[1.131] Trump regressa à presidência dos EUA e abre uma nova Era de Incerteza
Um Presidente, um Senado e provavelmente uma Câmara dos Representantes: a onda vermelha foi avassaladora, num país partido ao meio e de quase impossível reconciliação — consigo e com o mundo
Antes de passarmos à edição de hoje, uma
Nota editorial
Dentro de semanas Donald Trump retomará a presidência dos Estados Unidos da América, o que terá implicações dramáticas em muitos domínios globais, das guerras na Ucrânia e no Médio Oriente à saúde da democracia americana, aos direitos reprodutivos e à desigualdade, ao comércio mundial, e, talvez acima de tudo, ao nosso futuro ambiental coletivo.
Independentemente da opinião que possamos ter sobre a escolha dos eleitores estado-unidenses, esta decisão é um facto e é com esse facto que os cidadãos têm de se haver.
Enquanto editor da VamoLáVer, respeito sem qualquer equívoco esta decisão dos eleitores, oposta — como é — à minha visão da sociedade e do interesse público. Isto porque foi um processo democrático e esse é um valor fundamental do qual não estou disposto a abdicar em nenhuma circunstância — nem mesmo nesta, que leio como uma vitória de uma faixa extremada da sociedade, que derrotou nas urnas os valores humanistas, de tolerância e de espírito democrático. Ou seja, largos setores do Partido Republicano saíram tão derrotados desta terça-feira como todo o Partido Democrata.
Este momento é mais exigente do que as épocas de tolerância. Em primeiro lugar, atrevo-me a dizer, é mais exigente para a cidadania do que para os políticos e a comunicação social, ambos enfraquecidos por razões diversas. Ainda que naturalmente em graus diferentes consoante o alinhamento com as ideias da nova liderança dos EUA, cidadãos de todos os quadrantes têm de redobrar os seus esforços para responsabilizar o presidente eleito e, no que diretamente nos diz respeito, os comissários europeus, governantes dos Estados-membros da União Europeia, eurodeputados e deputados concordantes com o novo rumo da administração americana.
O escrutínio e a responsabilização dos poderes são mais importantes neste momento. São também um grande desafio.
O que podemos — nós, cidadãos — fazer?
Há muitas respostas para esta pergunta, tenho a certeza. A resposta do exercício de cidadania informada que é VamoLáVer consiste no reforço da consciência com que editamos a newsletter, os artigos exclusivos e, desde sábado, o digest da semana que passou, pelos olhos dos analistas e colunistas.
Um reflexo imediato desse reforço é o nosso apoio às marcas de jornalismo das quais depende a cidadania informada. O jornalismo vive numa agonia com múltiplas causas, muitas delas próprias, mas com Trump de regresso à presidência a defesa das boas marcas tornou-se uma questão de sobrevivência.
A jornalista Margaret Sullivan, colunista de média do Guardian US, deixou claro a ameaça à liberdade de imprensa de uma nova presidência de Trump. Representa uma ameaça clara aos jornalistas, às organizações noticiosas e à liberdade de imprensa nos EUA e em todo o mundo. Trump tem, durante anos, fomentado o ódio contra os repórteres, chamando-lhes "inimigos do povo". Referiu-se a jornalismo legítimo como "fake news" e fez piadas sobre membros da comunicação social serem alvejados.
As declarações de Viktor Orbán (o autocrata primeiro-ministro húngaro há 14 anos que acaba de estender o estado de emergência que lhe permite tomar decisões por decreto que não passam pelo Parlamento) na reação à vitória de Trump são elucidativas e mostram como esta tendência para perseguir e manietar o jornalismo é uma corrente de fundo maior que o trumpismo: “ameaçaram-no com a prisão, tiraram-lhe os bens e quiseram matá-lo. Todos os media se viraram contra ele. E mesmo assim ele venceu”.
Também deste lado do Atlântico, os inimigos estão bem sinalizados por Orbán: o estado de direito e o jornalismo.
O que me traz de volta ao reflexo imediato: enquanto escrevia esta nota fiz uma assinatura de suporte a The Guardian e há dias tinha assinado The Project Syndicate, que centraliza alguns dos melhores colunistas da imprensa mundial. Em Portugal mantemos assinaturas do Expresso e do Público, da Visão e da Sábado, numa visão plural da comunicação, recusando eu o acantonamento ideológico que responsabilizo em parte pela deriva extremista que ontem teve tão determinante símbolo.
Vou assinar algumas newsletters individuais e coletivas das que habitam regularmente a VamoLáVer. Já assinamos dois jornais dos EUA e um em Espanha, estando em apreciação apoiar mais um jornal espanhol e regressar ao apoio a um de França. Em função dos recursos, outros meios e autores virão a ser apoiados.
Estas assinaturas são um apoio intencional: estas são marcas de jornalismo em que confio e que consulto numa base regular no processo de seleção dos assuntos mais importantes que depois são avaliados e tratados para se transformarem nesta newsletter de síntese.
