[2.31] 🇺🇸 💥 EUA: já não há regresso (ao anterior status quo)
Golpe, revolução, crise constitucional — as designações divergem mas o objeto é o mesmo: a mudança forçada pela administração Mump. Os "checks and balances" não estão a resistir.
O turbilhão de medidas está a desacelerar, o mundo recupera alguma lucidez. A administração Trump, com o apoio de figuras como Elon Musk, está a redefinir o papel dos EUA no mundo — e não para melhor. Mas a afetação mundial vem num segundo fôlego: as primeiras mudanças ocorrem nos Estados Unidos da América onde, com a poeira a assentar, se descortina agora a silhueta do golpe — ou da revolução, ou da crise constitucional, os nomes mudam conforme os autores e o seu posicionamento.
Se alguns aplaudem a mudança “necessária”, outros nem tanto: como damos conta nesta edição, os efeitos do mumpismo fazem-se sentir no admirado sistema de checks and balances estado-unidense, um alargado e difuso conjunto de instituições, públicas e privadas, do qual também fizeram parte os jornais e televisões. Os americanos e, na segunda plateia, os europeus depositavam grande esperança na resiliência desse sistema. Mas a nula intervenção do Congresso — primeira e mais importante peça do sistema de freios e contrapesos — mostra como é frágil esse sistema. Em três semanas mal medidas — Trump tomou posse há 20 dias — e simplificando em gíria futebolística, o resultado é: Mump, 1 - checks and balances, 0.
Esta edição tem a crise americana como tema maior, mas há mais noticiário.
EUA: já não há regresso (ao anterior status quo)
Sabotando a Pax Americana: Trump e Musk estão a tornar os EUA desacreditados, sem amigos e mais fracos
Trump e a desestabilização da ordem global: um novo capítulo de caos e incerteza
UE promete reação às novas taxas alfandegárias anunciadas por Trump
Debate aceso entre Scholz e Merz marca campanha eleitoral alemã
BMW mantém aposta em motores convencionais face à incerteza no mercado dos elétricos
Cimeira em Paris debate impacto da IA no futuro do trabalho
Angola e Moçambique entre os países africanos mais vulneráveis a choques económicos
E ainda uma novidade VamoLáVer: os leitores já têm acesso ao agregador de meios alternativos e ao filtro de mainstream media. Ler a explicação a fechar este número.
[ E por falar em fechar o número: esta edição está um pouco mais extensa que o habitual e poderá não ser apresentada inteiramente nalguns leitores de correio eletrónico, caso em que terá no final um botão para ler o restante no site. ]
ATUALIDADE
🇺🇸 💥 EUA: já não há regresso (ao anterior status quo)
Num artigo publicado no New York Times, Jamelle Bouie descreve a situação alarmante no governo dos Estados Unidos, onde Elon Musk, um cidadão privado, exerce um poder sem precedentes sobre agências federais, aparentemente com o aval do presidente Donald Trump. Musk, que não foi eleito nem nomeado para qualquer cargo oficial, teria assumido o controlo de instituições críticas, como o Office of Personnel Management e o General Services Administration, além de ter acesso ao sistema de pagamentos do Tesouro, que contém informações sensíveis de milhões de cidadãos.
Bouie destaca que Musk está a usar este acesso para cancelar financiamentos a programas governamentais que considera ineficazes ou corruptos, como no caso da United States Agency for International Development (USAID), que ele descreveu como uma "organização criminosa" e um "ninho de marxistas radicais". Musk justifica estas ações com a crença de que o corte de gastos públicos é essencial para reduzir a inflação, uma visão que Bouie considera economicamente falaciosa.
O autor sublinha que, mesmo que Musk tivesse sido eleito, as suas ações constituiriam um abuso grave de poder executivo. Ninguém no governo tem autoridade legal para cancelar unilateralmente atribuições do Congresso, aceder a dados sensíveis sem supervisão ou desmantelar agências federais sem justificação. No entanto, o Congresso, liderado por republicanos, tem-se mostrado relutante em agir, permitindo que Trump e Musk redefinam as regras do sistema político americano.
