[1.37] AD ou PS? Empate técnico, isto é, tudo em aberto para as eleições do próximo domingo
AD recupera um pouco mas segue com menos 1% de intenções do que votos teve em 2022. IL também tem menos 1%. A direita só cresce pelo Chega. À esquerda só perde votos o PS.
AD ou PS? Empate técnico, isto é, tudo em aberto para as eleições do próximo domingo
A semana abriu com a sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF. Que dá resultados um pouco diferentes da sondagem da Católica, como as duas já nos habituaram. De relevante, quase nada: uma pequena subida da AD, que reflete um arranque de campanha com um pouco mais de dinâmica, mas a aliança permanece teimosamente abaixo da soma dos votos obtidos há dois anos.
A IL também está abaixo do resultado de 2022, indicando das duas, uma: ou Rui Rocha não convence, ou está a funcionar, ligeiramente que seja, o voto útil no maior partido do bloco. À direita só o Chega capta novos votos, e de forma massiva, passando de 7,2% em 2022 para 16,7% agora.
Estes resultados tornam muito complicada a vida do próximo Primeiro-Ministro se a direita tiver mais deputados eleitos na noite do próximo domingo. Ainda não tivemos uma solução avançada, ou sequer imaginada, para o imbróglio da direita, que consiste num partido extremista a crescer e um líder do maior partido que diz não governar com esse partido.
À esquerda é mais simples: o PS vê naturalmente esboroar-se a base eleitoral da maioria absoluta de 2022, embora perca menos do que se poderia pensar — e mantenha, até, a aspiração de vencer as eleições, o que está dentro da margem de erro desta e de outras sondagens.
É, de resto, o único partido que perde votos: BE e PCP-PEV recuperam (tal como o PAN, aqui incluído à esquerda por ter suportado os governos do PS), e Livre conquista eleitorado.
Leitura recomendada: JN.
🇺🇸🎉 Nikki Haley surpreende e vence as primárias republicanas em Washington D.C.
Nikki Haley vence com 63% contra 33% de Trump na capital dos EUA
É a primeira vitória de uma mulher republicana em primárias do partido
Apesar da vitória, as expectativas para a Super Terça-feira (amanhã) favorecem Trump
Nikki Haley, antiga embaixadora de Donald Trump na ONU, conquistou uma vitória histórica nas primárias republicanas em Washington D.C., ao arrecadar cerca de 63% dos votos, superando Trump, que obteve cerca de 33%. Esta representa a primeira vitória de Haley nas primárias republicanas desde o início da corrida à nomeação presidencial e também a primeira vitória de sempre de uma mulher republicana em tais votações.
Este triunfo em Washington surge após Haley ter enfrentado uma derrota no seu estado natal, a Carolina do Sul, e quando tenta marcar uma posição firme contra a plataforma política de Trump. A campanha de Haley interpretou o resultado como uma rejeição à “disfuncionalidade” e ao “caos” associados a Trump, segundo a sua porta-voz.
A vitória de Haley em D.C., local onde apenas 23 mil eleitores estão registados como republicanos, destaca-se numa cidade-estado predominantemente democrata. Embora esta vitória forneça a Haley 19 delegados, bem abaixo dos 1.215 necessários para a nomeação presidencial, a candidata continua a apresentar-se aos eleitores republicanos como uma alternativa viável a Trump.
A candidatura de Haley desafia o status quo, remetendo aos esforços dos lobistas e insiders de D.C. que anteriormente haviam negado a Trump uma vitória nas primárias republicanas de 2016. No entanto, a vitória de Haley é vista por alguns como limitada, apontada pela campanha de Trump como — precisamente — a escolha dos “lobistas e insiders de DC”.
O que está em jogo nesta super terça-feira
Esta terça-feira (amanhã, dia 5 de março) votarão os eleitores de 15 estados e de um território: Alabama, Alaska, Arkansas, Califórnia, Colorado, Maine, Massachusetts, Minnesota, Carolina do Norte, Oklahoma, Tennessee, Texas, Utah, Vermont e Virgínia e o território de Samoa Americana.
No Partido Democrata, Joe Biden praticamente não tem adversários, esperando-se que volte a vencer com facilidade Dean Phillips e Marianne Williamson, depois de quatro eleições primárias onde já arrecadou 449 delegados, contra nenhum dos outros dois.
O problema dos democratas é o fraco entusiasmo com os seus candidatos. No Michigan, o problema de Biden não foram Phillips nem Williamson, mas os eleitores que disseram não gostar de nenhum dos três candidatos, com 13% a escolher a opção “não comprometido”.
No Partido Republicano, o ex-presidente Donald Trump chega à Super Terça-feira com uma vantagem de 122 delegados (77,2%) contra 24 delegados (15,2%) de Nikki Haley, a ex-embaixadora que persiste em manter-se em campanha, apesar de uma desvantagem que se deve tornar inultrapassável na próxima semana.
