[2.78] 🐏 🛟 PS: toca a reunir e a união é José Luís Carneiro e António José Seguro
O centro esquerda não tem nem alternativa, nem cartas na manga. O pragmatismo é a única saída para o Partido Socialista ocupar o centro.
Esta edição abre com uma nota do editor sobre o PS:
🐏 🛟 PS: toca a reunir e a união é Carneiro mais Seguro
Outros temas:
🇺🇸🇨🇳 Estados Unidos e China selam acordo comercial histórico que pode acabar com a guerra das tarifas
🇪🇺 🤝 UE debate proposta comercial de última hora de Trump enquanto divisões se aprofundam
🇪🇺 🌏 UE considera aliança com bloco asiático-pacífico para enfrentar guerra comercial de Trump
🇪🇺 🇺🇸 UE prepara-se para possível falha nas negociações comerciais com os Estados Unidos
🌱🇪🇺 Dinamarca defende aceleração da transição verde europeia apesar dos custos
🏛️💸 Starmer recua nos cortes sociais para evitar crise política no Reino Unido
🇺🇸🎭 Cimeira da NATO: opiniões divididas sobre os novos compromissos de defesa
A fechar, um grupo de curtas.
VamoLáVer é uma iniciativa cidadã, pelo que depende dos seus leitores para alargar os horizontes e chegar cada vez a mais pessoas. Partilhar “custa” pouco mais que um clique.
NOTA DO EDITOR
🐏 🛟 PS: toca a reunir e a união é Carneiro mais Seguro
Se eu fosse militante do Partido Socialista, hoje ou amanhã votava em José Luís Carneiro. Não por ser o candidato único: votaria nele com a mesma firmeza se existissem mais candidatos do género dele ou daqueles que cumprem o papel de sparring partner.
Vou ser muito claro: o centro-esquerda não tem alternativa. Depois do monumental erro de votar contra a moção de confiança de Luís Montenegro em vez da abstenção, o PS caiu no buraco que andava a evitar por milagre e que era mais ou menos inevitável depois de António Costa liderar três governos em oito anos.
Sem uma alternativa na forma credível ou na forma tentadora (ver Zohran Mamdani, abaixo), o PS tem um secretário geral, José Luís Carneiro, capaz de fazer o que há para fazer.
Primeiro, colar os cacos do partido.
Segundo, ir ao tabuleiro das autárquicas com bons trunfos, mas pronto para aceitar perder, sem drama, algum dos dois jogos importantes, Porto e Lisboa.
Terceiro, decidir a única saída decente para as presidenciais, que é apoiar António José Seguro — tanto me dá se é um apoio formal ou um apoio envergonhado.
E quarto, preparar uma alternativa de Governo para o momento — que vai chegar mais cedo do que se pensa — em que as fraquezas do atual Executivo tiverem feito o seu caminho e o país eleitoral estiver pronto para uma nova e sensata proposta nas urnas.
O PS não tem outro caminho e os seus militantes, em especial os regulares em cargos públicos, faziam melhor em apoiar o processo que Carneiro tem de prosseguir, ou calarem-se em público. O bruáá que se ouve e lê é — desculpem alguns amigos que por lá militam — deprimente e contra os interesses do partido e do país. E fazem gargalhar os adversários à direita.
Vou parafrasear Mário Soares: temos de viver com o PS que temos, para chegarmos onde queremos.
E esta é a verdade pragmática. Gostem ou nem por isso, os socialistas têm de ajudar José Luís Carneiro e este, goste ou não goste da ideia, tem de apoiar o melhor candidato presidencial do centro, que é António José Seguro. (Se eu fosse amigo de Augusto Santos Silva, dizia-lhe: põe-te quieto. Se algum leitor é amigo dele, que o faça por mim, aditando “com todo o respeito”, que no meu caso é bastante.)
Zohran Mamdani
A verdade, verdadinha, é que não há no PS (nem nas áreas do centro e da esquerda democrática, já agora) uma figura emergente com algumas das características que estão a fazer a diferença noutra latitude em que a derrota eleitoral do centro, às mãos dos extremistas ligados à direita, foi demasiado expressiva e dura. Refiro-me a Zohran Mamdani, o progressista que foi o candidato mais votado nas primárias democratas para as eleições autárquicas de Nova Iorque.
