[1.99] 🇺🇦 🇷🇺 Ucrânia justifica avanço em Kursk para forçar negociações justas de paz
O ataque ucraniano a território russo é considerado legal, enquadrando-se no direito de legítima defesa. Crimeia e NATO vão ser os pontos principais do processo que pode iniciar-se ainda este ano
Nesta edição:
Nota sobre o número 100 de VamoLáVer; mais um especial agora sobre as presidenciais americanas, a reviravolta operada por Kamala Harris e o destrambelhamento de Donald Trump; e uma campanha limitada até final do mês com 20% de desconto para novos assinantes
Ucrânia justifica avanço em Kursk para forçar negociações justas de paz
A operação militar com que a Ucrânia surpreendeu a Rússia
Kamala Harris lidera corrida presidencial nos EUA
As bolsas dispararam em resposta a dados económicos positivos nos EUA
Isolamento crescente e má imagem global: o perigoso declínio da estratégia israelita
Linha do Tempo de Israel (1967-presente)
Governo limita poder dos condóminos no alojamento local
E ainda as rápidas, com destaque para a mais jovem primeira-ministra da Tailândia de sempre, Paetongtarn Shinawatra (37 anos), e Lula a reiterar que não reconhecerá o resultado das eleições venezuelanas até que sejam apresentadas provas concretas
Vem aí o número 100! E um explicador das presidenciais americanas
Esta é a edição 99 do primeiro ano de atividade. O próximo número, que deverá sair na segunda-feira, 19 de agosto, será o centésimo. Um marco que esperávamos alcançar, não há como negar, mas francamente chegou cedo, não demos nem pelo tempo nem pelo esforço. E isso tem uma explicação: os assinantes. VamoLáVer tem sido acarinhado pelas suas leitoras e leitores, constituindo uma dose de alento indispensável para querermos fazer melhor.
Além do número 100, a próxima semana terá mais um especial VLV — os artigos reservados aos assinantes que financiam a iniciativa. Este é dedicado às eleições presidenciais americanas e explicará, entre sondagens e análises, como tudo mudou desde que Joe Biden deixou a candidatura dos Democratas para Kamala Harris, bem como um glossário dos termos mais usados e que para muitos de nós não são familiares (como “rust belt” e “swing states”, por exemplo), a lista das datas marcantes destas presidenciais, cumpridas e por cumprir, e ainda o falhanço épico, e difícil de explicar, em que se tornou a candidatura do partido Republicano.
Por estes dias (ver notícia mais abaixo) Kamala Harris ultrapassou Donald Trump nas sondagens em que estava abaixo e que são as decisivas: os estados com mais indecisos e o Colégio Eleitoral (aquele que realmente determina quem é o presidente, e que pode ser diferente do voto popular, como aconteceu por exemplo com Hillary Clinton, que venceu Trump por alguns milhões de votos mas não foi eleita — e explicaremos este método, que é um pouco estranho para os europeus).
Para marcar o número 100 decidi abrir uma campanha temporária (até final de agosto) para novos apoiantes, com 20% de bónus. Os apoiantes desta iniciativa cidadã ajudam a cobrir os custos com assinaturas de meios de informação, infra-estrutura e modelos de linguagem. E têm acesso aos exclusivos, ou especiais, como o anunciado sobre as presidenciais americanas.
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ATUALIDADE
🇺🇦 🇷🇺 Ucrânia justifica avanço em Kursk para forçar negociações justas de paz
A presidência ucraniana afirmou hoje que pretende persuadir a Rússia a iniciar negociações justas, justificando assim o avanço das suas tropas na região russa de Kursk desde 6 de agosto. Kiev apresentou várias razões para este ataque, incluindo forçar Moscovo a retirar tropas de outras frentes e criar uma zona tampão.
Mykhaïlo Podoliak, conselheiro do Presidente Zelensky, declarou que a ferramenta militar é usada para persuadir a Rússia a entrar num processo de negociação justo. Embora Kiev não pretenda ocupar território russo, Zelensky afirmou ser necessário encontrar uma forma de colocar a Rússia na mesa de negociações.
Exigências de Kiev - Kiev exige a retirada completa do exército russo, incluindo da Crimeia.
Posição de Moscovo - A Rússia continua a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de parte do seu território.
Plano de paz - Zelensky quer desenvolver até novembro um plano para uma futura cimeira de paz.
Requisitos de Putin - O Presidente russo exige que Kiev ceda regiões e renuncie à adesão à NATO.
