[1.56] Ativistas do clima acabam na esquadra; ambiente está em declínio (por toda a Europa)
Em flagrante contraste com os agricultores, os ativistas do clima são denegridos. A única resposta que a democracia tem para eles é a . E o Parlamento Europeu terá menos 10 eurodeputados verdes.
Nesta edição:
Política ambiental está em declínio
Como contribuir para melhorar a VamoLáVer
Laços entre árabes e Israel perduram apesar da guerra em Gaza
Novas taxas de IRS aprovadas hoje pelo Governo
ATUALIDADE
🇵🇹 😠 Ativistas do clima acabam na esquadra; política ambiental está em declínio
Protesto no Ministério do Ambiente com "sit in" e bloqueio da entrada
10 jovens detidos após ocupação e vandalismo com tinta na fachada
Grupo dos Verdes é o que mais perderá na eleições europeias
políticas ambientais em declínio, tal como preocupação dos cidadãos
A notícia
Um grupo de estudantes do movimento “Fim ao Fóssil” realizou hoje um protesto no Ministério do Ambiente, exigindo o fim dos combustíveis fósseis até 2030. Os jovens ocuparam o átrio do edifício, sentados no chão e unidos por tubos metálicos, enquanto outros bloquearam a entrada no exterior.
Segundo o Ministério, os ativistas entraram esta manhã nas instalações e atiraram tinta à fachada. A PSP interveio rapidamente, retirando os jovens do edifício e detendo 10 deles, que aguardam agora interrogatório judicial. Entre os identificados encontrava-se um menor de 15 anos.
Os estudantes afirmam que o governo continua sem um plano para garantir o fim dos combustíveis fósseis nos prazos da ciência. Apresentaram uma proposta que visa reduzir as emissões nacionais de gases com efeito de estufa em 80-90% e criar 200 a 250 mil novos postos de trabalho.
Porque interessa
Apesar deste movimento ter já mais de dois anos de atividade e uma estrutura que lhe permite programar e anunciar eventos, continua a ser considerado como marginal, as suas reivindicações não são escutadas e as suas ações acabam invariavelmente com detenções e interrogatórios.
Não é apenas a agenda mediática que sistematicamente denigre estes grupos de cidadãos usando diversos expedientes, a começar pela idade — e num contraste absoluto com outros grupos sociais até de menor expressão numérica, como os agricultores, que recebem tratamento oposto. É também a opinião pública — ambas a puxar os policy makers para o retrocesso nas políticas ambientais.
Nas preocupações dos cidadãos, as políticas ambientais estão em queda. No mais recente Eurobarómetro, a ação contra as mudanças climáticas aparece um quinto lugar, com 27% de respostas, atrás da pobreza e exclusão, saúde pública, economia emprego, e defesa e segurança da União. O ambiente de guerra, em especial, veio provocar a secundarização dos temas ambientais na agenda política.
Como consequência (ou como causa?), a família de partidos Verdes tem a projeção da maior perda percentual de lugares, entre todos os grupos partidários, nas eleições de Junho próximo para o Parlamento Europeu. Os Verdes terão entre 43 e 57 eurodeputados, de acordo com a última projeção, perdendo dez lugares — na melhor das hipóteses — face aos 67 eleitos em 2019.
Portugal perderá o seu eurodeputado “verde”, eleito em 2019 pelo PAN. Agravante: os partidos portugueses com algum tipo de agenda ambiental perderão cinco eurodeputados para os partidos da direita que se opõem a essa agenda (CH) ou a negligenciam (IL).
Este retrocesso só não é mais grave porque os dois principais grupos partidários, PPE (PSD e CDS) e S&D (PS), têm compromissos com a agenda ambiental. Não estando na primeira linha das suas narrativas, pelo menos as políticas já traçadas pela União, e em marcha, deverão ser para manter, ainda que com as limitações devidas à agenda da defesa e à agenda da agricultura. Importante para o “verde” é o alinhamento com as ambições em matéria tecnológica.
Reagindo no sentido contrário à necessidade de mudanças na União avançada nos últimos dias por diversas vozes (ler na última VamoLáVer “Europa deve sofrer “mudança radical” para se manter competitiva, diz Draghi”), a Comissária Europeia para a Concorrência, Margrethe Vestager, deixou claro: “ao contrário do que possamos ouvir, a Europa não precisa de se reinventar, precisa de voltar ao básico: remover barreiras, fazer cumprir as regras existentes. E isto leva-me à segunda aprendizagem de hoje: não precisamos de uma nova estratégia industrial, porque já temos uma. Chama-se a dupla transição digital e verde. A nossa mudança tecnológica para emissões líquidas zero é a nossa estratégia industrial. É o que impulsiona a nossa competitividade. Não há transição verde sem tecnologia. E a nossa capacidade de fazer uma servir a outra decidirá o quão bem-sucedidos seremos na próxima década.”