Não serei eu a dizer a um partido o que deve ou não deve fazer e estou longe de correr a foguetórios. Como observador, o que vejo em Zohran Mamdani é o que vi em Sahra Wagenknecht e é o que vi há anos em Aléxis Tsípras: políticos que preenchem os vazios discursivos e combatem os cansaços dos eleitorados que o centro e a esquerda produziram em décadas de exercício governativo e legislativo com entusiasmo a mais, pragmatismo a menos, e demasiadas promessas falhadas.
(Nota: Tsípras chegou a primeiro ministro e, apesar de ser considerado um radical, governou a Grécia num período dificílimo do qual o país saiu muito melhor que entrou — e não se tornou propriamente na ditadura do proletariado, o “papão” com que o comentariado aflito tanto azucrinou os leitores e tele-espectadores.)
Abaixo destaco frases ilustrativas do que o centro e a esquerda têm para aprender com o fenómeno de campanha Mamdani — independentemente dele vir ou não a ser eleito mayor de Nova Iorque. Numa frase: os eleitores estão prontos para ele e ele chega aos eleitores. E isso é algo que só tem acontecido à direita e à sua extremidade.
“Os eleitores andam à procura de novidades. Não querem mais do mesmo. Querem os disruptivos. Mais um exemplo” (aponta imagem de Mamdani) • Luís Paixão Martins.
“Fiquei enormemente animado com a vitória de Mamdani, não porque ache que será um grande presidente da câmara — honestamente não faço ideia —, mas porque uma vitória de Cuomo teria sido profundamente deprimente. Porquê? Porque teria sido uma afirmação da impunidade das elites e da falta de responsabilização. Cuomo é, por todas as contas, uma pessoa terrível, e a sua resposta desastrosa à Covid matou pessoas. Para ele conseguir uma recuperação simplesmente porque faz parte do clube dos velhos amigos e tinha o grande dinheiro por trás dele teria significado que as regras só se aplicam às pessoas pequenas.
Há um enorme debate entre os democratas sobre se precisam de apresentar candidatos mais centristas. Não estou pronto para me pronunciar sobre esse debate. Mas se vão tomar esse lado, encontrem melhores centristas. Quero dizer, são Cuomo e Eric Adams o melhor que conseguem fazer?” • Paul Krugman
“Mamdani, por outro lado, trouxe energia e estilo. Deu entrevistas a meios de comunicação tanto amigáveis como hostis. Manteve um horário implacável. Saltou para o oceano gelado para promover o seu plano de congelamento de rendas da habitação pública. Comeu comida de rua no metro e percorreu a extensão de Manhattan, tirando selfies e conversando com eleitores. Concentrou-se em questões como empregos, preços dos alimentos, transportes, habitação e cuidados infantis — preocupações do dia a dia. A sua mensagem era clara: vejo-vos, ouço-vos e sou um de vós”. • Adam Kinzinger
“Primeiro, não é mistério por que razão Mamdani venceu. É um rosto jovem e fresco num Partido Democrata envelhecido e aborrecido — e ainda por cima um orador fantástico. Além disso, tem excelentes instintos políticos. Os vídeos em que aparece nas ruas a interagir efetivamente com os nova-iorquinos tinham uma autenticidade que outros candidatos não conseguiam igualar. Prometer congelamento de rendas, mercearias acessíveis, impostos sobre os ricos e transportes públicos gratuitos também funciona bem numa das cidades mais caras da América. Sim, autodescreve-se como "socialista democrático", mas para muitos jovens nova-iorquinos, "socialismo" significa apenas "taxar os ricos para reforçar a rede de segurança social".
De todas as palavras que acabei de escrever para descrever Mamdani, a mais importante é esta: autêntico. Já gastei muita tinta a criticar os progressistas pelas suas más ideias, política de pureza, intolerância e pensamento de grupo. Mamdani é assumidamente progressista, mas de alguma forma evita parecer moralista — não é insuportavelmente condescendente, não faz sermões sobre o uso da linguagem e não pratica política de pureza. Concentrou-se inteiramente na persuasão — convencendo pessoas fora da base progressista de que tem razão sobre questões do dia a dia, e a velha guarda democrata está errada. Em suma: é um grande político.” • Isaac Saul
. . .
Recomendo este artigo de Maria Lopes no Público, em link oferecido graças aos apoiantes de VamoLáVer
A corrida de obstáculos e os trabalhos de José Luís Carneiro para reabilitar o PS. Candidato derrotado há ano e meio, assumiu a árdua tarefa de reerguer o partido depois da pesada derrota de Maio. A eleição deste fim-de-semana dá-lhe a legitimidade para arregaçar as mangas.