🇪🇺🔄 Menos proibições e fim da unanimidade, as principais alterações do PPE ao seu manifesto para as eleições europeias
Pontos chave
PPE defende votação por maioria qualificada em sanções da UE e mercado único de defesa
Neutralidade tecnológica e incentivos à indústria em vez da proibição de motores de combustão
Criar o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros da União Europeia
A notícia
O Partido Popular Europeu (PPE), grupo de partidos do centro-direita (cá, a AD), implementou alterações significativas no seu manifesto final para as eleições na União Europeia. Este manifesto final deverá ser aprovado no Congresso do PPE em Bucareste a 6 de Março, sugere que o afastamento do princípio da unanimidade deverá aplicar-se no âmbito das “sanções da UE contra regimes totalitários pelo mundo fora e em direção ao mercado único de defesa”.
No campo da política externa e de defesa da UE, o PPE propõe a substituição do princípio de unanimidade por votação por maioria qualificada, especificamente nas sanções da UE contra regimes totalitários e para o mercado único de defesa. Adicionalmente, sugere a criação de um conselho europeu de segurança e a substituição do alto representante por um ministro dos Negócios Estrangeiros da UE, vice-presidente da Comissão Europeia.
Relativamente à política energética e à controversa proibição de motores de combustão interna, o manifesto atual defende a neutralidade tecnológica, incentivando soluções privadas, locais e industriais para atingir reduções nas emissões de gases com efeito de estufa, em contraponto à política de proibição. Argumenta que engenheiros e o mercado, e não políticos, devem liderar na escolha da melhor tecnologia para alcançar a neutralidade de carbono, refletindo uma mudança significativa na abordagem do partido.
Fonte: Euractiv
🇪🇺💬 Socialistas europeus apostam na "segurança" para as eleições europeias
Pontos chave
Socialistas focam-se na segurança interna e externa da Europa.
Líderes defendem investimentos em defesa.
Estratégia socialista contra extrema-direita e corrupção ecoa preocupações do PPE, mas com nuances claras.
A notícia
À medida que se aproximam as eleições para o Parlamento Europeu, os socialistas europeus têm centrado a sua estratégia na segurança como tema principal, enfatizando a proteção dos cidadãos europeus contra guerras e pobreza. Durante um congresso do Partido dos Socialistas Europeus em Roma, líderes como Nicolas Schmit, Olaf Scholz e Mette Frederiksen salientaram a importância da segurança tanto a nível externo, devido aos conflitos na Ucrânia e Médio Oriente, como interno, abrangendo a segurança económica e social.
A narrativa adotada, incluindo críticas à extrema-direita e a defesa dos valores fundamentais da UE e do Estado de direito, compartilha semelhanças com a estratégia do PPE, liderado por Ursula von der Leyen. Contudo, Nicolas Schmit criticou abertamente a colaboração com a extrema-direita e condenou medidas recentes do governo italiano, reafirmando a posição do partido contra a governação partilhada com forças políticas de extrema-direita.
Enquanto o PPE se prepara para tentar manter posições-chave no Parlamento Europeu e na Comissão, os socialistas planeiam focar-se na transição sócio-economica e verde, demonstrando as áreas de interesse e potencial competição entre as duas maiores famílias políticas no contexto das próximas eleições europeias.
Fonte: Euractiv
🇫🇷✊ Histórico: França torna constitucional o direito ao aborto
Em síntese
O parlamento francês aprovou o aborto como um direito constitucional.
França torna-se o primeiro país do mundo a consagrar o direito ao aborto na Constituição.
O direito ao aborto tem estado a recuar nalguns locais, caso dos Estados Unidos e do leste europeu.
O aborto foi legalizado em França em 1975, sob a iniciativa de Simone Veil, ministra da saúde da altura.
O artigo 34° da Constituição foi alterado passando a contemplar “a liberdade garantida à mulher de recorrer ao aborto”.
A notícia
A França tornou-se o primeiro país do mundo a consagrar o direito ao aborto na sua Constituição, uma iniciativa do presidente Emmanuel Macron, que pretende reafirmar o seu apoio aos direitos de reprodução enquanto confronta o crescimento da extrema-direita. O projeto foi aprovado por uma esmagadora votação (780 votos contra 72) numa sessão extraordinária esta segunda-feira em Versalhes.
A medida, que já passou por ambas as câmaras do parlamento francês, tem grande apoio popular e é vista como uma resposta aos esforços para limitar o direito ao aborto, tanto nos Estados Unidos como em alguns países europeus. Embora a esquerda francesa há anos defenda a inclusão de uma garantia constitucional ao aborto, até 2022 a maioria dos legisladores considerava tal medida desnecessária devido às proteções já existentes para mulheres que procuram interromper uma gravidez.