Fonte da notícia: tsf.pt
Discurso de Margrethe Vestager: "Check against delivery"
Recomendado: O negacionismo climático é o maior ataque à Democracia, por Catarina Bio, Estudante de Direito e ativista da Greve Climática Estudantil
Como contribuir para melhorar a VamoLáVer
Desde há uma semana — isto é, desde o dia 12 de abril —, o leitor que decidir apoiar VamoLáVer, pelas razões que entender e durante o tempo que desejar, tem a faculdade de contribuir para as despesas.
(Com pressa? Salte a explicação dos próximos seis parágrafos até ao subtítulo E aqui entra o leitor.)
A newsletter passou a dispor também da opção de subscrição paga. O que quer isto dizer? Já explico. Em primeiro lugar, quero deixar bem claro que a newsletter VamoLáVer continuará, como sempre foi dito, a ser totalmente gratuita.
VamoLáVer define-se como um exercício de cidadania informada. Isto quer dizer que é um exercício pessoal, em primeiro lugar, e feito no âmbito da minha cidadania, do meu interesse pela coisa pública. É uma forma de participar na vida coletiva: uso o meu tempo livre, o meu treino de antigo jornalista (foram mais de 30 anos…) e os meus parcos conhecimentos de programação, análise de dados e uso de sistemas de inteligência artificial para dar o meu contributo cívico.
Ou seja: produzir a newsletter não é uma atividade profissional, muito menos um empreendimento orientado ao lucro.
Desde a sua génese no ano passado, com o registo do domínio vamolaver.com em 22 de junho de 2023, até hoje, passando pelo lançamento do primeiro número experimental no dia 2 de novembro, as despesas do projeto foram suportadas na totalidade por mim.
Na página de apresentação lê-se: “sei para onde quero dirigir o projeto Vamoláver. O que não sei é se ele chega lá. Isso agora depende de si”.
O êxito que a newsletter vem registando nestes primeiros cinco meses só tem uma leitura: estamos a ir na direção certa. O que, claro, é recompensador. Mas é também um desafio. Gostava de fazer melhor, sei que o posso fazer e sei como o fazer.
Vamos lá ver: fazer uma melhor newsletter implica, entre outras coisas, aumentar as despesas. Que até agora se dividem por três “centros de custos” principais:
processamento de informação — servidor informático e base de dados
fontes de informação — meios de comunicação e outras fontes que são de assinatura
language models — para abreviar, os serviços de inteligência artificial generativa usados na produção da newsletter e no processamento de informação
O primeiro deverá manter-se na mesma. A ambição está no aumento do segundo e terceiro: precisamos de mais fontes de qualidade e de bastante mais uso de IA.
Estudei dois modelos. Abandonei a publicidade para manter o projeto no seu eixo: é um exercício de cidadania, não é uma atividade profissional, nem um empreendimento comercial. Optei pelo apoio direto dos leitores, os co-beneficiários deste exercício.
A forma mais simples que encontrei para permitir esse apoio foi usar a própria plataforma da newsletter: a Substack (como todas as outras) fornece o serviço de subscrição paga, mediante uma comissão.
E aqui entra o leitor
E assim chegámos a este ponto: a partir de agora, o leitor que decidir dar esse apoio, pelas razões que entender e durante o tempo que desejar, tem a capacidade de contribuir para as despesas. Faço notar que alguns já o fazem, usando a faculdade do “pledge”, ou compromisso, que antecedeu a abertura da subscrição paga. A maioria dos “pledgers” converteu-se em apoiante no mesmo dia em que a newsletter passou a aceitar as subscrições pagas. (E enquanto editava este número acolhemos, com satisfação, mais um subscrição paga!)
Basta usar o botão no final da newsletter, que o levará à página onde pode converter a subscrição gratuita em paga.
As opções de plano são: mensal (5€ por mês), anual (50€ por ano) e membro fundador (qualquer valor acima de 50€).
Quais as vantagens do apoiante?
Desde o primeiro momento que se estabeleceu que a newsletter seria sempre de acesso gratuito. Ou seja, subscrevê-la não implica nenhum tipo de custo.