🇺🇸🇨🇳 Estados Unidos e China selam acordo comercial histórico que pode acabar com a guerra tarifária
Os Estados Unidos e a China chegaram a um acordo comercial que poderá marcar o fim da guerra das tarifas entre as duas maiores economias mundiais. O acordo, confirmado pelo presidente norte-americano Donald Trump e pelo Ministério do Comércio chinês, inclui compromissos fundamentais sobre a exportação de terras raras, minerais estratégicos essenciais para indústrias como a tecnológica, automóvel e defesa.
O que está em jogo:
A China comprometeu-se a rever e aprovar pedidos de exportação de terras raras que cumpram as condições legais
Estes minerais são cruciais para dispositivos eletrónicos, turbinas eólicas, aviões de combate e mísseis
A China controlava rigorosamente estas exportações desde abril, em plena escalada de tensões
Em troca:
Os Estados Unidos cancelarão uma série de medidas restritivas impostas contra Pequim
O secretário do Comércio norte-americano, Howard Lutnick, confirmou que a retirada das contramedidas está diretamente ligada à entrega efetiva de terras raras pela China
"Vão entregar-nos terras raras. E uma vez que o façam, retiraremos as nossas contramedidas", garantiu Lutnick
Contexto da guerra comercial:
A guerra tarifária tinha atingido o seu ponto mais crítico com Trump a elevar progressivamente os impostos sobre produtos chineses até 145%
A China respondeu com tarifas de 125% sobre importações norte-americanas
O conflito estava relacionado com práticas comerciais consideradas desleais e o papel da China no tráfico internacional de fentanil
Trump aproveitou ainda para anunciar que tem "grandes ofertas" de outros países em preparação, apontando a Índia como o próximo parceiro comercial para um acordo relevante. O presidente norte-americano revelou que a sua administração está a negociar simultaneamente com outros dez países para redefinir as relações comerciais.
Fonte: publico.es
🇪🇺 🤝 UE debate proposta comercial de última hora de Trump enquanto divisões se aprofundam
Os líderes europeus discutiram durante o jantar de quinta-feira uma oferta comercial de última hora de Donald Trump, num momento em que as divisões se aprofundam sobre como responder às tarifas americanas iminentes. Com a ameaça de tarifas americanas superiores a 50% previstas para 9 de julho, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, confirmou ter apresentado aos líderes a mais recente contraproposta da Casa Branca.
A proposta americana e a resposta europeia:
Os funcionários da Comissão têm preparado uma abordagem suave para um acordo comercial com os EUA
A proposta pode incluir uma tarifa uniforme de 10%, ajudando o bloco a evitar taxas específicas por setor
"A melhor tarifa é zero para zero, mas se for 10 [por cento] para 10, que assim seja", disse o presidente francês Emmanuel Macron
Sanções à Rússia renovadas sem discussão:
Os líderes concordaram em estender as medidas atuais contra a economia russa por mais seis meses
O acordo foi alcançado "sem qualquer discussão, sem qualquer problema", segundo o primeiro-ministro belga Bart De Wever
A renovação antecipa-se ao prazo de 31 de julho e evita o risco de um veto húngaro
Acordo UE-Israel em análise:
Foi a primeira vez que os líderes discutiram as conclusões da revisão do Acordo de Associação UE-Israel
A revisão concluiu que Israel pode estar a violar o pacto comercial devido às suas ações em Gaza
A questão foi remetida para os ministros dos Negócios Estrangeiros, que se reunirão em Bruxelas a 15 de julho
Fonte: euractiv.com
🇪🇺 🌏 UE considera aliança com bloco asiático-pacífico para enfrentar guerra comercial de Trump
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, propôs uma nova estratégia para combater as ameaças comerciais de Donald Trump: unir forças com o bloco comercial asiático-pacífico CPTPP (Comprehensive and Progressive Agreement for Trans-Pacific Partnership, que inclui o Reino Unido) para criar uma nova ordem comercial mundial baseada em regras.
