[1.3] Pedro Nuno Santos admite diálogo com PSD
A entrevista à CNNP teve mais parra que uva. A destacar: após eleições admite alianças tanto à direita como à esquerda, valoriza legado de Costa e aposta no investimento para o crescimento económico
Na edição de hoje sintetizamos a entrevista do candidato à liderança do PS, que é demasiado extensa e com pouco substrato. Dizemos quem são os ministros empossados por Felipe VI, rei de Espanha, e ao que vem o novo governo, com 12 mulheres em 22 ministros. Notas ainda para a preocupação do Banco de Portugal com a crise política, para a proposta de Giorgia Meloni para reforçar os poderes do PM em Itália e e para a divisão notória no BRICS face à guerra em Gaza.
PNS: primazia ao crescimento económico e abertura a alianças que incluem PSD
O deputado e ex-ministro das Infraestruturas que é candidato a Secretário-Geral do PS deu ontem à noite uma entrevista à televisão CNNP. Pedro Nuno Santos respondeu sobretudo às questões da atualidade, que andam mais em torno do que está na origem da crise política que apressou a mudança de liderança e caminho no PS, do que ao seu programa e ideias para um hipotético futuro governo.
[Ou seja: a entrevista tem mais parra do que uva. Parra seca, incendiária.]
A entrevista de Pedro Nuno Santos pode ser (re)vista no site da televisão, que hoje publicou também a transcrição. São um pouco mais de 6.800 palavras, quase 40.000 caracteres, o que ocuparia oito páginas de jornal. Mas não tens de ler tudo isso. Com o apoio dos dois modelos de IA que VamoLáVer usa, apurámos o essencial da entrevista.
Abaixo temos as cinco chaves das respostas de Pedro Nuno Santos e uma curta síntese de cada ideia nas três áreas da entrevista: liderança política, economia e crise atual.
Cinco chaves para “abrir” PNS
enfatiza respeito pela justiça e independência judicial
valoriza legado de Costa, reconhecendo desafios futuros
propõe atrair investimento estrangeiro para economia robusta
defende valorização do tecido empresarial nacional
aberto a alianças pós-eleitorais e diálogo interpartidário, da direita à esquerda
Propostas políticas e liderança do PS
Pedro Nuno Santos defende o legado de António Costa, salientando a criação de emprego e o crescimento económico durante os últimos oito anos, apesar de reconhecer que ainda existem problemas por resolver. Argumenta que os problemas enfrentados pelo último governo não foram ideológicos, mas sim relacionados com práticas políticas, e que o PS continua a ser o partido de confiança para muitos portugueses.
PNS rejeita a ideia de que a crise política atual seja uma crise de regime, apesar de reconhecer a relevância dos acontecimentos recentes, incluindo a demissão do governo apoiado por uma maioria absoluta e a dissolução da Assembleia da República.
Economia, investimento e transformação
Considera-se apto para atrair investimento direto estrangeiro, crucial para uma economia mais sofisticada e salários mais altos. Expressa confiança na capacidade dos empresários portugueses e na necessidade de valorizar a economia nacional, embora reconheça a importância do investimento estrangeiro.
Não comentou diretamente o Data Center de Sines, mas sublinha a importância de atrair investimento. Reitera a necessidade de um governo que possa continuar a resolver problemas salariais e de serviços públicos, e de transformar a economia portuguesa.
Situação política atual e relação com a Justiça
Pedro Nuno Santos aborda a situação política atual, reafirmando a separação entre política e justiça e a necessidade de respeitar os princípios do Estado de Direito. Evita comentar sobre prazos ou pressões sobre o sistema judicial, mantendo uma postura de respeito pela independência das instituições e pela presunção de inocência.
O candidato também discute a possibilidade de formar alianças pós-eleitorais, destacando a experiência positiva da “geringonça” e a abertura para diálogo com outros partidos, incluindo o PSD, em matérias de regime. Sem deixar de criticar a radicalização do PSD e a sua dependência de partidos como a Iniciativa Liberal, que têm visões opostas às do PS sobre o Estado Social.
PNS rejeita a ideia de que o PS tenha um problema crónico com a justiça, argumentando que o partido deve ser julgado pelo seu trabalho e contribuição para o país. Enfatiza a necessidade de aprendizagem contínua e de aperfeiçoamento do escrutínio sobre quem governa.
Fonte: CNNP (transcrição completa)
🇵🇹😟 Lisboa: crise política aumenta riscos para a estabilidade financeira
O Banco de Portugal alertou que a conjuntura política atual, agravada pela demissão do primeiro-ministro, e uma política monetária restritiva estão a aumentar os riscos para a estabilidade financeira do país, apesar de uma tendência de descida na inflação.
A demissão do primeiro-ministro e a incerteza política subsequente amplificam a perceção de risco, o que poderá afetar a confiança dos investidores e a estabilidade financeira em Portugal
A expectativa de aprovação do Orçamento do Estado para 2024 pode funcionar como fator de mitigação das incertezas políticas, desempenhando um papel crucial na manutenção da confiança económica
Os conflitos no Médio Oriente e na Ucrânia perturbam os mercados financeiros internacionais, aumentando o risco para países com elevado endividamento como Portugal, o que pode levar à desvalorização de ativos e ao aumento dos prémios de risco.