Com a subscrição paga os apoiantes terão, não uma newsletter diferente dos outros, mas três outras vantagens:
a satisfação de se envolverem um pouco mais no exercício de cidadania, contribuindo para melhorar a newsletter de acesso generalizado
acesso a um ou dois artigos especiais por mês (um já em gestação é uma análise aos fact-checkers portugueses que poderá tornar-se periódica)
acesso futuro a funcionalidades “inteligentes” e pesquisas especiais (mais sobre isto noutra altura).
🇮🇱 😔 Laços entre árabes e Israel perduram apesar da guerra em Gaza
Interesses económicos levam estados árabes a manter relações com Israel
A opinião pública permanece hostil, mas os líderes dão prioridade ao pragmatismo
Jordânia, Egito e Emirados Árabes Unidos dependem de Israel para água, energia e comércio. A Jordânia importa água e gás natural essenciais, enquanto o Egito reexporta gás israelita para a Europa. Os Emirados Árabes Unidos procuram tecnologia e armas israelitas.
Apesar da imensa pressão pública, os líderes árabes tomaram ações concretas limitadas contra Israel durante a guerra em Gaza. Os imperativos económicos enfrentam fortes ventos contrários, mas a realpolitik prevalece por enquanto.
Os negócios entre Israel e os países árabes continuam a ser um assunto de elite, com acordos governamentais e empresas afiliadas ao estado a dominar. Os laços entre as pessoas são tépidos, com turismo unilateral de Israel para os estados árabes.
Os Emirados Árabes Unidos, por exemplo, têm visto um arrefecimento da sua opinião pública face aos israelitas por causa da guerra em Gaza, mas desde os Acordos de Abraão (2020) que se tornaram um importante comprador do armamento produzido por Israel.
Fonte: foreignpolicy.com
Novas taxas de IRS aprovadas hoje
🇵🇹 O Conselho de Ministros aprovou hoje a proposta de lei que prevê uma redução das taxas de IRS até ao 8º escalão, representando uma diminuição de 1.539 milhões de euros face ao ano anterior. A proposta será agora enviada para a Assembleia da República para discussão e votação. • rtp.pt
🇵🇹 No primeiro escalão, a taxa de IRS baixa dos actuais 13,25% para 13%, enquanto no segundo em vez de serem tributados a 18%, ficam com uma taxa de 17,5%. As taxas do primeiro ao quinto escalões já tinham sido desagravadas pelo anterior executivo e voltam a ser reduzidas, assim como as do sexto, sétimo e oitavo. • publico.pt
🇵🇹 O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, criticou a proposta de alívio fiscal do Governo PSD/CDS, considerando que os ganhos para os portugueses serão apenas "residuais" e beneficiarão principalmente quem tem melhores rendimentos. Acusou ainda o executivo de "truques" e "enganos", apelando a uma análise cuidadosa das medidas apresentadas. • cnnportugal.iol.pt
Portugal
🇵🇹 No prefácio do livro "Palavras escritas", António Costa afirma que a direita procurava freneticamente um pretexto para a dissolução do Parlamento. O ex-primeiro-ministro considera que "a ocasião fez a decisão" de Marcelo Rebelo de Sousa antecipar as eleições, numa alusão à Operação Influencer, que levou à sua demissão em novembro. • publico.pt
🇵🇹 O Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP) propôs ao ministro da Educação que a devolução do tempo de serviço congelado aos professores seja feita a um ritmo de "50% ao ano", em vez dos 20% previstos no programa do Governo. André Pestana, dirigente do STOP, defendeu que o excedente orçamental permite uma devolução mais célere. • rr.sapo.pt
🇵🇹 O Governo português vai retomar a proposta de regulamentação do lóbi no país, anunciou o primeiro-ministro Luís Montenegro. O executivo está a dialogar com todos os partidos com assento parlamentar para "consensualizar linhas de ação no âmbito do combate à corrupção", um processo que já arrancou. • 24.sapo.pt
União Europeia
🇮🇨 O modelo turístico das Canárias, desenhado para estrangeiros, está a ser contestado. Com a pandemia, a chegada massiva de turistas e compradores estrangeiros acentuou-se, disparando os preços e deixando as "viviendas vacacionales" desreguladas. As Canárias têm 55.000 apartamentos turísticos recenseados, mais de metade nas mãos de grandes proprietários, sendo a segunda região europeia com mais dormidas em alojamentos turísticos no início de 2022 - 4,9 milhões. • publico.es
Economia
