[E.1] Europeias: o estranho caso de Luís Montenegro
Analisámos 32 cabeças de lista dos partidos do PPE, a "família" europeia da AD. A experiência política, internacional de preferência, é a característica dominante, quase totalitária.
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Neste primeiro Especial VLV abordo um tema suscitado pela inusitada escolha da AD para a primeira figura da sua lista às Europeias. De onde terá vindo a inspiração de Montenegro? Será que perpassa na Europa uma tendência nova para cabeças de lista e nós, aqui no cantinho, não a estamos a ver? Nada melhor que fazer um levantamento das primeiras figuras dos partidos. A ideia inicial era recolher todas as listas dos 27 Estados membros, mas a tarefa é ciclópica. Acabei por me cingir ao essencial, que são os partidos mais próximos do PSD e CDS: os filiados no Partido Popular Europeu. De onde, de resto, poderia vir algum respaldo para a estranha decisão.
Como veremos abaixo, não se confirmou qualquer tendência que ajude a interpretar a decisão de Luís Montenegro. Pelo contrário, a tendência quase totalitária e a história dos antecedentes aponta para a escolha do homem (as mulheres são exceção) com maior experiência em funções públicas, maior “lastro” cultural e maior maturidade.
Subtítulos
O perfil típico do cabeça de lista dos partidos do PPE
Com Montenegro, a União Europeia passa para segundo plano
Lista das 32 figuras de proa dos filiados no PPE
De Santana a Rangel, passando por Deus Pinheiro: uma galeria de alto gabarito
Se as Europeias fossem hoje, a AD perdia um eurodeputado
DOSSIER
Europeias: o estranho caso de Luís Montenegro
Os partidos filiados no Partido Popular Europeu (PPE) apresentam uma preocupação dominante na composição das suas listas de candidatos às eleições para o Parlamento Europeu (PE) de junho próximo: mostrar experiência internacional e executiva.
O primeiro nome na lista tem uma função emblemática importante: muitas vezes é o único candidato que terá acesso ao complexo mediático-político, a “montra” para o grande público. A projeção da sua imagem junto do eleitorado obriga a um cuidado específico na escolha do nome e do que a pessoa simboliza.
Mais de dois terços das listas destes partidos são lideradas por pessoas que têm no mínimo experiência governativa e no máximo foram embaixadores, presidentes do PE, comissários europeus. Do terço restante, a grande maioria tem experiência autárquica ou no mínimo partidária, em funções internas ou externas como conselheiros para programas políticos — em dois casos com experiência de lóbi na União Europeia (UE).
O perfil típico do cabeça de lista dos partidos do PE
O perfil típico do cabeça de lista às europeias é: homem branco entre os 48 e os 58 anos, com décadas de serviço em cargos públicos regionais, nacionais e europeus. O mais velho tem 72 anos. O mais novo tem 29. A média de idades é de 52,16 anos. A mediana é de 50,5.
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