Apoio ocidental - Os aliados ocidentais continuam a apelar ao respeito pelo direito internacional.
Fonte: 24.sapo.pt
Relacionada
🇧🇾 Alexander Lukashenko apela à negociação entre a Ucrânia e a Rússia para pôr fim ao conflito. O presidente bielorrusso alega que apenas "altos funcionários de origem americana" desejam a continuação da guerra, sugerindo que o Ocidente beneficia da desestabilização na região de Kursk. Entretanto, o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy anunciou avanços das suas tropas, com Kyiv a afirmar que as suas forças avançaram 35 km em território russo desde a semana passada. • reuters.com
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A operação militar com que a Ucrânia surpreendeu a Rússia
Contexto - A Ucrânia lançou uma operação militar surpresa na região russa de Kursk, ocupando mais de mil quilómetros quadrados e 82 localidades em pouco mais de uma semana. Conduzida pelo general Syrskyi, a campanha apanhou o Kremlin desprevenido, obrigando a Rússia a rever a sua estratégia e a enviar unidades de outras frentes de combate. Esta operação, ainda em curso, tem vários objetivos, incluindo a possível captura da central nuclear de Kursk para usar como moeda de troca e forçar os russos a retirar forças do Donbass.
Impacto e Objetivos - A ofensiva ucraniana embaraçou o Kremlin, galvanizou os militares ucranianos e deu a Kiev uma quantidade significativa de território que pode ser utilizada como moeda de troca numa futura negociação. A Ucrânia já controla uma importante estação de medição de gás da Gazprom e estabeleceu um posto militar de comando em solo russo.
Reação Russa - Apanhada de surpresa, a liderança militar russa foi obrigada a tomar decisões difíceis, enviando soldados de outras frentes para conter os avanços ucranianos. A Rússia começou a escavar trincheiras na região de Kursk, indicando a perspetiva de uma batalha prolongada.
Contexto Internacional - A operação ocorre num momento em que Kiev teme chegar à mesa de negociações numa posição de fraqueza, especialmente considerando a possibilidade do regresso de Donald Trump à Casa Branca. A conquista de território russo pode ser um trunfo para Kiev recuperar parte dos territórios ocupados pela Rússia.
Legalidade e Impacto - Do ponto de vista do Direito Internacional, este ataque ucraniano a território russo é considerado legal, enquadrando-se no direito de legítima defesa da Ucrânia. O sucesso inicial desta ofensiva já se faz sentir entre os militares e o povo ucraniano, elevando o moral numa sociedade desgastada por quase três anos de guerra.
Aprofundar: usnews.com, cnnportugal.iol.pt
🇺🇸🗳️ Kamala Harris lidera corrida presidencial nos EUA
Três semanas após o Presidente Joe Biden ter desistido da corrida presidencial de 2024, passando o testemunho à sua vice-presidente Kamala Harris, a dinâmica da eleição mudou significativamente. De acordo com o modelo de sondagens do Washington Post, Harris emergiu como a favorita para vencer as eleições, caso fossem realizadas hoje. Esta mudança marca uma reversão dramática na corrida presidencial, com Harris a ganhar terreno tanto a nível nacional como nos estados decisivos.
Vantagem Nacional - Desde 21 de julho, quando Biden anunciou a sua saída, Harris ganhou dois pontos percentuais a nível nacional, liderando agora na média das sondagens nacionais do Washington Post.
Estados Decisivos - Nos estados considerados decisivos para a eleição, Harris registou um ganho médio de 2,1 pontos percentuais desde 21 de junho, liderando agora em dois dos sete estados cruciais.
Caminhos para a Vitória - O modelo de sondagens sugere que Harris tem agora dois caminhos possíveis para a vitória: pode triunfar tanto no "Rust Belt" (região industrial do nordeste e centro-oeste) como no "Sun Belt" (estados do sul e sudoeste). Em contraste, o seu oponente republicano, Donald Trump, necessitaria de vencer em ambas as regiões para assegurar a vitória.
