[2.33] 🇪🇺 💪 Não subestimem a União Europeia
Entre a Europa e os Estados Unidos, a fratura é profunda, a rotura é histórica, escreve o Le Monde em editorial. Se Vance não é flor que se cheire, a Europa não é poder que se minimize.
Esta edição tem um formato ligeiramente diferente. Os dois assuntos no topo de agenda são tratados com uma curta análise, e não apenas informação. Estamos numa altura crítica para o futuro da União Europeia. Internamente a desilusão tem sido adversária da tomada de decisão ao mais alto nível e alimento da preocupação ao nível da opinião pública e publicada. E na semana passada concretizou-se o divórcio unilateral da relação mais idealizada do que idílica entre os EUA e a UE. Como todos os momentos charneira, a União tem oportunidades únicas pela frente, para se fortalecer — e não apenas militarmente. Subestimar a capacidade do bloco europeu é um erro. A União tem muito mais para dar do que nos parece, imersos neste quadro de desilusão em que têm medrado a extrema-direita e demais forças pró-Rússia.
Outra oportunidade está criada pelo quadro em que decorrem as eleições na Alemanha. Como leremos abaixo, uma coligação entre os dois partidos do centro é do que o país precisa. Já as teve antes e foram bem sucedidas precisamente quando os desafios eram tremendos, como agora.
Não é uma edição gratuitamente otimista: alinhada com os editoriais de alguns dos principais jornais do espaço europeu, de Madrid a Londres passando por Paris, VamoLáVer chama — isso sim — a atenção para os pontos fortes do bloco. Que, para começo de conversa, tem bem mais capacidade de defesa e potencial de autonomia do que parece quando visto de dentro da bolha do desalento.
Nesta edição:
Não subestimem a União Europeia
Como apoiar a Ucrânia no curto prazo?
Não subestimem o poder do “bloco central” alemão
As coligações na Alemanha
Debate eleitoral: imigração e extrema-direita em foco
Converter escritórios em habitação: a nova fronteira do mercado imobiliário
Pedro Nuno Santos defende construção estatal de habitação para classe média
A fechar, algumas breves, com destaque para a necessidade de cinco mil trabalhadores adicionais no setor da refrigeração e climatização
As suas contribuições são um investimento num tipo de publicação que é difícil de construir nas redes sociais, onde os algoritmos, e não os seus próprios interesses, determinam cada vez mais o que é apresentado para ler. Agradecemos o seu apoio a VamoLáVer.
ATUALIDADE
🇪🇺 💪 Não subestimem a União Europeia
O discurso de Vance na conferência de segurança em Munique, na passada semana, foi um choque não tanto pelas palavras usadas, mas porque elas culminam uma sequência de eventos que já vêm de há anos e simplificam a mensagem: a União Europeia está ameaçada por dois blocos, liderados por Moscovo e Washington.
O vice-presidente foi claro sobre a inflexão que a atual administração americana introduziu nas relações transatlânticas. Washington deixou de ver na Europa uma aliada e passou a tratá-la como uma colónia. Sem subterfúgios nem falinhas mansas.
Noutras partes do discurso ficou igualmente claro que a vontade dos Estados Unidos da América é que a União Europeia se desagregue ou pelo menos fique paralisada. O que nem Putin tinha feito — minar as campanhas eleitorais em solo europeu sem o assumir — Vance não teve pudor algum em fazer: abusou do seu cargo para premir despudoradamente os botões do eleitorado alemão que vai às urnas dia 23.
O discurso marca um ponto de viragem importante: não é mais possível o branqueamento de Trump, não é mais possível, sequer, a narrativa do “não é bem assim”. Não há mais o “mundo ocidental” imaginado como um chão comum de cosmovisão, direitos e interesses. Para os EUA, e para todos os efeitos (ou seja: mesmo que o não queiram, lá como cá, largas camadas da população e em especial a população com voz mediática), há dois lados, eles e nós. Eles mandam, nós obedecemos.
O ponto de viragem foi fundamental para “nós”. Veio facilitar imenso a possibilidade, até aqui quase nula, de consensos entre os 27 que desencadeiem a ação.