🇪🇺 As vendas de carros elétricos caíram 11,3% na Europa em março, em comparação com o ano anterior, devido a fatores como taxas de juro mais altas, crescimento económico mais fraco e redução de subsídios. No entanto, as vendas de veículos híbridos elétricos aumentaram 12,6%, impulsionadas pela França e Itália. O Reino Unido destaca-se como líder europeu nas vendas de carros elétricos, com um crescimento de quase 4% em março. • bloomberg.com
Mundo
🇮🇱 O ministro da Segurança Interna de Israel, Itamar Ben-Gvir, confirmou indiretamente a autoria israelita dos ataques ao Irão na última madrugada. Numa publicação no X, o ministro de extrema-direita lamentou a "debilidade" do ataque, considerando-o uma "triste e pobre resposta" ao ataque iraniano com drones e mísseis em solo israelita há dias, gerando fortes críticas internas por prejudicar a estratégia do país contra o Irão. • tsf.pt
CONVIDADO
José Vegar analisa porque cada vez mais mulheres decidem não ter filhos
Estreia nesta edição: artigos de autores convidados. O primeiro é uma análise do José Vegar, investigador, autor e professor de jornalismo, a um tema candente e de impacto profundo na condução de várias políticas, de forma transversal: a tendência, comprovada pelos dados, para a descida da taxa de fertilidade em todo o mundo. Texto abaixo, com um agradecimento ao José pela permissão de re-publicação (negritos meus), links no final.
"Não é só uma percentagem decisiva das mulheres portuguesas e dos seus companheiros ou companheiras afectivas que não quer ter filhos.
Na verdade, é uma percentagem decisiva das mulheres dos países desenvolvidos, na sua maioria ocidentais, mas incluindo também Coreia do Sul e Japão.
O jornalista especializado em dados John Burn-Murdoch, que faz um uso verdadeiramente magnífico do seu saber, conseguiu apontar, analisando todas as bases de dados existentes relacionadas com o tema, que entre 1980 e 2019 a taxa de fertilidade por mulher desceu de 1.85 para 1.53.
O contexto desta descida, para elencar apenas indicadores fundamentais, é o do aumento da riqueza dos países que mencionei, e um investimento gigantesco na maior parte destes países em políticas de apoio à fertilidade e ao nascimento.
Reforçando, a queda dos nascimentos, em alguns casos para um terço, dá-se em países com políticas consideradas muito fortes no incentivo referido, como é o caso da Finlândia, da Suécia, da Hungria ou da Alemanha.
Analisando todos os dados que recolheu, qualitativos e quantitativos, Burn-Murdoch não tem dúvidas em escrever que “a decisão de ter filhos, e quantos no caso de assim ser, tem a ver com muito mais do que dinheiro”.
Burn-Murdoch faz um bom uso da investigação disponível, concentrando-se mais nas possíveis causas a montante do falhanço das políticas de incentivo, do que nas hipotéticas razões da ineficácia destas.
A causa fundamental é obviamente a da mudança do paradigma global cultural.
As cidadãs e cidadãos dos países desenvolvidos afastam cada vez mais a hipótese de relacionamentos afectivos duradouros, sendo, olhando o tema de outro ângulo, a solidão adulta hoje considerado um problema maior.
Uma segunda causa fundamental é a mudança cultural global feminina.
A percentagem decisiva global das mulheres em países desenvolvidos considera o seu desenvolvimento pessoal e profissional como prioridades máximas.
Assim, para elas, ter filhos implica barreiras, quedas e desvalorizações pessoais, mas especialmente profissionais.
Há ainda, encontrou Burn-Murdoch, outras causas intrigantes.
Muitos homens e mulheres não querem ter filhos porque sabem que não terão capacidade financeira para lhes proporcionar uma educação académica de topo, e os seus níveis de ansiedade pessoal e profissional afastam-nos de querer adquirir aquilo que consideram mais uma preocupação, sendo esta para o resto das suas vidas.
Parece-me claro que este é um dos temas mais preocupantes que enfrentamos.
Parece-me também claro que temos tantos lados para encetar a reflexão sobre este tema.
Creio que é transparente a total erosão da influência religiosa, como o é o facto de as mulheres terem obtido independência financeira as liberta da procura do compromisso afectivo forçado por razões de sobrevivência.
Partindo de outro quadrante, tenho também uma quase total certeza de que se as entidades laborais, privadas e públicas, não forem severamente penalizadas quando prejudicam a carreira de uma profissional por esta ter um filho ou uma filha, pouco mudará.