A proposta surge numa altura crítica:
Restam apenas 13 dias para cumprir o prazo imposto por Trump para um acordo UE-EUA
Após 9 de julho, Trump ameaça impor tarifas punitivas até 50% sobre produtos europeus
A UE mudou de posição: há um mês rejeitava as tarifas base de 10% de Trump, agora aceita-as como cenário possível
O plano de von der Leyen:
Criar um novo grupo comercial UE-CPTPP com 39 países
Reformar ou substituir a Organização Mundial do Comércio
Os EUA não seriam automaticamente convidados a aderir
Seria uma forma de "dar a Trump o seu próprio remédio", nas palavras do primeiro-ministro polaco Donald Tusk
A realidade no terreno:
Os líderes europeus estão a aceitar que não conseguirão um bom acordo com Trump
O chanceler alemão Friedrich Merz defende um acordo rápido, mesmo que seja apenas um esboço
Emmanuel Macron admite que "se for 10%, será 10%" relativamente às tarifas
O presidente lituano espera que a UE seja "tratada como o Reino Unido" nas negociações
A proposta pode ser mais uma distração temporária do que uma solução real, enquanto a UE se prepara para o que pode ser uma grande derrota nas negociações com Trump.
Ursula von der Leyen avisou que a União Europeia se está a preparar para a possibilidade de não chegar a um "entendimento satisfatório" com os Estados Unidos nas negociações comerciais em curso, prometendo defender os interesses europeus.
O que está em causa:
Donald Trump anunciou taxas de 25% para o aço, alumínio e automóveis europeus
Também ameaçou com 20% de tarifas recíprocas ao bloco comunitário
Estas últimas foram suspensas por 90 dias, acalmando os mercados
A posição europeia:
A UE suspendeu também as suas tarifas de 25% a produtos norte-americanos durante o mesmo período
Bruxelas propôs tarifas zero para bens industriais nas trocas comerciais
A Comissão tem "todas as opções em cima da mesa" para as negociações
Os números em jogo:
379 mil milhões de euros em exportações da UE para os EUA estão sujeitos às novas tarifas
Isto representa 70% do total das exportações europeias para os Estados Unidos
A taxa média de direitos aduaneiros dos EUA é agora mais elevada do que na década de 1930
António Costa, presidente do Conselho Europeu, defendeu que "um acordo é sempre melhor do que um conflito" e apelou ao fim da incerteza para dar "certezas aos investidores, trabalhadores e empresas".
Fontes: politico.eu, 24noticias.sapo.pt
🌱🇪🇺 Dinamarca defende aceleração da transição verde europeia apesar dos custos
A notícia - O ministro dinamarquês do Clima, Lars Aagaard, defendeu que os países europeus não devem travar a transição ecológica da União Europeia, numa altura em que a Dinamarca se prepara para assumir a presidência do Conselho da UE em Julho. A Comissão Europeia pretende propor uma nova meta climática para 2040, visando reduzir as emissões da UE em 90% relativamente aos níveis de 1990, mas enfrenta resistência de países como a Polónia e a França, que receiam custos excessivos.
Aagaard sublinha que os desafios a curto prazo, incluindo orçamentos sobrecarregados pelo aumento das despesas militares após a invasão russa da Ucrânia, não devem distrair a Europa da necessidade de transitar para energia verde. O ministro dinamarquês argumenta que a resposta à competitividade europeia passa pela transição para a electricidade, produzida através de energias renováveis e nuclear.
A Dinamarca assume a presidência rotativa de seis meses da UE a 1 de Julho, liderando as negociações sobre a meta climática de 2040 num contexto de aumento drástico das despesas de defesa europeias.
A Comissão Europeia recuou este ano numa série de políticas ecológicas, tentando conter reacções dos Estados-membros e sectores em dificuldades relativamente às regras ambientais.
A meta para 2040 visa manter os países da UE no caminho entre o objectivo de 2030 (redução de 55% das emissões) e a neutralidade climática até 2050.
O Conselho Consultivo Científico Europeu recomendou que a redução das emissões até 2040 deve situar-se entre 90% e 95%, considerando este o único valor que mantém uma trajectória credível para a neutralidade climática.
Fonte: publico.pt
🏛️💸 Starmer recua nos cortes sociais para evitar crise política no Reino Unido
A notícia - O primeiro-ministro britânico Keir Starmer decidiu fazer marcha atrás nos cortes às prestações sociais após enfrentar uma rebelião de mais de cem deputados trabalhistas. As concessões anunciadas por Downing Street respeitam as ajudas à incapacidade e por baixa médica das pessoas que até agora as recebiam, embora se mantenha o endurecimento das condições para futuros requerentes. Esta rectificação representa um buraco orçamental de 3.500 milhões de euros, que somado ao custo de outras medidas totaliza quase 5.000 milhões de euros, ressuscitando o fantasma de uma subida de impostos.