Graças a Vance, o bloco europeu — e escrevo bloco aqui de propósito, pois a visão trumpista dos “colonatos” europeus inclui outro antigo “amigo e aliado”, o Reino Unido — tem uma oportunidade de ouro para se unir em torno de um objetivo comum que é tanto urgente como vital.
Enquanto escrevo decorre em Paris uma reunião de emergência convocada por Emanuel Macron com a presença de membros da UE, bem como do Reino Unido e de Ursula von der Leyen e António Costa. Não se sabe nada sobre a cimeira neste momento, para além destes dois dados:
a rapidez da disponibilidade de Alemanha, França, Itália, Espanha e Polónia para a cimeira, que ocorre 72 horas depois do divórcio unilateral declarado por Washington, bem como do Reino Unido, Países Baixos e Dinamarca, além de Mark Rutte, Costa (que se coordenou com Macron, em vez de convocar, como alguns queriam, mais uma reunião do Conselho) e von der Leyen
é prioridade na agenda o reforço da defesa da UE e o envio de tropas para a Ucrânia
A rapidez de resposta é, de resto, crucial, tão crucial como a sua dimensão. A União Europeia tem dado repetidamente sinais de paralisia por causa da sua própria rigidez estrutural. Mas à parte esse fraqueza, o bloco tem uma capacidade colossal. E a paralisia só afeta verdadeiramente o tempo das tomadas de decisão — a qualidade delas não sofre de nenhum mal, muito pelo contrário.
Basta pensar nas respostas a dois dos maiores desafios deste século — a crise financeira global provocada pela falência do sub-prime americano e a pandemia global da COVID-19 — para reconhecer que, quando se põe em marcha, a União Europeia é um comboio de formidável porte. Subestimá-la é um erro.
De cabeça fria, os líderes europeus poderão ter a oportunidade de fazer as contas dessa formidável capacidade. E passar de uma posição de espectadores passivos, dando todo o palco aos agentes económicos, a uma posição de intervenientes ativos, ocupando o palco necessário para garantir, através das decisões políticas menos populares mas firmes, o futuro dos cidadãos e empresas.
A UE tem quase 500 milhões de consumidores — não há mais nenhum bloco económico no mundo capaz de provocar uma mossa significativa nos balanços das empresas tecnológicas americanas, gigantes da inovação com pés de barro comercial, seja pela regulação internacional (tarifas, mas não só), seja pela reorientação estratégica dos laços comerciais (a China repete diariamente estar interessada no reforço desses laços).
O bloco europeu (UE mais UK) tem uma significativa capacidade militar. Não partimos do zero. E não falamos de ogivas nucleares (os arsenais de França e Reino Unido são suficientes para reduzir o mundo a pó — várias vezes), falamos (infelizmente) de pessoas para os campos de batalha e de armas. O “problema militar” é muito mais uma questão de falta de decisão do que técnico, humano ou mesmo financeiro — os atrasos que existem são recuperáveis num período de tempo suficiente para enfrentar um eventual futuro ataque da Rússia, que neste momento não está em condições de o prosseguir, mesmo que o desejasse, graças às pequenas vitórias da resistência ucraniana.
A Polónia é o membro da NATO que mais gasta atualmente: 4% do seu PIB vai para despesas militares.
Obter a autonomia em matéria de defesa é realizável. Envolve um grande esforço, sim, mas a recompensa é muito grande e justifica-o plenamente. Uma União autónoma terá um reconhecimento maior na geopolítica em reconstrução. E sem esse reconhecimento, a União perde sentido — tanto o sentido da fundação como as suas evoluções posteriores, com os alargamentos e o tratado de Maastricht.
Este momento charneira é também, e com isto termino, a oportunidade dourada para a União Europeia ter finalmente o que não foi capaz de construir, ou não quis, em 35 anos: uma política externa comum.
Fecho com uma citação do editorial do El País: “perante esta realidade, a UE não pode continuar a ser uma mera espectadora. É altura de desencadear a sua força como potência económica — e a sua capacidade de alcançar tratados com países terceiros —, de fazer valer o seu poder regulador face ao trumpismo tecnológico das grandes plataformas, de desenvolver a sua autonomia em matéria de defesa e de ter, finalmente, uma política externa comum, algo que fez na Ucrânia, mas não em Gaza. Se não quiser ver Trump a pôr fim ao período de paz e prosperidade mais longo da sua história, a Europa tem de acordar.”