Fonte: washingtonpost.com
Relacionada
📈 As bolsas dispararam em resposta a dados económicos positivos nos EUA. Os pedidos de subsídio de desemprego caíram para o nível mais baixo em cinco semanas, enquanto o sentimento dos consumidores recuperou, com as vendas a retalho a crescerem um "inesperado e robusto 1% no mês passado". Estes dados levaram os investidores a reduzir as expectativas de um corte agressivo nas taxas de juro pela Reserva Federal na próxima reunião. Destaca-se o desempenho da Walmart, cujas vendas aumentaram 4% no último trimestre, superando largamente as previsões. • semafor.com
🇮🇱📉 Isolamento crescente e má imagem global: o perigoso declínio da estratégia israelita
Israel enfrenta uma crise profunda, com divisões internas, uma guerra aparentemente interminável em Gaza e danos significativos à sua imagem global. Stephen M. Walt, num artigo para a Foreign Policy, analisa o que considera o declínio da estratégia israelita ao longo das últimas décadas. O autor argumenta que, desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel tem tomado decisões estratégicas que minaram a sua segurança a longo prazo, incluindo a ocupação e colonização da Cisjordânia e Gaza.
Erosão do pensamento estratégico - Walt identifica vários erros estratégicos cometidos por Israel desde 1967. Entre eles, destaca-se a decisão de manter e colonizar a Cisjordânia e Gaza, criando uma tensão entre o caráter judaico do Estado e o seu sistema democrático. Outros erros incluem a falha em reconhecer a disposição do presidente egípcio Anwar Sadat para fazer a paz, a invasão mal sucedida do Líbano em 1982 e a oposição ao acordo nuclear com o Irão em 2015.
Impacto na imagem internacional - As ações recentes de Israel em Gaza, descritas por Walt como uma "campanha genocida", têm danificado gravemente a sua imagem global. O Tribunal Penal Internacional solicitou mandados de prisão para o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ministro da Defesa Yoav Gallant por alegados crimes de guerra. O Tribunal Internacional de Justiça também emitiu conclusões preliminares descrevendo as ações de Israel como possivelmente genocidas.
Causas do declínio estratégico - Walt atribui o declínio do pensamento estratégico israelita a vários fatores. Entre eles, destaca-se a sensação de impunidade resultante da proteção dos Estados Unidos, a tendência de Israel se ver exclusivamente como vítima, e a crescente influência da direita religiosa no país. O autor argumenta que estas tendências têm levado a decisões cada vez mais míopes e potencialmente desastrosas.
Implicações para o futuro - O artigo sugere que o comportamento atual de Israel ameaça as suas próprias perspectivas a longo prazo e continua a infligir danos aos palestinianos. Walt argumenta que os apoiantes de Israel nos Estados Unidos deveriam pressionar tanto democratas como republicanos para adotar uma abordagem de "amor duro" em relação a Israel, a fim de incentivar uma reconsideração da sua trajetória atual.
Artigo completo na Foreign Policy: The Dangerous Decline in Israeli Strategy
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Linha do Tempo de Israel (1967-presente)
1967: Guerra dos Seis Dias — Israel conquista a Península do Sinai, Faixa de Gaza, Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Colinas de Golã.
1973: Guerra do Yom Kippur — Egito e Síria atacam Israel no Dia do Perdão judaico. Israel recupera-se e vence o conflito.
1978-1979: Acordos de Camp David — Acordos de paz entre Israel e Egito. Israel retira-se do Sinai.
1982: Invasão do Líbano — Israel invade o Líbano para combater a OLP. Ocupação do sul do Líbano até 2000.
1993-1995: Acordos de Oslo — Negociações de paz entre Israel e OLP. Criação da Autoridade Palestina.
2000-2005: Segunda Intifada — Onda de violência entre israelenses e palestinos. Israel constrói barreira de segurança.
2005: Retirada de Gaza — Israel retira-se unilateralmente da Faixa de Gaza e de quatro assentamentos na Cisjordânia.
2006: Guerra do Líbano — Conflito entre Israel e Hezbollah no Líbano.
2008-2009, 2012, 2014: Operações em Gaza — Séries de operações militares israelenses contra o Hamas em Gaza.
2021: Operação Guardião das Muralhas — Conflito entre Israel e Hamas em Gaza, com tensões em Jerusalém e cidades israelenses.
2023-2024: Guerra Israel-Hamas — Conflito em grande escala após ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023.
🇵🇹 😕 Governo limita poder dos condóminos no alojamento local
O Governo aprovou alterações à lei do alojamento local (AL), dificultando aos condóminos a eliminação deste tipo de negócio nos seus prédios. O projeto de decreto-lei inverte as medidas aplicadas pelo anterior executivo socialista.