Indo ainda por uma outra latitude, no caso de países como o nosso, se não existirem apoios, não necessariamente financeiros, acessíveis a qualquer um nos temas da habitação, da educação e da mobilidade, pouco mudará.
No que penso, o problema da reduzida taxa de fertilidade nacional e global não é apenas, sendo também, um problema que gera profunda mudança no mercado de trabalho, na sustentabilidade dos vários sistemas de obtenção de receitas do Estado, e na radical diminuição da produtividade.
É, acima de tudo o mais, um problema de extinção de raízes, pessoais, familiares, nacionais e globais.
Quando a árvore não se regenera, morre.
Burn-Murdoch termina a sua análise referindo que é “altamente improvável” que a taxa de fecundidade “volte ao nível ideal de substituição”, o mítico 2.1 por família, nos “próximos tempos”, a menos que ocorram “profundas e latas mudanças culturais e sociais”.
Penso exactamente como ele.
Texto original: José Vegar no Facebook
Artigo analisado: Why family-friendly policies don´t boost birth rates, John Burn-Murdoch no Financial Times
ETIQUETAS
Um livro
A Desobediente – Biografia de Maria Teresa Horta. Autoria: Patrícia Reis Editora: Contraponto, 2024. “A Desobediente, de Patrícia Reis: uma exemplar biografia de Maria Teresa Horta. Em boa hora, biografias de vultos maiores da nossa Cultura têm sido publicadas com regularidade, nos últimos tempos, em Portugal. São trabalhos com inegável qualidade, fruto de pesquisa e de empenho, o que valoriza bastante o estudo e dá a conhecer com maior acuidade figuras importantes da nossa História.”
Um filme
O Rapto. Realização: Marco Bellocchio Actor(es): Paolo Pierobon, Fausto Russo Alesi, Barbara Ronchi, Enea Sala. “O Rapto é um dos píncaros da arte de Marco Bellocchio. É admirável, não há melhor palavra, o empenho do octogenário Marco Bellocchio no encargo que, quase solitariamente (não parece haver outro em Itália a fazê-lo com a mesma consistência), tem assumido nestas últimas décadas: ir de frente à história italiana e aos seus fantasmas.” Luís Miguel Oliveira
Um ciclo de música antiga
Lisboa Música Antiga - Novo ciclo de música barroca, vários locais, de 18 abril a 28 abril 2024. “O ciclo de concertos Lisboa Música Antiga estreia-se a 18 de abril e propõe seis concertos de música sacra setecentista, com consagrados artistas nacionais e internacionais, trazendo às igrejas da cidade intérpretes como Ton Koopman ou Andreas Scholl. Promovido pela Divino Sospiro, orquestra barroca fundada em 2004 e com direção artística de Massimo Mazzeo, o ciclo propõe um itinerário pelos patrimónios musicais europeu e português de música sacra do séc. XVIII, em igrejas de época em Lisboa.”
OPINIÕES
Susana Peralta defende que a participação plena das mulheres no mercado de trabalho representa a conquista de um lugar na sociedade. Citando a economista Claudia Goldin, refere que esta revolução silenciosa é uma história de poder que assusta os homens mais fracos.. 🗣 publico.pt
David Pontes alerta para o desequilíbrio de poderes entre a classe política e o aparelho judicial, com consequências gravosas para a democracia. O jornalista critica a postura da Procuradoria-Geral da República face aos erros cometidos na Operação Influencer, que levou à queda de um Governo.. 🗣 publico.pt
Luís Marques critica duramente o sistema fiscal português, considerando-o ultrapassado, burocrático e prejudicial para a economia. O autor recorda ainda o falhanço da promessa eleitoral de um "choque fiscal" feita pela coligação PSD/CDS liderada por Durão Barroso, que acabou por se traduzir num aumento de impostos.. 🗣 expresso.pt
João Amaral Santos analisa o regresso de Pedro Passos Coelho à vida pública, após um longo exílio político motivado por se sentir "traído" com a formação da "geringonça" em 2015. O autor sugere que o antigo primeiro-ministro se posiciona agora como líder de uma direita "musculada", questionando se estará a preparar a sua própria "geringonça".. 🗣 visao.pt
Ana Drago critica a promessa de "choque fiscal" da Aliança Democrática (AD), argumentando que este beneficiará principalmente as grandes empresas. Ela aponta que, apesar das várias medidas de liberalização económica implementadas nas últimas décadas, Portugal continua a ter um dos níveis salariais mais baixos da Europa.. 🗣 dn.pt