Aprofundar
Jamie Dettmer no Politico: A luta pela Europa está em curso. Numa altura de intensificação da competição entre grandes potências, a UE tem de escolher entre tornar-se um satélite dos EUA ou libertar-se para traçar o seu próprio rumo — e tem de decidir rapidamente
Editorial do Le Monde: A Europa enfrenta um desafio histórico. Entre a Europa e os Estados Unidos, a fratura é profunda, a ruptura é histórica.
Editorial de The Guardian: A visão do The Guardian sobre JD Vance em Munique: a Europa deve defender os seus valores. A tarefa agora é encontrar formas de salvaguardar o modelo europeu de uma administração norte-americana cada vez mais sinistra, que adoraria vê-lo falhar.
Editorial do El País: Nova ordem mundial. É o momento de a Europa agir para defender os seus valores perante a ofensiva geopolítica e económica lançada pelos EUA.
David Carretta em La Matinal Europea: A hora das coligações para os europeus. O fortalecimento da base industrial para a defesa torna-se ainda mais fundamental. A Comissão prometeu um Livro Branco em março. A presidente Ursula von der Leyen anunciou que suspenderá as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento sobre os investimentos para a defesa porque, como nos tempos da Covid, a UE vive "circunstâncias excecionais".
Notícias a ler:
Polónia à Europa: Não brinquem com Trump, gastem mais na defesa. O primeiro-ministro polaco insiste que a Europa não deve romper laços com os EUA.
💶 O ministro das Finanças apoia flexibilização das regras orçamentais da União Europeia para aumentar despesas com defesa. Portugal, que apresenta excedente orçamental, está longe do teto de 3% do PIB, não sendo particularmente afetado por esta medida. • Público
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Como apoiar a Ucrânia no curto prazo?
Reino Unido (Keir Starmer): disponibilidade para enviar tropas
Polónia (Donald Tusk): recusa enviar tropas, oferecendo apenas apoio logístico e político aos países que decidam intervir militarmente.
Espanha e Alemanha: consideram prematuras as discussões sobre o envio de tropas, preferindo aguardar para ver se a paz ganha forma na Ucrânia.
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António Costa defende negociação com Rússia sobre nova arquitetura de segurança europeia
A notícia - O presidente do Conselho Europeu, António Costa, afirmou que a União Europeia deve participar nas negociações com a Rússia sobre o fim da guerra na Ucrânia, com vista a delinear a futura arquitetura de segurança da Europa. Esta declaração surge no Financial Times no momento em que líderes europeus se preparavam para a cimeira Paris, em resposta à decisão do Presidente americano Donald Trump de iniciar conversações com Vladimir Putin para terminar o conflito que dura há quase três anos.
António Costa afirma que se Trump pretende que os europeus assumam maior responsabilidade pela sua própria segurança, então a Europa deve ser o ator principal na conceção da nova arquitetura de segurança.
O antigo primeiro-ministro português sublinha que a questão ultrapassa a Ucrânia, alertando que a Rússia representa uma ameaça global e não apenas para território ucraniano.
Fonte: Financial Times
🇩🇪 💪 Não subestimem o poder do “bloco central” alemão
Na Alemanha, semana decisiva como poucas: últimos dias de campanha para as eleições de dia 23. Tudo na mesma do ponto de vista das sondagens, mas com variações significativas nas declarações.
O futuro chanceler, Friederich Merz (CDU/CSU), já tinha emendado a mão afirmando solenemente o seu “não é não” à extrema-direita que será provavelmente a segunda mais votada, com a AfD a rondar os 20%.
O chanceler de saída, Olaf Scholz (SPD), manteve-se muito vocal quanto à possibilidade de Merz abrir as portas da governação à extrema-direita.