Bouie argumenta que Trump e Musk estão a tentar instaurar uma teoria anticonstitucional do poder executivo, onde o presidente se sobrepõe aos outros poderes, promovendo uma agenda plutocrática de austeridade e redistribuição de riqueza para os mais ricos. Se tiverem sucesso, a Constituição como a conhecemos pode deixar de ser relevante.
O artigo conclui que, embora os opositores de Trump e Musk possam tentar moldar a opinião pública para alertar sobre os perigos desta situação, a realidade é que o sistema político americano já foi profundamente alterado. Qualquer solução futura exigirá uma redefinição fundamental do sistema, pois não será possível regressar ao status quo anterior. Caso contrário, o país arrisca-se a enfrentar novos líderes como Trump e Musk, perpetuando uma crise política sem fim.
Leitura integral oferecida por VamoLáVer: There Is No Going Back, Jamelle Bouie no New York Times
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Sabotando a Pax Americana: Trump e Musk estão a tornar os EUA desacreditados, sem amigos e mais fracos
O artigo de Paul Krugman na sua newsletter aborda a destruição da United States Agency for International Development (USAID) por Elon Musk, com a conivência de Donald Trump. Krugman descreve esta ação como ilegal e devastadora, comparando-a à política externa de "Humpty Dumpty" — uma vez destruída, será difícil ou impossível reconstruir a agência e as relações que ela mantinha. A USAID, além do seu papel humanitário, era um pilar crucial da política externa dos EUA, e o seu desmantelamento minou décadas de construção de confiança e influência global.
Krugman contextualiza a importância histórica da USAID e da Pax Americana, o período de influência global dos EUA após a Segunda Guerra Mundial. Durante este período, os EUA optaram por uma abordagem mais sofisticada do que a conquista territorial, focando-se em ajudar aliados e antigos inimigos a recuperarem-se, como no Plano Marshall. Esta estratégia baseava-se na criação de um sistema internacional de comércio e alianças militares, como a NATO, que promovia a prosperidade e a cooperação, em vez de dominação direta.
No entanto, Krugman argumenta que as ações recentes de Musk e Trump — como a destruição da USAID e as ameaças de tarifas unilaterais contra Canadá e México — estão a minar a credibilidade e a autoridade moral dos EUA. Estas ações, baseadas em teorias da conspiração de direita e numa visão distorcida da ajuda humanitária, mostram um abandono dos valores que sustentaram a influência global dos EUA. Além disso, as ameaças de anexação de territórios aliados, como a Gronelândia, reforçam a ideia de que os EUA já não vêem os seus aliados como parceiros iguais.
Krugman alerta que esta mudança de atitude ocorre num momento crítico, em que a China surge como uma potência económica rival e os EUA precisam mais do que nunca de aliados. Ao alienar democracias e quebrar acordos internacionais, os EUA estão a enfraquecer a sua posição global, algo que Krugman compara a um autossabotagem, como se a China e a Rússia tivessem infiltrado agentes para minar a influência americana.
Em suma, Krugman conclui que as ações de Musk e Trump estão a destruir os alicerces da Pax Americana, deixando os EUA mais isolados e menos capazes de enfrentar os desafios geopolíticos do século XXI. A confiança e a cooperação internacional, construídas ao longo de décadas, estão a ser desfeitas em semanas, com consequências potencialmente irreversíveis.
Recensão de Sabotaging the Pax Americana: Trump and Musk are making us distrusted, friendless and weak, por Paul Krugman
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Trump e a desestabilização da ordem global: um novo capítulo de caos e incerteza
A eleição de Donald Trump para um segundo mandato como presidente dos EUA trouxe consigo uma onda de instabilidade global, com líderes mundiais a assistirem, perplexos, ao desmantelamento acelerado de instituições internacionais e ao surgimento de uma nova era de incerteza. Desde ameaças de anexação de territórios até à destruição de agências humanitárias, a administração Trump, com o apoio de figuras como Elon Musk, está a redefinir o papel dos EUA no mundo — e nem sempre para melhor.