Fontes: Politico, RFI, France24
CURTAS
O Governo Regional dos Açores tomou posse, liderado por José Manuel Bolieiro do PSD, mantendo a coligação PSD/CDS/PPM. Não houve grandes mudanças na composição do governo. O executivo tem dez dias para apresentar o seu programa, com debate previsto para iniciar após as eleições legislativas na República. Bolieiro elogiou a participação eleitoral dos açorianos. • Público
O Governo alemão acusou a Rússia de tentativa de divisão da Europa e de condução de uma guerra de desinformação, na sequência da fuga de informação de uma reunião militar alemã, denunciada por Moscovo. O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, afirmou que o objetivo russo é desestabilizar e provocar ansiedade. • Público
Portugal inicia uma nova era com o lançamento do satélite português Aeros a partir do Kennedy Space Centre, nos EUA, fruto de uma cooperação entre empresas e universidades lideradas pelo Ceiia e pela Thales Edisoft. O projeto, orçado em 2,8 milhões de euros, marca a ascensão de Portugal no setor espacial. • Visão
A Comissão Europeia impôs à Apple uma multa de 1,84 mil milhões de euros por abuso de posição dominante no mercado de distribuição de aplicações musicais. A penalização surge em resposta a uma queixa do Spotify, acusando a Apple de restringir informação sobre serviços de subscrição de música alternativos. • Público
Nos meses que antecedem as eleições legislativas no Reino Unido, o Partido Conservador, liderado por Rishi Sunak, enfrenta uma profunda impopularidade, segundo um inquérito da Ipsos. A sondagem revela uma significativa desvantagem de 27 pontos em relação ao Partido Trabalhista. • Público
A Associação Académica de Coimbra revelou que cerca de 70% dos estudantes da Universidade de Coimbra pretendem emigrar, com 40% a considerar deixar Portugal nos próximos cinco anos. O inquérito reflete a urgência dos estudantes em buscar oportunidades no estrangeiro. • Público
Um relatório da OCDE destaca a necessidade de os governos adotarem uma abordagem mais sistémica para combater a desinformação, especialmente em períodos eleitorais. Enfatiza a importância de criar um ambiente propício para a informação confiável e a colaboração entre os atores para enfrentar este desafio global. • Público
Mais de 200 mil pessoas pediram para votar antecipadamente nas eleições legislativas, num processo que ocorreu sem incidentes, segundo a Comissão Nacional de Eleições. Este procedimento visa acomodar aqueles com impedimentos nos dias de eleição oficial. • RTP
ETIQUETAS
Uma exposição
100 Anos de Augusto Cabrita: Um Olhar Inédito, Auditório Municipal Augusto Cabrita, Barreiro, até 16 março 2024. “Assinalaram-se, em 2023, os 100 anos do nascimento de Augusto Cabrita, uma das figuras mais marcantes do Barreiro e da história da fotografia, da televisão e do cinema em Portugal, entre outros talentos.”
Um concerto
Maria João Songs for Shakespeare, CCB, Lisboa, 21 março de 2024 às 22:00. “Imaginado por Maria João e João Farinha, parceiros há mais de 10 anos no projeto de jazz, surge a ideia de aumentar esta formação base de pianos elétricos, sintetizadores, eletrónica e bateria para incluir um ensemble de câmara que dará uma palete de cores não possível até agora, vitalizando assim este universo Shakespeariano com um twist moderno.”
Um livro
Pretextos. Autor: Helder Macedo. Editor: Editorial Caminho, 2024. “O título do livro e das crónicas - Pretextos - desde logo sugere que ao falar de uma coisa estou também a falar de outras. São pretextos, como se calhar tudo quanto tenho escrito também é: poesia, ficção, ensaios. Quando, por exemplo, nestas crónicas comentei acontecimentos políticos na Inglaterra (onde vivo há mais de sessenta anos) foi muitas vezes para também comentar acontecimentos políticos em Portugal (que mantive sempre em mim). Mas a maioria são pretextos para falar de escritores e de pintores, celebrar amigos vivos e mortos (pois é, ultimamente temos morrido muito), partilhar interesses meus: literatura, teatro, ópera, política, futebol e, como noutros tempos se dizia nos anúncios do circo no Coliseu dos Recreios, o mais que adiante se verá.”
RELEMBRANDO
Não lemos todas as newsletters todos os dias, naturalmente… Podem ter-lhe escapado estes assuntos:
[1.36] Onde pode o PCP eleger os seus deputados? E quantos (5, 6, 7, 8)?. Reforçar o grupo parlamentar é um objetivo vago, mas realista. O PCP-PEV pode obter mais dois deputados, dizem realisticamente os números. Mas também pode perder um.
[1.35] Onde pode o PAN eleger as suas deputadas? E quantas (1,2,3)?. O objetivo do Pessoas Animais Natureza para as legislativas é modesto: ter um grupo parlamentar, isto é, eleger dois ou mais deputados. Os números dizem que é uma ambição realista.
[1.34] Ucrânia: apenas uma batalha (perdida) na guerra do “Ocidente” contra a Rússia. Dois anos de guerra na Ucrânia trouxeram-nos aqui: a Europa teme ficar isolada entre uma Rússia fascista e uns EUA inconfiáveis, com o resto do mundo indiferente. A confiança ocidental durou um ano.