Ambos os partidos têm emitido sinais de que uma coligação é possível. E o eleitorado alemão agradece: à parte o folclore puro, e mentira de uma ponta à outra, que muitos já perceberam que é tudo o que os extremistas oferecem com o “os imigrantes ameaçam-nos!”, a Alemanha tem três grandes problemas:
a defesa da União Europeia motivada pela inimizade de dois seu antigos “amigos”, Rússia e EUA (este um amigo desconfiado)
a estagnação económica, com uma população a envelhecer e a necessidade de importar trabalhadores (os números da imigração estão a baixar de forma preocupante)
a falta de uma política de reindustrialização, com hesitações sobre a sua natureza: recuperar os setores tradicionalmente fortes, como a indústria automóvel, ou investir no digital
E esses problemas não serão resolvidos, nem sequer enfrentados, com um governo fragilizado por um parceiro cujo principal interesse é minar a força da Alemanha dentro do quadro europeu — a AfD é um aliado de Moscovo.
Por outro lado, uma coligação com partidos mais pequenos, ou mesmo desfocados do que é urgente, também pode dar maus resultados, como se viu na coligação “semáforo” liderada pelo SPD e que acabou por soçobrar e dar azo às presentes eleições antecipadas.
Para grandes males, grandes remédios: uma coligação dos dois maiores partidos do centro e de governo, CDU e SPD, reunida em torno de um plano de emergência para a Alemanha, seria o melhor cenário. Em primeiro lugar para os alemães, mas todos na União somos parte interessada.
Os governos de “bloco central” têm os seus problemas e não estão na moda — mas o seu poder não pode ser subestimado. As principais reformas e decisões de fundo foram tomadas, na Alemanha, por governos de coligação CDU/SPD. E é desse tipo de poder que a Alemanha precisa nesta altura.
Tal como a União Europeia.
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As coligações na Alemanha
1. Konrad Adenauer (CDU) – 1949 a 1963
Coligação entre a União Democrata-Cristã/União Social-Cristã (CDU/CSU) e diversos partidos, em particular o Partido Democrático Liberal (FDP).
Adenauer foi o primeiro chanceler da recém-formada República Federal da Alemanha.
2. Ludwig Erhard (CDU) – 1963 a 1966
Inicialmente manteve a coligação com o FDP.
Confrontado com dificuldades económicas e tensões dentro da coligação, acabou por se demitir em 1966.
3. Kurt Georg Kiesinger (CDU) – 1966 a 1969
Formou a primeira “grande coligação” (Grosse Koalition) entre a CDU/CSU e o Partido Social-Democrata (SPD).
Período marcado por reformas e pelo debate interno sobre a forma de lidar com os movimentos estudantis de 1968.
4. Willy Brandt (SPD) – 1969 a 1974
Liderou um governo de coligação SPD-FDP.
Iniciou a Ostpolitik (aproximação à Alemanha de Leste e ao Bloco de Leste), o que lhe valeu o Prémio Nobel da Paz em 1971.
Demitiu-se em 1974 após um escândalo de espionagem no seio do seu gabinete.
5. Helmut Schmidt (SPD) – 1974 a 1982
Manteve a aliança SPD-FDP.
Teve de enfrentar diversas crises económicas (choc petrolífero) e de segurança (terrorismo da Facção do Exército Vermelho).
Em 1982, a coligação desfez-se quando o FDP mudou de lado e se aliou à CDU/CSU.
6. Helmut Kohl (CDU) – 1982 a 1998
Chegou ao poder através de uma moção de desconfiança que afastou Helmut Schmidt.
Governou em coligação com o FDP.
Conduziu o processo de Reunificação Alemã (1990) e fortaleceu a integração europeia.
7. Gerhard Schröder (SPD) – 1998 a 2005
Liderou uma inédita coligação “vermelho-verde” entre o SPD e o partido Os Verdes.
Implementou reformas económicas e sociais conhecidas como “Agenda 2010”.
Enfrentou forte oposição interna e externa por causa da participação alemã em missões internacionais.
8. Angela Merkel (CDU) – 2005 a 2021
2005–2009: Primeira “grande coligação” com o SPD.
2009–2013: Coligação CDU/CSU-FDP, por vezes designada “coligação negro-amarela”.
2013–2017: Segunda “grande coligação” com o SPD.
2017–2021: Terceira “grande coligação” com o SPD.
Merkel tornou-se a primeira mulher chanceler da Alemanha e uma das figuras mais influentes na política europeia.
9. Olaf Scholz (SPD) – 2021 até ao presente
Lidera a chamada Ampel-Koalition (“coligação semáforo”) entre SPD (vermelho), Verdes (verde) e FDP (amarelo).