Mais importante: estas assinaturas são feitas em nome dos assinantes de VamoLáVer e graças aos contributos dos apoiantes desta iniciativa, cuja ambição não é limitada pelos meus recursos pessoais.
Nesta edição:
Donald Trump regressa à presidência dos EUA e abre uma nova Era de Incerteza
Vitória clara de Trump agita imprensa europeia
Trump e as relações transatlânticas
Ecossistema mediático pró-Trump molda perceção da realidade nos EUA
Como Trump alterou a dinâmica de género na política americana: um conjunto de respostas fáceis que é uma fórmula para mais alienação e raiva
Ministra da Saúde criticada por falta de preparação para greve no INEM
Maria Luís Albuquerque aprovada como comissária europeia dos Serviços Financeiros
E um conjunto de breves, com destaque para a demissão de Ricardo Leão da Federação de Lisboa do PS, depois de artigo de António Costa a criticá-lo.
ATUALIDADE
Trump regressa à presidência dos EUA e abre uma nova Era de Incerteza
Donald Trump conquistou uma vitória histórica nas eleições presidenciais americanas de 2024, marcando um retorno notável ao poder após a sua presidência anterior. Aos 78 anos, Trump torna-se o presidente mais velho alguma vez eleito, superando o recorde anteriormente detido por Joe Biden. A sua vitória foi alcançada apesar de múltiplos obstáculos, incluindo acusações criminais, tentativas de assassinato e críticas generalizadas sobre tendências autoritárias.
A campanha de Trump centrou-se em promessas de transformação radical do sistema político americano, apelando especialmente a eleitores preocupados com a economia e a imigração ilegal. As suas principais propostas incluem:
Selar a fronteira sul dos EUA com medidas sem precedentes
Revitalizar a economia através de tarifas protecionistas
Afastar os EUA de compromissos internacionais
Implementar a maior vaga de deportações na história do país
Consolidar o poder executivo de forma significativa
Esta vitória divide profundamente a nação americana. Para aproximadamente metade do país, a eleição de Trump representa uma ameaça à democracia, especialmente considerando o seu histórico de questionar resultados eleitorais e o seu papel nos eventos do Capitólio em 2021. Para os seus apoiantes, no entanto, estas controversas posições são vistas como pontos fortes.
Trump e a sua equipa já desenvolveram planos detalhados para transformar o governo federal num instrumento da sua vontade, prometendo "retribuição" contra adversários políticos, incluindo Joe Biden e Kamala Harris. O Supremo Tribunal concedeu-lhe ampla imunidade relativamente às suas ações no cargo, e o seu círculo íntimo, agora expurgado de vozes dissidentes, está preparado para implementar a sua agenda.
Analistas prevêem que este segundo mandato poderá ser mais impactante que o primeiro, que terminou com mais de um milhão de mortes por Covid-19 e uma insurreição no Capitólio. As principais preocupações centram-se na concentração de poder nas mãos do presidente e no potencial uso desse poder para perseguir opositores políticos.
Trump tem sistematicamente procurado minar princípios fundamentais da democracia americana, incluindo:
Erosão da confiança na imprensa independente
Questionamento do sistema judicial
Propagação de dúvidas sobre a integridade das eleições
Recusa em aceitar a derrota de 2020
A sua vitória em 2024 marca o início de um período de profunda incerteza para os Estados Unidos, com potenciais implicações significativas para as instituições democráticas do país e sua posição no cenário internacional.
Aprofundar
Donald Trump Returns to Power, Ushering in New Era of Uncertainty. He played on fears of immigrants and economic worries to defeat Vice President Kamala Harris. His victory signaled the advent of isolationism, sweeping tariffs and score settling. New York Times
Donald Trump has won — and American democracy is now in grave danger. Trump’s second term poses an existential threat to the republic. But there’s still good reason for hope. Vox
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Republicanos conquistam também a maioria do Senado…
… E provavelmente farão o pleno com a Câmara dos Representantes
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🇺🇸 O ministro da Presidência reafirmou a parceria com os EUA, destacando que o país continuará a ser um parceiro preferencial de Portugal. O Governo português respeita as escolhas democráticas e saúda os eleitos. • rtp.pt
🗳️ O secretário-geral da ONU, António Guterres, felicitou Donald Trump pela vitória eleitoral nos EUA. • 24.sapo.pt
📈 Os mercados reagiram à vitória de Trump com volatilidade nas bolsas europeias. Após um impulso inicial positivo, as principais praças do continente fecharam em queda, com o DAX alemão a recuar 1,1%, enquanto Wall Street manteve o otimismo. • publico.pt
🗽 Líderes europeus reúnem-se para discutir impacto de Trump. A eleição do republicano como Presidente dos EUA gera preocupação na Europa devido às suas promessas de campanha, que incluem possível guerra comercial, retirada de compromissos com a NATO e mudança no apoio à Ucrânia. • apnews.com
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Vitória clara de Trump nas eleições presidenciais dos EUA agita imprensa europeia
A vitória clara de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA, com os Republicanos também em posição de conquistar a maioria em ambas as câmaras do Congresso, está a gerar reações na imprensa europeia. Enquanto os votos ainda estão a ser contados, opinion makers europeus analisam o que aconteceu do outro lado do Atlântico e o que está por vir.