A destruição da USAID e o impacto humanitário
Um dos primeiros alvos da nova administração foi a United States Agency for International Development (USAID), uma agência crucial para a ajuda humanitária e a estabilização global. Trump, com o apoio de Musk, desmantelou a agência, alegando que esta estava infestada de "marxistas radicais". Esta decisão, além de ilegal, deixou milhões de pessoas em situações vulneráveis sem acesso a alimentos, medicamentos e apoio essencial.
Organizações como a rede de mulheres do Kosovo já expressaram preocupação com o futuro dos programas de ajuda, mas destacaram a sua resiliência. "Faremos o nosso melhor", disse Arjana Qosaj Mustafa, representante da rede. No entanto, a destruição da USAID não é apenas uma questão humanitária — é um golpe na credibilidade moral dos EUA, que durante décadas foram vistos como um farol de esperança e apoio global.
Ameaças à ordem internacional
A abordagem de Trump à política externa tem sido marcada por declarações bombásticas e ações imprevisíveis. Desde sugerir a anexação da Gronelândia — um território autónomo dinamarquês — até propor transformar a Faixa de Gaza num "Riviera do Médio Oriente", o presidente norte-americano tem desafiado as normas internacionais e alienado aliados históricos.
A Dinamarca, por exemplo, viu-se forçada a defender a sua posição como "um bom aliado" após o vice-presidente JD Vance acusar o país de não cooperar com os interesses dos EUA. A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, reuniu-se com líderes europeus para fortalecer a união regional face às ameaças de Trump, destacando a importância de alianças sólidas num mundo cada vez mais imprevisível.
Na Europa, a reação à retórica de Trump tem sido mista. Enquanto líderes como o primeiro-ministro polaco Donald Tusk alertam para o risco de uma "guerra comercial desnecessária e estúpida", figuras da extrema-direita, como Marine Le Pen e Viktor Orbán, celebraram a agenda de Trump num evento intitulado "Make Europe Great Again". Esta divisão reflete a polarização global e a dificuldade em responder de forma coesa às ações disruptivas da administração norte-americana.
O efeito "flood the zone"
Uma das táticas mais eficazes de Trump tem sido o que os seus aliados chamam de "flood the zone" — inundar o espaço mediático e político com tantas ações e declarações que se torna impossível para os opositores responderem a todas. Desde ameaças de tarifas comerciais até propostas de anexação territorial, o presidente mantém o mundo em suspense, criando um clima de caos que beneficia a sua narrativa de "America First".
Esta estratégia já mostrou resultados práticos. Quando a Colômbia resistiu inicialmente a aceitar imigrantes enviados pelos EUA, Trump respondeu com a ameaça de aumentar as tarifas em 50%. A Colômbia cedeu, e o exemplo foi claro: quem se opuser a Trump enfrentará consequências severas.
O futuro da Pax Americana
A Pax Americana, o período de relativa estabilidade global liderado pelos EUA após a Segunda Guerra Mundial, está sob ameaça. Instituições como a NATO, as Nações Unidas e o Banco Mundial, que dependem da liderança e do financiamento norte-americanos, enfrentam um futuro incerto. A decisão de Trump de retirar os EUA da Organização Mundial da Saúde (OMS) pela segunda vez deixou a agência sem o seu maior doador, enquanto as ameaças à NATO minam a confiança dos aliados.
Heather Hurlburt, especialista em assuntos internacionais, alerta que as ações de Trump representam uma mudança permanente no panorama global, não um mero interregno de quatro anos. A desconfiança em relação aos EUA está a crescer, e os aliados estão a ser forçados a reconsiderar as suas alianças e estratégias.
Conclusão: um mundo em transição
A administração Trump está a redefinir o papel dos EUA no mundo, mas não de uma forma que promova a estabilidade ou a cooperação. Em vez disso, as suas ações estão a criar um ambiente de incerteza e desconfiança, onde os aliados se sentem traídos e os adversários se sentem encorajados.