Fonte: BdP
🇪🇸😌 Madrid: diálogo é a prioridade do novo governo de Espanha
O arranque oficial do Governo de coligação espanhol, liderado pelo Primeiro-Ministro Pedro Sánchez, ficou ontem marcado pelo juramento dos 22 ministros, incluindo as quatro vice-presidentes, perante o Rei Felipe VI. A cerimónia simbólica reforçou o anúncio prévio de Sánchez sobre a importância do diálogo e da negociação na condução do Governo, numa legislatura que se apresenta decisiva para a coesão social e territorial de Espanha.
O governo agora empossado é uma coligação formada pelo Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e pelo Sumar, uma plataforma de esquerda liderada pela ministra do Trabalho e uma das vice-presidentes do Executivo, Yolanda Díaz, que se mantém nas mesmas funções da legislatura anterior. Tem a particularidade de as mulheres serem maioritárias, com 12 em 22 ministros.
Pedro Sánchez pede aos ministros que atuem “com unidade, solidez e determinação” após a saída do Podemos do Governo. “À crispação, responderemos com trabalho”, insta-os numa carta em que estabelece o objetivo de “melhorar a vida dos espanhóis”.
Pedro Sánchez destacou o papel central que o método do diálogo desempenhará no Governo. Num contexto de consideráveis desafios para a coesão, sublinhou que a atual legislatura terá um foco na negociação e que a composição do Executivo foi pensada para refletir uma abordagem integradora da diversidade administrativa e regional de Espanha, o que é de especial interesse para a estabilidade e política europeias.
A reter
Início das funções governamentais com cerimónia de juramento dos ministros perante o Rei Felipe VI
A legislatura atual é vista como fundamental para a coesão social e territorial na Espanha
Executivo formado está alinhado com uma visão integradora da diversidade administrativa e regional
O caminho para acordos governamentais passa pelo diálogo como elemento decisivo.
Os 22 ministros
Nadia Calviño (PSOE): Ministra da Economia e Vice-presidente Primeira
Yolanda Díaz (Sumar): Ministra do Trabalho e Vice-presidente Segunda
Teresa Ribera (PSOE): Ministra da Transição Ecológica e Vice-presidente Terceira
María Jesús Montero (PSOE): Ministra da Fazenda e Vice-presidente Quarta
Pilar Alegría (PSOE): Ministra da Educação e Desportos e Porta-voz do Governo
Félix Bolaños (PSOE): Ministro da Justiça e Presidência
Fernando Grande-Marlaska (PSOE): Ministro do Interior
Mónica García (Sumar): Ministra da Saúde
Óscar Puente (PSOE): Ministro dos Transportes
Isabel Rodríguez (PSOE): Ministra da Habitação
Ángel Víctor Torres (PSOE): Ministro da Política Territorial
Jordi Hereu (PSOE): Ministro da Indústria
Ernest Urtasun (Sumar): Ministro da Cultura
Pablo Bustinduy (Sumar): Ministro dos Direitos Sociais
Ana Redondo García (PSOE): Ministra da Igualdade
Elma Saiz (PSOE): Ministra da Segurança Social
José Manuel Albares (PSOE): Ministro dos Negócios Estrangeiros
Luis Planas (PSOE): Ministro da Agricultura
Margarita Robles (PSOE): Ministra da Defesa
Diana Morant (PSOE): Ministra da Ciência e Universidades
Sira Rego (Sumar): Ministra da Juventude e Infância
José Luis Escrivá (PSOE): Ministro da Transformação Digital
🇮🇹💡 Giorgia Meloni propõe mudar Constituição italiana para reforçar poder do PM e esvaziar o Parlamento
A primeira-ministra italiana Giorgia Meloni apresentou uma proposta para reformar a Constituição do país com o objetivo de estabilizar governos historicamente efémeros e instáveis. A proposta inclui a eleição direta do cargo de primeiro-ministro por um mandato de cinco anos, uma medida inédita a nível mundial, com exceção de um breve período em Israel. Atualmente, o primeiro-ministro da Itália é indicado pelo Presidente da República após consultas a partidos e outras figuras institucionais.
Propõe-se que o primeiro-ministro seja eleito diretamente pelo voto popular
A mudança constitucional poderá centralizar poderes, afastando-se do sistema parlamentar
O sistema proposto é semelhante ao que existiu em Israel entre 1992 e 2001
A reforma pode ajustar os artigos da Constituição relativos ao poder de dissolução do Parlamento e aos procedimentos de moção de confiança e desconfiança
Eleição do Primeiro-ministro por voto direto por 5 anos
Reformulação de artigos constitucionais relacionados com a dissolução do Parlamento e processos de confiança no governo
Distanciamento do sistema parlamentar italiano
Fonte: The French Dispatch
🌐🤝 BRICS divididos na resposta ao conflito Israel-Hamas
A recente cimeira virtual do BRICS sobre o conflito entre Israel e o Hamas evidenciou as divergências internas deste bloco de potências emergentes. A declaração final procurou apresentar uma frente unida, mas detalhes divulgados pelo NYT sugerem diferenças consideráveis entre os membros. A África do Sul destacou-se pela sua posição crítica em relação a Israel, a Índia manteve um silêncio quase total, e o Brasil, a China e a Rússia mostraram-se mais contidos nas críticas.
O encontro sublinha as dificuldades inerentes em criar consenso entre nações com poucos interesses e políticas comuns. Adicionalmente, revelou tensões geopolíticas mais amplas. O presidente do Brasil alertou para intervenções significativas da China em África, refletindo cautela em relação à influência crescente de Pequim.
A expansão do BRICS enfrenta incertezas com a eleição de um presidente radical libertário na Argentina, que parece improvável aceitar um convite para aderir ao grupo.