A nova proposta exige que os condóminos provem que um AL causa incómodo antes de o encerrar, por um máximo de cinco anos. O diploma também prevê a criação de "áreas de contenção" e de "crescimento sustentável" para regular a atividade.
Mudanças na lei do AL - O projeto altera a definição de uso da fração autónoma e as regras para proibição do AL pelos condóminos.
Prova de incómodo necessária - Os vizinhos terão de demonstrar perturbações reiteradas para solicitar o encerramento de um AL.
Papel dos municípios reforçado - As câmaras ganham mais poder para regular o AL, podendo criar áreas de contenção e de crescimento sustentável.
Novo "provedor do AL" - Esta figura apoiará os municípios na gestão de conflitos entre residentes, proprietários de AL e condóminos.
Fim de algumas restrições - O diploma elimina a caducidade e intransmissibilidade das licenças de AL, como anunciado pelo ministro da Presidência.
Fonte: publico.pt
União Europeia
🇪🇺 A União Europeia arrisca tornar-se mais hostil e perigosa para os requerentes de asilo nas suas fronteiras mediterrânicas. Um relatório da Amnistia Internacional revela detenções ilegais e condições precárias num centro de acolhimento na ilha grega de Samos, onde milhares de pessoas enfrentam falta de água, higiene básica e serviços médicos. Adriana Tidona, investigadora de migrações, afirma que os Centros de Acesso Controlado Fechado, financiados pela UE, substituíram "os antigos campos, principalmente baseados em tendas" após incêndios em Lesbos. • europeancorrespondent.com
🇫🇷 O presidente francês Emmanuel Macron iniciará consultas na próxima sexta-feira para nomear um novo primeiro-ministro e formar um novo governo. Entre os possíveis candidatos estão Lucie Castets, Bernard Cazeneuve e Xavier Bertrand, representando diferentes espectros políticos. Castets, a única candidata oficial até ao momento, foi designada pela coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP), que obteve a maioria nas eleições recentes. • politico.eu
🇭🇷 A Croácia vai reintroduzir o serviço militar obrigatório a partir de 1 de janeiro de 2025, conforme anunciado pelo Ministro da Defesa, Ivan Anusic. Esta medida, que marca o regresso à conscrição suspensa em 2008, surge num contexto de tensões crescentes devido à agressão russa contra a Ucrânia e ao reforço militar nos Balcãs. Outros países europeus, como a Letónia, também reintroduziram o serviço militar obrigatório em resposta às tensões regionais, enquanto a Sérvia pondera ações semelhantes. • novinky.cz
Economia
🇵🇹 O suplemento extraordinário para reformas baixas custará cerca de 400 milhões de euros ao Estado. Esta medida abrangerá mais de 2,4 milhões de pensionistas, segundo estimativas apresentadas por Paulo Rangel, ministro dos Negócios Estrangeiros. Rangel defendeu a iniciativa das críticas da oposição, afirmando: "Não compreendo como há tanta gente, nomeadamente nos partidos da oposição, que está incomodada com uma medida social que revela responsabilidade orçamental". O ministro rejeitou ainda a ideia de que estas medidas sejam eleitoralistas. • jornaldenegocios.pt
🇵🇹 Os beneficiários do PRR receberam mais de 5 mil milhões de euros até à passada quarta-feira. Este valor representa um aumento de 112 milhões de euros em relação à semana anterior. As empresas lideram como principais beneficiárias, tendo recebido 1.888 milhões de euros, seguidas pelas entidades públicas com 1.245 milhões de euros. • rr.sapo.pt
Mundo
🇹🇭 Paetongtarn Shinawatra, de 37 anos, foi eleita primeira-ministra da Tailândia pelo parlamento, tornando-se a mais jovem a ocupar o cargo. Filha do influente político Thaksin Shinawatra, ela assume o poder num momento de turbulência política, apenas dois dias após a destituição do seu aliado Srettha Thavisin. Paetongtarn será a segunda mulher e o terceiro membro da família Shinawatra a liderar o país, enfrentando o desafio de manter o legado político familiar no meio de conflitos entre as elites tailandesas. • reuters.com
🇻🇪 Portugal e outros países assinam hoje uma declaração na República Dominicana. O documento apela ao "fim da repressão" e à "libertação dos detidos arbitrariamente" na Venezuela, segundo anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, no Porto. Esta ação surge após as controversas eleições presidenciais venezuelanas de 28 de julho, onde Nicolás Maduro foi declarado vencedor com 51% dos votos, resultado contestado pela oposição que alega ter obtido quase 70% dos votos. • 24.sapo.pt