A deputada trabalhista Meg Hillier, presidente da Comissão parlamentar do Tesouro, apresentou uma "emenda fundamentada" que apanhou Downing Street de surpresa, reclamando uma pausa na tramitação legislativa para avaliar adequadamente os cortes propostos que poderiam afectar quase quatro milhões de britânicos.
Mais de uma centena de deputados (alguns apontam para 130) aderiram à moção de Hillier, representando mais de 25% dos 403 lugares do Partido Trabalhista na Câmara dos Comuns, constituindo uma ameaça real à estabilidade do Governo de Starmer.
As recentes eleições municipais de maio demonstraram claramente o descontentamento do eleitorado com a política social de Starmer, com derrotas estrondosas tanto de trabalhistas como de conservadores, enquanto a direita populista de Reform UK, o partido de Nigel Farage, se posicionava à frente nas sondagens.
A resposta de Starmer a este desafio tem sido endurecer o discurso em matéria de defesa, imigração e ajudas sociais, levando muitos dos seus deputados a mostrar os primeiros sinais de descontentamento com a liderança do primeiro-ministro.
Fonte: elpais.com
🇺🇸🎭 Cimeira da NATO: opiniões divididas sobre os novos compromissos de defesa
Na cimeira desta semana em Haia, os estados-membros da NATO concordaram em aumentar o gasto militar para os cinco por cento do PIB exigidos por Donald Trump a médio prazo. Em troca, o presidente americano reafirmou o compromisso dos EUA com a defesa mútua conforme estipulado no Artigo 5.º do tratado da NATO. A guerra na Ucrânia foi apenas uma questão secundária desta vez. Os comentadores estão divididos sobre quanto vale esta nova unidade da aliança.
🗣 Laurent Duraisin considera positivo o reforço da defesa europeia num mundo onde cresce a tentação de impor anexações pela força, mas alerta que os europeus não esquecerão os ditames de Washington nem as ambições expansionistas de Trump, que mantém os olhos postos na Gronelândia. • Le Quotidien (Luxemburgo)
🗣 Amid Faljaoui critica duramente a meta dos cinco por cento, considerando-a uma fantasia à qual todos aderem apenas para evitar os tweets de Trump. Questiona se esta é agora a abordagem estratégica da NATO e se os europeus preferem fingir obediência em vez de pensarem por si próprios, perseguindo um valor arbitrário em vez de desenvolverem uma verdadeira visão estratégica europeia. • Trends (Bélgica)
🗣 Martin Ehl vê a próxima cimeira da NATO em Tirana, prevista para 2027, como uma oportunidade para os europeus respirarem. Avisa que sem uma construção eficaz de forças conjuntas que constituam uma forte dissuasão, acabarão com uma "aldeia de Potemkin" que qualquer adversário potencial reconhecerá e explorará. • Hospodářské Noviny (República Checa)
🗣 Ferruccio de Bortoli lamenta estes dias sombrios para a União Europeia, incapaz de mostrar dignidade face à rudeza imperial de Trump. Teme que uma UE politicamente fraca se resigne ao domínio internacional da força, não defendendo o Estado de direito em que se baseia e que é o núcleo da sua identidade. • Corriere della Sera (Itália)
🗣 Wolodymyr Krawtschenko explica que a Ucrânia se absteve de pressionar os parceiros para incluir a perspetiva de adesão à NATO no documento final, considerando que tal seria contraproducente dado a personalidade de Trump e a sua atitude em relação a Zelensky. Bankova concordou com o plano de Mark Rutte de manter as decisões dos cumes anteriores sobre o caminho irreversível da Ucrânia para a NATO. • Zerkalo Nedeli (Ucrânia)
🗣 Valentijn Bartels alerta que Trump pode ter forçado os países europeus da NATO a gastarem mais em defesa, mas isso não significa que o dinheiro já esteja disponível. Questiona de onde virá esse dinheiro, notando que os partidos políticos nos Países Baixos estão ocupados a criar obstáculos para explicar que áreas não devem ser sujeitas a cortes para angariar os milhares de milhões extra. • De Telegraaf (Países Baixos)
