[E.4] Presidenciais: os caminhos de Harris e Trump na campanha das reviravoltas
O abandono de Biden mudou tudo. Trump parece o presidente a derrotar e Harris a desafiante. De funeral anunciado, a convenção democrata parece um casamento. E Harris passou à frente nas sondagens.
Se as eleições presidenciais nos Estados Unidos da América tivessem sido esta terça-feira, 20 de agosto, em vez de na próxima terça-feira, 5 de novembro, o desfecho mais certo era a vitória da candidatura democrata: Kamala Harris (60 anos em novembro) seria a primeira mulher (e negra) Presidente dos Estados Unidos da América, tendo Tim Walz (60 anos) como vice-presidente.
As probabilidades ao dia de ontem eram de 53,7% para Harris/Walz contra 45,9% para Trump/Vance. Trump perderia no voto popular por uma diferença ainda maior, a rondar os 30%.
Compare-se o quadro acima, relativo a ontem, com o quadro seguinte, obtido pelo mesmo modelo (de Nate Silver, fonte da maior parte das análises de sondagens neste Especial) e “congelado” no dia 21 de julho, o último dia de Joe Biden como candidato Democrata: a desistência deste em favor de Kamala Harris mudou tudo. E de forma repentina (além das sondagens tenderem a mudanças graduais, lentas, os modelos de análise são por norma ainda maiores “amortecedores”).
Com Biden, a derrota Democrata era certa e anunciada por sondagens e previsões matemáticas muito para além das margens de erro e de conforto. Com Harris, a campanha reiniciou como um vulgar telemóvel, voltando as hipóteses de vitória a serem praticamente iguais para os dois candidatos principais. As vantagens de Harris a nível nacional, no Colégio Eleitoral (que realmente elege o Presidente, como explicamos neste Especial) e nos swing states nos quais recuperou, tal como as vantagens de Trump nos restantes estados oscilantes, estão dentro dessas margens.
Ou seja: a campanha está completamente em aberto.
Quer dizer que Kamala Harris afinal não vai ser Presidente? É demasiado cedo para dar garantias. Veja-se como o cenário mudou de forma radical em apenas um mês.
Mas essa mudança, súbita e inesperada, lançou uma dinâmica que ainda não terminou: a da subida de entusiasmo e popularidade de Harris/Walz e a da aflição e desnorte de Trump/Vance. O histórico de dezenas de eleições presidenciais diz-nos que o mais certo é a candidatura Democrata ainda subir uns pontos pelo efeito de arrasto da sua Convenção Nacional (que termina amanhã, quinta-feira, com o muito aguardado discurso da candidata à presidência). Mas faltam mais de dois meses e a campanha do Partido Republicano tem ainda espaço de manobra.
É neste ponto que estamos e é neste ponto que entra o Especial VLV, dedicado a explicar como aqui chegámos, o que está em causa e onde, o posicionamento das duas campanhas principais, as reações à esquerda e à direita — e dois preciosos explicadores, o do próprio processo eleitoral e o do jargão típico.
O menu é extenso:
Crónica das reviravoltas
O debate falhado por Biden
Narrativa: os holofotes focam-se no campo Democrata
Tentativa de assassinato coloca Trump como o novo herói americano
J.D. Vance vem consagrar a invencibilidade do ticket Republicano
E num instante tudo mudou: Biden desiste, avança Harris
A transformação da candidatura Democrata
Entre 3,9 e 9,5 pontos nos estados indecisos até 7 pontos a nível nacional: como Harris melhorou as sondagens
Ponto da situação das candidaturas:
Campanha leve em políticas: o plano A de Harris é fugir dos detalhes
Rejeitar os resultados das eleições: o plano B que Trump está a ensaiar
O que os comentadores de esquerda estão a dizer
O que os comentadores de direita estão a dizer
Voto popular, Colégio Eleitoral e winner-take-all: explicamos o processo que determina quem será o Presidente dos EUA
As exceções explicam melhor
Quanto vale cada estado no Colégio Eleitoral?
Aqui está a lista de todos os estados e do Distrito de Columbia, com as suas respectivas siglas e número de votos no Colégio Eleitoral.
Glossário: dos Swing States à Blue Wall, passando pelos Sun Belt e Rust Belt
Como todos os especiais, a leitura integral é reservada a apoiantes da newsletter, empenhados em ajudar-nos a melhorar esta iniciativa de cidadania politicamente informada. Se ainda não o fez, este é um bom momento para decidir tornar-se apoiante: até final de agosto temos um desconto de 20% nas assinaturas, basta clicar no botão abaixo.
Recordo que a newsletter VamoLáVer é gratuita para todos os assinantes e assim se manterá, nas suas duas a três edições semanais. Os apoiantes têm acesso a conteúdos reservados como este Especial, que são emitidos para além da newsletter.
Continue a ler com uma experiência gratuita de 7 dias
Subscreva a VamoLáVer para continuar a ler este post e obtenha 7 dias de acesso gratuito ao arquivo completo de posts.