Foca-se em temas como digitalização, transição energética e questões de política europeia, mantendo ao mesmo tempo a política de estabilidade fiscal.
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Leituras recomendadas:
Alemanha perante a sua responsabilidade. O governo que sair das urnas deve revitalizar a liderança da UE face às ameaças ao modo de vida europeu, editorial do El País
Alemanha: as eleições de Inverno são sobre mais do que a AfD, por Maria João Guimarães no Público (link de oferta VamoLáVer que abre artigo fechado)
What you need to know before the German election, por Toyah Höher em European Correspondent
Merz não poderá, para já e por constrangimento político, fazer uma coligação com a extrema-direita, como acontece na Holanda ou Áustria. O parceiro minoritário para formar governo terá provavelmente de ser o SPD do ainda chanceler Scholz, escreve Miguel Szymanski na sua newsletter.
A Alemanha enfrenta uma grave crise económica após o colapso do seu modelo de negócio baseado no gás russo e exportações para a China. O país não regista crescimento económico real há cinco anos e terá de encontrar uma nova estratégia após as eleições antecipadas de 23 de fevereiro. • Associated Press
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Debate eleitoral: imigração e extrema-direita em foco
A uma semana das eleições legislativas antecipadas na Alemanha, o debate entre os principais candidatos centrou-se na imigração ilegal e na relação com a extrema-direita. Friedrich Merz, da União Democrata-Cristã (CDU), e Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata (SPD), trocaram críticas sobre a política de imigração, mas concordaram em rejeitar qualquer acordo com a extrema-direita. O debate contou também com a participação de Robert Habeck, dos Verdes, e Alice Weidel, da Alternativa para a Alemanha (AfD).
Imigração e segurança - Merz criticou Scholz pela gestão da imigração, afirmando que o número de imigrantes ilegais que chegam à Alemanha em quatro dias é equivalente ao número de deportações mensais. Scholz defendeu-se, destacando uma redução significativa nas chegadas ilegais e um aumento nas deportações durante o seu mandato. O debate intensificou-se após um ataque em Munique, com Merz a sugerir a necessidade de dialogar com os talibãs para controlar a situação dos refugiados afegãos.
Extrema-direita e AfD - Ambos os candidatos principais, Merz e Scholz, rejeitaram qualquer colaboração com a AfD, partido classificado como radical de direita. Merz expressou indignação com a possibilidade de Björn Höcke, líder da AfD na Turíngia, se tornar ministro, enquanto Scholz criticou declarações passadas de membros da AfD sobre o nacional-socialismo.
Críticas aos EUA - Os candidatos também criticaram as declarações do vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, que sugeriu que a liberdade de expressão está ameaçada na Europa. Merz e Scholz consideraram inaceitável a intervenção americana nos assuntos internos da Alemanha, reafirmando a autonomia do país nas suas decisões políticas.
Fonte: cnnportugal.iol.pt
Relacionada
🌍 Milhares de manifestantes saíram às ruas na Alemanha para protestar sobre questões climáticas, uma semana antes das eleições federais de 23 de fevereiro. O movimento Fridays for Future organizou protestos em 150 locais, reunindo mais de 100 mil participantes. • euronews.com
🏙️ 🏘️ Converter escritórios em habitação: a nova fronteira do mercado imobiliário
Os desenvolvedores imobiliários estão a explorar novas formas de repensar os edifícios de escritórios obsoletos, transformando-os em habitações multifamiliares. Esta tendência não se limita apenas aos centros urbanos, mas estende-se também aos subúrbios, onde a procura por habitação continua em alta.
No estado americano de Massachusetts, onde são necessárias 220.000 casas com urgência, algumas cidades já enveredaram pela solução.
Transformação de escritórios em habitações
Jeremy A. Freid, sócio sénior da 128 CRE, uma empresa de mediação imobiliária comercial sediada em Newton, afirma que muitos proprietários de imóveis nos subúrbios de Boston estão a avaliar a possibilidade de demolir os seus edifícios e construir habitações multifamiliares. Esta mudança é impulsionada por uma reestruturação pós-COVID, que afetou significativamente os escritórios suburbanos. Ao longo das rotas 128 e 495, mais de 2 milhões de metros quadrados de espaço de escritórios foram desocupados no último ano, segundo a empresa imobiliária Newmark.