🗣 Heikki Aittokoski argumenta que a defesa nacional não pode basear-se no pressuposto de que os Estados Unidos liderados por Trump apoiarão a Europa ou a Finlândia. Reconhece que Trump fez indubitavelmente um favor aos estados da linha da frente como a Finlândia ao comprometer-se com um aumento massivo do gasto militar, lembrando que a NATO é muito mais valiosa para a Finlândia do que apenas o poder militar americano. • Helsingin Sanomat (Finlândia)
🗣 Linas Kojala compara a NATO a um grande navio que navega um curso instável através de águas tempestuosas, com um capitão americano que não parece confiável. Observa que alguns a bordo gostariam de abandonar o navio, mas não há outros barcos à vista, e mesmo o capitão está a começar a perceber que não é má ideia manter as mãos no leme. • 15min (Lituânia)
🗣 Tom Jensen considera que a cimeira da NATO terminou sem grande drama, com os sinais de Trump sobre o Artigo 5.º sendo uma refutação vital para aqueles que evocavam a dissolução da NATO. Embora persistam questões sobre a Ucrânia e a disposição americana para apoiar o país devastado pela guerra, considera que esta é uma preocupação menor do que a que existia antes da cimeira. • Berlingske (Dinamarca)
🗣 Um comentador do The Times critica duramente a cimeira, afirmando que para apaziguar Trump, cortaram a agenda, marginalizaram a Ucrânia, minimizaram a ameaça russa, fizeram promessas vazias e esquivaram-se a decisões urgentes. Destaca a vulnerabilidade da aliança aos caprichos presidenciais e nota que a NATO depende dos EUA para colmatar numerosas lacunas, desde munições a defesa aérea. • The Times (Reino Unido)
🗣 Laurent Marchand alerta para o perigo de estarem a armar nações individuais enquanto fingem armar a Europa, o que significaria que as nações europeias estariam armadas mas ainda não haveria um exército europeu. Questiona se a introdução do serviço militar obrigatório em vários países visa transmitir um sentido de defesa coletiva europeia ou simplesmente defender as suas próprias bandeiras. • Ouest-France (França)
🗣 Um comentador do Kauppalehti nota que a Finlândia, como aluna modelo, prometeu aumentar o gasto militar ao nível exigido por Trump, embora não esteja claro de onde virá o dinheiro. Destaca que a situação dos países diretamente na fronteira oriental é diferente da de Espanha, que já se rebela contra o aumento do gasto da NATO, sublinhando a necessidade de solidariedade semelhante à demonstrada durante a pandemia. • Kauppalehti (Finlândia)
🗣 Lieven Sioen estabelece uma ligação entre catástrofes climáticas e guerras, observando que a guerra na Ucrânia tem uma pegada de carbono maior que as emissões anuais de um país do tamanho de Espanha. Sugere que uma interpretação belga das exigências da NATO poderia incluir medidas de proteção climática na norma dos cinco por cento. • De Standaard (Bélgica)
Portugal
🗳️ Críticos do Bloco de Esquerda vão apresentar moção à XIV Convenção Nacional em novembro, contestando a liderança de Mariana Mortágua. O BE obteve o pior resultado de sempre nas legislativas de maio, passando de cinco deputados para apenas um. Mortágua recandidata-se à coordenação nacional. • dn.pt
💰 O Parlamento aprovou o pedido de urgência para a proposta de redução do IRS de 500 milhões de euros. A medida prevê cortes entre 0,4 e 0,6 pontos percentuais nos escalões, com efeito retroativo a janeiro e possível entrada em vigor em agosto. • publico.pt
🏪 A Assembleia da República chumbou propostas para encerrar grandes superfícies aos domingos e feriados e limitar horários até às 22h. A iniciativa, subscrita por mais de 23 mil cidadãos, foi rejeitada por PSD, PS, IL e CDS-PP, enquanto BE e outras forças votaram a favor. • publico.pt
🏛️ O representante da República para a Madeira assinou o decreto que aprova o orçamento regional de 2025, no valor de 2.533 milhões de euros. O orçamento foi aprovado em junho com votos favoráveis da maioria PSD/CDS-PP, garantindo assim a sua promulgação. • 24noticias.sapo.pt
🏥 O Chega vai viabilizar a comissão de inquérito ao INEM proposta pela IL e exige auditoria independente aos serviços de saúde dos últimos 10 anos. André Ventura considera a ministra Ana Paula Martins politicamente fragilizada e sem condições para continuar no cargo. • 24noticias.sapo.pt