Enquanto o mundo assiste a este novo capítulo da política externa norte-americana, uma coisa é clara: a ordem global tal como a conhecemos está a mudar. E, infelizmente, não está a mudar para melhor. A questão que permanece é se os EUA conseguirão recuperar a sua credibilidade e liderança — ou se o legado de Trump será um mundo mais dividido e menos seguro.
Aprofundar:
Não espere que os tribunais nos salvem de Donald Trump. Os tribunais são, por natureza, instituições reativas. Trump sempre faz o primeiro movimento - Vox
Trump desencadeou o caos através da distração sobre a comunidade internacional. Não foi por acaso - Associated Press
Precisamos de indignação justa e de dizer a verdade, não de complacência
O tom, tanto nos media como na política, está demasiado contido para a emergência que enfrentamos, Margaret Sullivan
🌍 💰 UE promete reação às novas taxas alfandegárias anunciadas por Trump
A notícia - A Comissão Europeia anunciou que irá reagir à imposição de taxas alfandegárias de 25% sobre aço e alumínio prometidas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A medida, anunciada enquanto Trump se dirigia à final da Super Bowl, pode reacender um conflito comercial entre a UE e os EUA que estava adormecido desde 2022. A Comissão, liderada por Ursula von der Leyen, considera a medida ilegal e economicamente contraproducente, especialmente considerando as cadeias de produção integradas entre as duas regiões.
A disputa teve início em 2018, durante o primeiro mandato de Trump, quando foram impostas taxas de 25% e 10% sobre importações de aço e alumínio da UE, totalizando 6,4 mil milhões de euros anuais.
O chanceler alemão Olaf Scholz afirmou durante um debate televisivo que a União Europeia está preparada para responder rapidamente, podendo atuar dentro de uma hora após a imposição das taxas.
A Comissão Europeia adverte que as taxas prejudicariam os próprios cidadãos americanos, aumentando custos para as empresas e alimentando a inflação, além de poder afetar setores específicos como a indústria automóvel, farmacêutica e agrícola europeia.
Fonte: rr.sapo.pt
🗳️ 🇩🇪 Debate aceso entre Scholz e Merz marca campanha eleitoral alemã
A notícia - A duas semanas das eleições alemãs, o atual chanceler Olaf Scholz, do Partido Social Democrata (SPD), e o líder conservador Friedrich Merz (CDU) protagonizaram um debate televisivo tenso no domingo. Os candidatos confrontaram-se sobre temas cruciais como imigração, economia e a forma de lidar com as ameaças comerciais do presidente americano Donald Trump. O debate ocorre num momento em que o partido de Merz lidera as sondagens, com o SPD de Scholz em terceiro lugar.
O tema da imigração dominou grande parte do debate, com Scholz a criticar duramente a proposta de Merz de rejeitar requerentes de asilo nas fronteiras alemãs, considerando-a uma violação da lei europeia. O líder conservador, por sua vez, acusou Scholz de viver numa realidade paralela quanto à gestão do sistema de asilo.
A questão da AfD gerou forte polémica, com Scholz a acusar Merz de normalizar a extrema-direita ao tentar usar votos da Alternativa para a Alemanha (AfD) para aprovar propostas sobre imigração no Bundestag. O líder da oposição negou veementemente qualquer possibilidade de cooperação com o partido.
Na vertente económica, os candidatos apresentaram visões opostas, com Merz a defender cortes fiscais generalizados e maior disciplina orçamental, enquanto Scholz criticou estas políticas por favorecerem os mais ricos.
Fonte: politico.eu
🚗 💨 BMW mantém aposta em motores convencionais face à incerteza no mercado dos elétricos
A notícia - A BMW, fabricante alemã de automóveis, confirmou através do seu administrador Jochen Goller que continuará a investir em motores de combustão e tecnologia híbrida, especialmente considerando o mercado norte-americano. Em declarações ao Financial Times, o administrador afirmou que seria "ingénuo" acreditar que a eletrificação nos EUA seguiria um caminho linear, descrevendo-a como uma "viagem de montanha-russa".
As vendas globais de veículos elétricos e híbridos plug-in cresceram 25% em 2024, atingindo 17 milhões de unidades, impulsionadas principalmente pelo mercado chinês, enquanto o mercado europeu estagnou, segundo dados da consultora Rho Motion.
