escola Segura, visa alertar jovens sobre atos discriminatórios e disponibiliza um canal de denúncia através do endereço eletrónico escolasegura@psp.pt. • 24.sapo.pt
⚖️ O Presidente da Assembleia da República vai convocar reunião sobre o futuro da justiça em fevereiro, com todos os agentes do setor. Aguiar-Branco pretende obter dez propostas simples para uma revolução na Justiça, focando a digitalização de processos e a definição de prazos processuais razoáveis. • publico.pt
União Europeia
🇪🇺 A Comissão Europeia negou ter encoberto o estado de saúde de Ursula von der Leyen, hospitalizada com pneumonia grave. Aos 66 anos, von der Leyen cancelou compromissos em Lisboa e na Polónia. A falta de detalhes sobre a sua condição levantou questões sobre a transparência no executivo da UE. • apnews.com
🇫🇷 Desde 6 de janeiro, socialistas, ecologistas e comunistas negoceiam com o governo francês sobre o orçamento, exigindo aumento do salário mínimo e justiça fiscal. A reforma das pensões é um ponto crucial, com os Verdes a pedirem a sua abolição e os socialistas a sua suspensão. Gérard Larcher e Laurent Wauquiez, dos Republicanos, opõem-se a mudanças sem financiamento. • liberation.fr
🇩🇪 Alice Weidel foi eleita candidata a chanceler pelo AfD. O partido enfrenta divisões internas. Apesar de estar em segundo lugar nas sondagens com 21%, o AfD não tem parceiros de coligação. A reforma da ala jovem do partido foi aprovada por uma margem estreita de 71%. • euractiv.com
🗳️ O presidente croata Zoran Milanovic foi reeleito ontem com uma vitória histórica de 74% dos votos contra 26% do conservador Dragan Primorac. Esta é a maior vitória presidencial desde a independência da Croácia em 1991, com o apoio do Partido Social-Democrata e nove partidos menores. • cnnportugal.iol.pt
Economia
📈 Os novos sinais de força da economia norte-americana aumentaram as taxas de juro da dívida pública nos EUA e na Europa. A Reserva Federal é menos propensa a baixar as taxas de juro devido à inflação persistente e ao desempenho económico positivo, além das expectativas de aumento das taxas alfandegárias por Donald Trump. • publico.pt
🌍 As economias africanas deverão crescer 3,7% este ano e 4% em 2026, segundo a UNDESA. Este crescimento é impulsionado pela melhoria das condições globais, mas enfrenta riscos como desenvolvimentos geopolíticos e preços alimentares elevados. O relatório destaca que a dívida continua a ser um problema central para estas economias. • rtp.pt
🚗 As vendas mundiais do grupo Mercedes-Benz caíram 4% em 2024, totalizando 2.389.000 unidades, devido a um mercado global desafiador. A China foi o principal destino, com 683.600 unidades, uma queda de 7% em relação a 2023. Nos EUA, as vendas aumentaram 9%, enquanto na Alemanha caíram 9%. • 24.sapo.pt
🏠 As rendas habitacionais em Portugal cresceram quase 7% em 2024, registando o maior aumento dos últimos 30 anos. O valor por metro quadrado manteve uma variação superior a 7% durante nove meses consecutivos, prolongando uma tendência de aceleração que começou em 2022. • publico.pt
Mundo
☢️ Irão e países europeus reúnem-se na Suíça para discutir o programa nuclear iraniano, uma semana antes da tomada de posse de Trump. O Irão é o único Estado não nuclear a enriquecer urânio a 60%, próximo dos 90% necessários para fabricar armas atómicas, segundo a AIEA. • lefigaro.fr
🤝 Putin e o Presidente iraniano Masoud Pezeshkian vão assinar acordo estratégico em Moscovo na próxima sexta-feira. O pacto visa expandir o comércio e cooperação em várias áreas, num momento em que o Irão procura armamento russo sofisticado e enfrenta pressões no Médio Oriente após o colapso do acordo nuclear de 2015. • apnews.com
🇲🇿 A nova presidente da Assembleia da República de Moçambique defende um parlamento inclusivo para enfrentar a crise pós-eleitoral. Margarida Talapa foi eleita presidente, enquanto a Renamo e o Movimento Democrático boicotaram a cerimónia, contestando as eleições de 9 de outubro. Talapa enfatiza a importância do diálogo e da participação ativa dos deputados. • 24.sapo.pt