🏠 As rendas subiram 10% no primeiro trimestre de 2025, atingindo 8,22 euros por metro quadrado. Simultaneamente, o mercado contraiu com uma queda de 10,4% nos novos contratos, a maior diminuição anual registada pelo INE. • publico.pt
União Europeia
🌡️ O calor aumenta a violência machista em Madrid. No verão espanhol, 42% dos feminicídios anuais concentram-se em três meses. As chamadas para o 016 aumentam quase 10% no verão, com mais 910 chamadas diárias para emergências durante ondas de calor. • elpais.com
🇬🇷 Quatro ministros gregos demitiram-se na sexta-feira após escândalo de fundos agrícolas da UE. A OPEKEPE processou arrendamentos falsificados, canalizando milhões para terras inexistentes. Candidaturas totalizaram €705 milhões contra orçamento de €298 milhões entre 2019-2022. A Comissão Europeia multou a Grécia em €415 milhões. • euractiv.com
🏳️🌈 A 30ª Marcha do Orgulho de Budapeste adquiriu dimensão política após tentativa de proibição pelo primeiro-ministro Viktor Orbán. Mais de 70 eurodeputados e a comissária europeia da Igualdade participarão na manifestação. Pela Espanha, espera-se a participação da vice-presidente Yolanda Díaz e do ministro Ernest Urtasun. • elmundo.es
🇪🇺 Carlos Cuerpo apresentou candidatura à presidência do Eurogrupo, desafiando o irlandês Paschal Donohoe, que procura a reeleição desde 2020. A votação decorrerá a 7 de julho, com Donohoe a partir como favorito entre os 20 membros do fórum de ministros das Finanças da eurozona. • publico.es
🇩🇪 O parlamento alemão aprovou uma proposta que suspende por dois anos o reagrupamento familiar de migrantes com estatuto subsidiário. A medida foi aprovada por 444 votos a favor e 135 contra, afetando cerca de 389.000 pessoas registadas na Alemanha. • 24noticias.sapo.pt
Mundo
⚖️ O Supremo Tribunal limitou por decisão 6-3 a capacidade dos juízes federais de suspenderem ordens executivas de Trump temporariamente. A decisão pode remodelar como a cidadania é concedida nos 28 estados que não contestaram a medida. O tribunal pausou a ordem por 30 dias sem se pronunciar sobre a constitucionalidade. • nytimes.com
⚖️ Putin não participará presencialmente na cimeira BRICS no Brasil em julho devido ao mandado de captura do Tribunal Penal Internacional emitido em março de 2023. O presidente russo participará por videoconferência na reunião de 6-7 de julho no Rio de Janeiro. • themoscowtimes.com
🇵🇸 Israel ordena disparar deliberadamente contra palestinianos desarmados nos centros de distribuição de ajuda humanitária em Gaza. Segundo o Haaretz, 549 pessoas morreram e 4.066 ficaram feridas num mês. Soldados israelitas confirmam que disparam contra civis sem qualquer ameaça, transformando os pontos de ajuda num "campo de extermínio". • elpais.com
As suas contribuições são um investimento num tipo de publicação que é difícil de construir nas redes sociais, onde os algoritmos, e não os seus próprios interesses, determinam cada vez mais o que é apresentado para ler. Agradecemos o seu apoio a VamoLáVer.
EXCLUSIVOS ABERTOS
VamoLáVer por vezes partilha artigos exclusivos das diversas fontes que apresentam essa faculdade aos seus assinantes. VamoLáVer assina publicações de valor acrescentado graças aos leitores que decidiram apoiar a nossa iniciativa de cidadania melhor informada. Se é um subscritor gratuito, pode em qualquer altura fazer o upgrade para uma assinatura de apoio. Todos agradecemos.
A corrida de obstáculos e os trabalhos de José Luís Carneiro para reabilitar o PS. Candidato derrotado há ano e meio, assumiu a árdua tarefa de reerguer o partido depois da pesada derrota de Maio. A eleição deste fim-de-semana dá-lhe a legitimidade para arregaçar as mangas. Maria Lopes, no Público.
Eu sei que quem não tem cão, caça com gato, mas não deixa de ser, digamos, curioso, que se promova o toque a reunir à volta de um José Luís Carneiro e se promova um Mamdani.
Não gosto muito da frase "Depois do monumental erro de votar contra a moção de confiança de Luís Montenegro em vez da abstenção".
Além de cheirar a comentário futebolístico à segunda feira, é terrivelmente injusto para o PNS.