🇧🇷 O Presidente do Brasil, Lula da Silva, classificou o Governo da Venezuela como tendo "viés autoritário", mas não uma ditadura, numa entrevista à Rádio Gaúcha. Lula reiterou que não reconhecerá o resultado das eleições venezuelanas até que sejam apresentadas provas concretas, afirmando: "Fico torcendo para que a Venezuela tenha um processo de reconhecimento internacional que depende única e exclusivamente do comportamento da Venezuela". O líder brasileiro tem enfrentado críticas por defender negociações entre Maduro e a oposição para resolver o impasse eleitoral. • 24.sapo.pt
🇨🇻 Cabo Verde reforça medidas contra nova variante do vírus mpox. A ministra da Saúde, Filomena Gonçalves, anunciou maior vigilância nos portos e aeroportos, formação de profissionais de saúde e aumento da capacidade laboratorial. O país aposta na "comunicação e sensibilização pública" e está em contacto com a OMS para obter apoios técnicos, tratamentos e vacinas. • 24.sapo.pt
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Um livro de contos
Os Nossos Desconhecidos. Autoria: Lydia Davis. Tradução: Inês Dias. Editora: Relógio D’Água, 2024. “Lydia Davis: "Os EUA estão divididos e há um grau de crueldade que não existia antes". Todas as 144 histórias reunidas em Os Nossos Desconhecidos podiam ter sido verdade ou foram (algumas). O trabalho da escritora norte-americana foi dar-lhes forma. Algumas têm autobiografia, mas isso não importa. Falam de envelhecimento, vizinhança, trazem o campo e a cidade, insectos, legumes, líquenes, casamentos, viagens de comboio, o desconcerto ante o mundo a partir de múltiplas perspectivas, como a de um velho que perdeu a memória e continua a ter sentido de humor. A morte, a doença, uma certa nostalgia, o modo de conceber a escrita, as leituras e os seus efeitos. Chamam-lhe miniaturista, a escritora mais concisa, ela diz que procurou não repetir fórmulas e chegar à sua própria maneira de narrar.” Isabel Lucas
Um filme
A Torre Sem Sombra. Realização: Zhang Lü. Actores: Xin Baiqing, Huang Yao, Tian Zhuangzhuang.. “No filme de Zhang Lu (nascido em 1962, chinês de ascendência coreana), a "torre sem sombra" é uma presença real, mas também é uma pontuação simbólica, livremente poética. Permite todo o tipo de transportes e projecções, mais ou menos metafóricas, como dizer-se que o protagonista de A Torre sem Sombra, indivíduo tão desligado do mundo e dos outros em seu redor, tão incapaz de deixar neles uma marca, é ele próprio uma "torre sem sombra". Por outro lado, é uma presença absolutamente material, um memento histórico da China de há quase mil anos, uma porção de "tempo" incrustada no "espaço". E, para lá da narrativa, ou acompanhando-a e emoldurando-a, o diálogo entre tempos (históricos) e espaços (modernos) é um aspecto crucial de A Torre sem Sombra, magnificamente tratado, e a principal razão que faz dele um objecto especial (e misterioso, pelo menos para não chineses ou sinólogos).” Luís Miguel Oliveira
Um ensaio
Otimizados e Desencontrados – Ética e crítica na era da inconsciência artificial. Autoria: Vania Baldi. Editora: Húmus, 2024. . “Vania Baldi: "Não podemos pensar que perder tempo ou o ócio sejam uma perda de tempo". O livro denuncia uma "convergência ideológica e operacional estratégica" entre o capitalismo moderno e as tecnologias digitais, "abrindo o caminho para a redução das relações humanas a interacções funcionais". Mais do que a emancipação colectiva, neste estado de coisas, interessa a competição individualista e o "problem solving" tecnocrático (em vários aspectos da vida, incluindo no ensino superior); em vez de uma perspectiva histórica, temos a "temporalidade achatada no ‘agora’", um "presentismo" sem entusiasmo pelo futuro; sob a promessa de uma "experiência autêntica, emancipadora e rica de significado", por via do engagement, entregamo-nos à aparente gratificação da vida online, onde reina o "eu" – da "personalização dos conteúdos" ao "design das redes sociais", o foco está posto no utilizador "como indivíduo único, especial e solto dos laços comunitários".” Pedro Rios
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