Donald Trump decidiu eliminar o “mandato do veículo elétrico” nos EUA, removendo subsídios e barreiras regulamentares que favoreciam os veículos elétricos, alterando significativamente o panorama do mercado automóvel americano.
Vários fabricantes mundiais reduziram os objetivos de produção de elétricos devido ao abrandamento da procura, infraestruturas de carregamento limitadas e maior concorrência das marcas chinesas, incluindo a Toyota, Stellantis, General Motors e Ford.
Fonte: publico.pt
🤖 💼 Cimeira em Paris debate impacto da IA no futuro do trabalho
A notícia - A Cimeira para a Ação sobre a Inteligência Artificial, realizada esta segunda-feira em Paris, reuniu líderes empresariais e sindicais para debater o impacto da IA no mercado laboral. Guillaume Faury, diretor executivo da Airbus, Christy Hoffman, secretária-geral da UNI Global Union, e Gilbert Houngbo, diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), apresentaram visões divergentes sobre o tema, dividindo-se entre os defensores da inovação tecnológica e os que apelam a um diálogo social mais amplo.
A OIT prevê que 2,3% dos empregos globais serão automatizados, afetando principalmente funções administrativas ocupadas por mulheres, o que poderá aumentar a disparidade de género no mercado de trabalho. Nos países do Sul, esta percentagem poderá atingir os 5%.
A Airbus juntou-se a uma coligação de 60 empresas que pretendem tornar a Europa líder mundial em IA, defendendo uma simplificação drástica do quadro regulamentar europeu.
O Grupo Adecco revela que apenas 46% das empresas manterão os funcionários cujas funções podem ser automatizadas, alertando o diretor executivo Denis Machuel para a necessidade urgente de requalificação profissional, especialmente entre os trabalhadores menos qualificados.
Fonte: liberation.fr
🌍 💰 Angola e Moçambique entre os países africanos mais vulneráveis a choques económicos
A notícia - Um relatório de 2024 sobre o Desenvolvimento Económico em África, elaborado pela UNCTAD (agência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento), identifica Moçambique, Zâmbia, Angola, Sudão do Sul e República do Congo como os países africanos mais expostos a choques económicos devido aos seus níveis de dívida pública e dependência do comércio global.
O documento, apresentado em Abidjan pela secretária-geral da UNCTAD, Rebeca Grynspan, e pelo ministro Souleymane Diarrassouba da Costa do Marfim, destaca que a inflação elevada de 2022 e o consequente aumento das taxas de juro podem criar dificuldades significativas para países com elevado endividamento.
Em 2023, quase metade dos países africanos apresentava um rácio da dívida face ao PIB superior a 60%, aumentando o risco de incumprimentos financeiros e limitando o investimento no desenvolvimento económico.
A secretária-geral da UNCTAD mantém uma perspetiva otimista, enfatizando o potencial de África e defendendo que, com políticas e parcerias adequadas, existem oportunidades significativas, apesar dos desafios atuais do continente.
O relatório alerta que países com maior concentração de exportações e dívida governamental mais profunda estão particularmente expostos aos choques económicos da atual "policrise".
Fonte: 24.sapo.pt
Leitores de VamoLáVer já têm acesso ao agregador de meios alternativos e ao filtro de mainstream media
Ontem dei outro passo no projeto de cidadania informada que é a VamoLáVer: tornei pública a versão experimental de um agregador / filtro.
Agregador porque reúne uma coleção de fontes alternativas, desde os blogues que resistiram até newsletters, passando por meios nascidos digitais e autores que publicam na Medium.
As redes sociais acabaram com as interligações entre as publicações da outrora pujante cena da blogosfera, viveiro da transformação digital que afetou a publicação em geral e os jornais em particular. A agregação é uma forma de ultrapassar parcialmente o fim das interligações, proporcionando um mecanismo de descoberta de publicações e autores de valia para o espaço público e que estão, digamos, soterrados pelo fluxo sem fim das redes sociais.