Eliminação do zoneamento para habitação unifamiliar
Cambridge tornou-se uma das primeiras cidades em Massachusetts a eliminar o zoneamento para habitação unifamiliar, numa tentativa de resolver a crise habitacional. A medida coloca Cambridge na vanguarda do movimento nacional YIMBY — Yes in My Back Yard — que apoia regras de zoneamento mais flexíveis para aumentar a produção de habitação. A política da aceitação de prédios de habitação de seis andares é talvez a mais abrangente política YIMBY aprovada numa cidade dos EUA até à data.
Grande parte do stock de escritórios suburbanos da Grande Boston é considerado funcionalmente obsoleto, sem procura por parte dos inquilinos e demasiado antiquado para justificar investimentos significativos na sua modernização. No final do ano, cerca de 23% do espaço de escritórios estava disponível para arrendamento, a taxa mais elevada em mais de 20 anos, segundo a Colliers.
Recorde de conversões em 2024: Nos EUA, 2024 foi um ano recorde para a conversão de edifícios de escritórios em apartamentos. Mais de 55.300 unidades habitacionais estão a ser transformadas a partir de edifícios de escritórios, um aumento de mais de quatro vezes em comparação com 2021, devido ao aumento das taxas de vacância de espaços comerciais em cidades americanas.
Nova Iorque tem 29 “Empire States” à espera de conversão: A cidade tem cerca de 79 milhões de metros quadrados de espaço de escritórios vazios, o equivalente a mais de 29 edifícios Empire State, e está a considerar a conversão destes espaços.
Tendência observada também na União Europeia
A tendência de conversão de escritórios em habitações está a ganhar tração noutras partes do mundo, impulsionada pelo aumento do trabalho remoto e pela crescente necessidade de habitação. Aqui estão algumas notícias recentes.
Espanha: Em Barcelona, cerca de 763.000 metros quadrados de espaço de escritórios não são rentáveis e podem ser convertidos em unidades residenciais, potencialmente introduzindo cerca de 8.000 novas unidades habitacionais no mercado.
Alemanha: As sete maiores cidades da Alemanha enfrentam falta de habitação à medida que a população continua a aumentar. A conversão de escritórios em habitações é vista como uma solução potencial para aliviar a crise habitacional.
Frankfurt: Na década de 2000, Frankfurt assistiu à conversão em grande escala da Niederrad Office City em uma área mista, com mais de 3.000 apartamentos construídos ou em planeamento até ao verão de 2015. Esta transformação incluiu a adição de creches, supermercados e outras comodidades.
Bruxelas, Bélgica: Bruxelas tem uma história de conversão de escritórios desde a década de 1990, impulsionada por fatores como o crescimento populacional, o aumento da procura de habitação e o aumento dos valores das propriedades residenciais. A descentralização de escritórios e a redução de empresas também contribuíram para esta tendência.
Paris, França: Paris e a região de Île-de-France estão a incentivar a conversão de escritórios em habitações através de prémios internacionais que destacam projetos de transformação exemplares. Esta iniciativa visa valorizar edifícios de escritórios vazios e abordar a crise habitacional.
Em Seine-Saint-Denis, os antigos escritórios de Bison Futé estão a ser convertidos em residências sociais, adaptando a estrutura existente para criar habitação acessível
Londres, Reino Unido: A cidade de Londres anunciou planos para criar pelo menos 1.500 unidades residenciais através da conversão de edifícios de escritórios até 2030. Esta estratégia visa criar um ambiente urbano mais resiliente e apoiar pequenas empresas no distrito.