Filtro porque, no pólo oposto, as publicações mainstream mudaram a sua natureza de primeira página da realidade para se tornarem em mais um fluxo interminável de informação, muitas vezes sem nexo, algumas vezes errada ou errónea, e em todos os casos uma cortina opaca que esconde as notícias importantes no meio do gigantesco cardume de banalidade.
Só vos digo: é bem mais fácil agregar do que filtrar. Mesmo aplicando a experiência de filtragem entretanto acumulada em ano e meio a produzir as newsletters VamoLáVer, o caos que é hoje o jornalismo mainstream é quase impossível de ordenar.
A boa notícia é que cheguei a um ponto de conforto suficiente para expor aos leitores, assinantes e apoiantes da VamoLáVer esse agregador/filtro.
O que faz nesta altura? Do lado dos alternativos, agrega mais de 50 publicações. Há muito trabalho para realizar na sua catalogação, mas já tem utilidade. Eu, por exemplo, voltei a ter no meu radar Vital Moreira, que nunca parou de publicar no seu Causa Nossa, bem como o Delito de Opinião (que não é propriamente meu favorito, mas VamoLáVer pugna por uma dieta o mais equilibrada possível, para minorar o efeito-bolha, é mesmo um dos alicerces do projeto).
Do lado do mainstream, para já filtra apenas os artigos que foram manchete — isto é, que foram escolhidos pelos editores dos jornais para o principal destaque das suas homepages. Recolhemos também os artigos publicados nas secções de política e economia, sempre que isso é possível (e poucas vezes é, a etiquetagem dos jornais portugueses é um incompreensível desastre, salvo exceções como o Público). Mas para o arranque decidi avançar apenas com as manchetes, que, desde que filtradas, espelham necessariamente o mais importante.
Recolher não basta: é preciso filtrar. Um dia talvez vá procurar os dados, mas agora fiquemos com uma impressão: o futebol e as auto-promoções ocupam a fatia de leão das manchetes. Programar as funções para separar esse, digamos, ruído e isolar as mensagens relevantes para o interesse público é um grande desafio. E não estando plenamente satisfeito com o resultado nesta altura, estou suficientemente satisfeito para o partilhar.
No site verá que o filtro tem três tabuladores: cruciais, importantes e positivas. Os dois primeiros são hierárquicos, o terceiro é uma primeira tentativa de contrariar o viés negativo que, resultando da natureza do jornalismo tanto quanto do ser humano, atualmente distorce sobremaneira o nosso olhar sobre o que está a acontecer.
Uma nota final: as notícias saídas da refinadora dos meus mecanismos de filtragem são também passadas, de forma automática, à conta da VamoLáVer na rede Bluesky. Outras redes se seguirão (alguma preferência deve ser manifestada respondendo a esta newsletter).
Portugal
🇵🇹 O presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, destacou a necessidade de um debate sério sobre migrações para combater a desertificação do interior de Portugal. Reuniu-se na Guarda com líderes de 13 municípios, discutindo preocupações como mobilidade, transportes públicos e financiamento de competências delegadas às autarquias. • cnnportugal.iol.pt
🇮🇱 O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal reafirmou o apoio à solução dos dois Estados em Jerusalém. Paulo Rangel destacou a importância do diálogo para garantir a segurança de Israel e um futuro estado da Palestina. Considerou o cessar-fogo frágil, mas um farol de esperança, apelando à continuidade da ajuda humanitária para Gaza. • publico.pt
👮 PSP e GNR registaram mais de 30 mil queixas de violência doméstica em 2024, uma ligeira diminuição de 0,6% face a 2023. No mesmo período, 22 pessoas foram mortas neste contexto, incluindo 19 mulheres e três homens, e mais de 5.400 pessoas foram detidas. • 24.sapo.pt