Fontes
Número recorde de escritórios a serem convertidos em apartamentos em 2024 - TIME
Como algumas cidades dos EUA estão convertendo espaços de escritórios vazios em habitações - PBS News
Conversão de espaço de escritórios vazios em habitação - Center for American Progress
Habitação não é a única opção para conversão de edifícios de escritórios - Voit Real Estate Services
Mitos sobre a conversão de escritórios em habitação — e o que realmente pode revitalizar os centros urbanos - Brookings
A nova fronteira do mercado imobiliário: parques de escritórios suburbanos - The Boston Globe
Onda de conversão de escritórios varre a Europa - Hollis
Aumento dos custos habitacionais na UE: os factos - Parlamento Europeu
Conversão de espaço de escritórios vazios em habitação: uma oportunidade real ou um sonho impossível? - Knight Frank
🏘️ 🏗️ Pedro Nuno Santos defende construção estatal de habitação para classe média
A notícia - O líder do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, visitou esta segunda-feira o conjunto habitacional na Quinta de Alfazina, em Almada, para defender que o Estado deve assumir a responsabilidade de construir habitação não apenas para famílias carenciadas, mas também para a classe média. Durante a visita ao complexo promovido pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), o antigo ministro das Infraestruturas e da Habitação criticou o atual Governo por focar a construção pública apenas na população carenciada.
O líder socialista defende que é necessário aumentar a despesa pública com habitação, à semelhança do que acontece em outros países europeus, visando atingir entre 40 a 50 mil fogos por ano, em comparação com os atuais 20 mil.
Pedro Nuno Santos argumenta que o apoio da população aos programas de construção pública só será possível se a classe média não for excluída destes projetos, defendendo simultaneamente o apoio ao setor privado e cooperativo.
Fonte: observador.pt
Portugal
⚖️ O Bloco de Esquerda vai votar contra a moção de censura ao Governo anunciada pelo Chega. O presidente do Chega ameaçou apresentar a moção caso o primeiro-ministro Luís Montenegro não dê explicações sobre alegadas suspeitas de corrupção nas próximas 24 horas. • rr.sapo.pt
🌾 O Aproveitamento Hidroagrícola de Alqueva foi classificado como obra nacional. O projeto, que abrange 120 mil hectares de regadio em 12 concelhos do Alentejo, recebeu esta classificação através de uma resolução do Conselho de Ministros, reconhecendo a sua importância na transformação das condições agrárias da região. • cnnportugal.iol.pt
União Europeia
🤝 Brasil e Espanha anunciam novo formato de cimeiras bilaterais lideradas pelo presidente do Governo espanhol e pelo primeiro-ministro brasileiro. Espanha, que reserva este modelo apenas para parceiros estratégicos de primeiro nível, torna o Brasil o primeiro país da América Latina a estabelecer este tipo de acordo. • 24.sapo.pt
Economia
🌡️ O setor da refrigeração e climatização enfrenta escassez de pessoal. São necessários cinco mil trabalhadores adicionais para responder às exigências ambientais europeias e ao aumento de 60% na atividade desde a pandemia, num setor que conta atualmente com 25 mil profissionais. • publico.pt
💰 Os novos créditos ao consumo atingiram máximo histórico em 2024, totalizando 8424 milhões de euros, um aumento de 10% face ao ano anterior. Apesar de ligeiras quedas em novembro e dezembro, o último mês de 2024 registou um crescimento de 19,3% em comparação com o mesmo período de 2023. • publico.pt
Mundo
⚛️ A administração Trump suspendeu o despedimento de funcionários da Segurança Nuclear. Esta decisão reverte a medida inicial, tomada há dias, em que de 350 funcionários da Administração Nacional de Segurança Nuclear foram despedidos, incluindo 30 por cento dos trabalhadores da fábrica Pantex, no Texas, responsáveis pela remontagem de ogivas nucleares. • apnews.com
🏠 O Governo australiano proibiu a compra de casas por investidores estrangeiros durante dois anos, a partir de 1 de abril. A medida visa reduzir a pressão no mercado imobiliário, sendo que a restrição será reavaliada em março de 2027 para determinar uma possível extensão. • rtp.pt
🌡️ Cientistas descobrem que a diminuição das nuvens está a aquecer a Terra de forma preocupante. Dois novos estudos revelam que a cobertura de nuvens baixas diminuiu drasticamente na última década, contribuindo com 0,2 graus Celsius para as temperaturas recordes de 2023, que atingiram 1,48 graus acima da média pré-industrial. • washingtonpost.com
O meu optimismo não é tão grande.
Concordo consigo quanto às capacidades da UE, junto inclusive uma possível união de facto face ao "inimigo" comum. Mas há um pequeno pormaior: falta-nos um líder. E isso como se tem visto, faz toda a diferença.