🏥 O partido Livre propõe envolver profissionais de saúde na escolha das lideranças hospitalares. Paulo Muacho, deputado do Livre, destaca que a participação ativa dos profissionais visa garantir lideranças mais resilientes e eficazes. O projeto ainda está em desenvolvimento, mas busca democratizar o processo, em resposta a uma onda de demissões recentes no setor. • sicnoticias.pt
🇧🇷 O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai visitar oficialmente o Brasil entre 16 e 20 de fevereiro, a convite do Presidente Lula da Silva. A visita inclui a 14.ª Cimeira Luso-Brasileira em Brasília, no dia 19, com a participação do primeiro-ministro Luís Montenegro e membros do governo PSD/CDS-PP. • cnnportugal.iol.pt
União Europeia
🚢 Países europeus preparam nova estratégia contra a Rússia. O plano inclui apreensões de petroleiros russos no mar Báltico, visando 74 navios-tanque da frota fantasma de Putin, que representa 40% das vendas totais de petróleo russo e transporta mais de 80% do petróleo bruto do país. • cnnportugal.iol.pt
🇷🇴 O Presidente romeno Klaus Iohannis anunciou a sua demissão. Deixará o cargo na quarta-feira, após críticas por permanecer após o cancelamento da eleição presidencial de dezembro. A eleição foi cancelada devido a suspeitas de interferência russa, e o sucessor será eleito em maio. • cnnportugal.iol.pt
💶 Os bancos europeus ficam isentos de contribuições para o Fundo Único de Resolução europeu em 2024, após este atingir uma reserva de 80 mil milhões de euros. O presidente do Conselho Único de Resolução (CUR), Dominique Laboureix, prevê que esta situação se mantenha no próximo ano, caso as circunstâncias não se alterem. • 24.sapo.pt
Economia
🍏 As exportações portuguesas de frutas, legumes e flores cresceram 7,5% em 2024, atingindo um recorde de 2.500 milhões de euros. Este aumento reflete o crescimento contínuo das vendas internacionais, conforme divulgado pela Portugal Fresh e pelo INE. • 24.sapo.pt
Mundo
⚖️ A oposição israelita acusa o Governo de bloquear uma comissão de inquérito sobre os acontecimentos de 7 de outubro de 2023. O caso foi levado ao Supremo Tribunal por familiares das vítimas e ONG, que exigiam uma investigação nacional, tendo o tribunal dado 60 dias ao Governo para debater a questão. • 24.sapo.pt
🌍 Moçambique recebeu garantias de ajuda financeira internacional. Instituições como o FMI, Banco Mundial e ONU comprometeram-se a apoiar projetos em agricultura, infraestruturas, saúde e educação. A ONU destacou a assistência às populações afetadas por conflitos e desastres naturais, incluindo quatro milhões de dólares para vítimas do ciclone Chido, que causou 120 mortes. • 24.sapo.pt
🌍 António Costa reafirmou o empenho da UE em intensificar as relações com Angola, desejando sucesso a João Lourenço na presidência da União Africana. Lourenço assumirá a liderança durante a 38.ª sessão da Conferência dos chefes de Estado e de Governo, a 15 e 16 de fevereiro. Costa aguarda a cimeira bilateral UE-UA ainda este ano. • 24.sapo.pt
📱 O Governo britânico mantém proibição do TikTok em dispositivos oficiais, apesar de ter criado uma conta oficial 'ukgov' na plataforma na semana passada. O gabinete do primeiro-ministro indicou que foi feita uma exceção de segurança específica para esta conta, que tem partilhado mensagens de serviço público. • news.sky.com
🇲🇿 João Machatine defende reformas estatais em Moçambique. Após tomar posse, o coordenador executivo destacou a importância de se ajustar às pressões sociais para garantir dignidade aos cidadãos. O gabinete que lidera visa renegociar contratos de megaprojetos, aliando recursos naturais e humanos para atrair investimentos e alcançar a independência económica do país. • 24.sapo.pt
🏗️ A Autoridade Palestiniana assinou um memorando de entendimento com a ONU e a Organização Árabe para reconstruir Gaza. O acordo, o primeiro desde as tréguas de janeiro, envolve 80 milhões de dólares para remover escombros e construir abrigos, supervisionado pelo ministério das Obras Públicas. Um plano de três anos visa a reconstrução em grande escala. • 24.sapo.pt