🧐 Ruben Mooijman apresenta uma análise sombria da situação política americana, destacando como se tornou politicamente lucrativo espalhar mentiras, fomentar o ódio e insultar opositores. Questiona especificamente o papel de apoiantes poderosos de Trump, como Elon Musk, perguntando se não compreendem o dano que estão a causar à democracia. O autor manifesta particular preocupação com a natureza persistente e contagiosa da anti-política, comparando-a a um tumor maligno em crescimento. Conclui com uma observação perturbadora: a democracia só funciona se a maioria dos eleitores acreditar nela, algo que considera cada vez mais questionável nos EUA. • De Standaard (Bélgica)
✍️ Alexis Papachelas expressa perplexidade sobre a ascensão de Trump, questionando como um homem com tantos fracassos empresariais e escândalos conseguiu chegar ao poder, desmantelar o establishment tradicional e subjugar o seu partido. O autor encontra a resposta no poder do dinheiro e no domínio de uma nova plutocracia que carece de responsabilidade social e prestação de contas. Critica particularmente o papel das grandes empresas tecnológicas, que introduziram algoritmos e redes sociais que governam as nossas vidas sem consideração pelo seu impacto social. A sua conclusão é categórica: a América mudou de forma radical e irreversível. • Kathimerini (Grécia)
🕵️ Malte Lehming identifica três fatores cruciais no resultado eleitoral. Primeiro, observa que todas as advertências sobre Trump como destruidor da democracia não só falharam em dissuadir os eleitores, como podem ter provocado reações de desafio entre os indecisos. Segundo, destaca o forte apoio que Trump recebe de homens jovens com baixa escolaridade, notando que quanto mais intensamente Harris procurou o voto feminino, mais homens se voltaram para Trump. Terceiro, aponta o aumento surpreendente do apoio de negros e latinos a Trump, alertando os Democratas que não podem manter as minorias apenas com retórica anti-racista, sendo necessárias políticas práticas em áreas como emprego, habitação e família. • Der Tagesspiegel (Alemanha)
🧐 Jerzy Baczyński critica duramente a fragilidade demonstrada pelos partidos tradicionais americanos. Aponta como os Republicanos perderam completamente o controlo sobre o "seu" candidato, enquanto os Democratas se mostraram incapazes de encontrar um sucessor para Joe Biden durante quatro anos, acabando por recorrer, em pânico, a Harris, que considera estar ainda num processo de aprendizagem. O autor lamenta que a democracia americana, que serviu de modelo para o mundo durante 250 anos, tenha emergido severamente danificada desta campanha eleitoral. • Polityka (Polónia)
✍️ Ronald Schönhuber alerta que os próximos quatro anos sob Trump não serão uma mera continuação da sua primeira presidência, mas uma versão turbo sem restrições. Explica que os "adultos na sala" - as forças moderadoras da primeira administração que tentavam conter os planos mais perigosos de Trump - já desapareceram. Adverte que qualquer pessoa que procure cargo governamental no Partido Republicano atual, radicalizado pelo movimento Make America Great, terá de se submeter completamente às ideias de Trump. • Kleine Zeitung (Áustria)
🗣 Jair Rattner traça um paralelo preocupante entre o momento atual e o surgimento de forças autoritárias há um século, que resultou em mais de 60 milhões de mortes numa guerra onde as diferenças não eram toleradas. O autor argumenta que vivemos durante anos com a ilusão de que o autoritarismo fascista não poderia retornar em escala mundial. Contudo, nos últimos 15 anos, tem-se observado um ressurgimento de poderes ditatoriais, frequentemente através de vitórias eleitorais. Rattner enfatiza o papel crucial da tecnologia neste processo, criando bolhas informativas onde os cidadãos se desconectam da realidade, consumindo apenas informações filtradas por redes sociais e aplicativos de mensagens. • Público (Portugal)
🕵️ Daniel Oliveira analisa a transformação do Partido Democrata numa aliança de minorias, abandonando a representação tradicional dos trabalhadores. Argumenta que esta estratégia acabou por se revelar contraproducente quando a identidade das minorias foi superada pela sua pertença à maioria social dos trabalhadores. Destaca que os mais afetados pela inflação são precisamente negros e latinos, levando parte deste eleitorado a apoiar Trump. O autor observa que, embora o voto feminino tenha parcialmente compensado estas perdas, especialmente devido à questão do aborto e à presença de uma candidata mulher, não foi suficiente para garantir a vitória. • Expresso (Portugal)
✍️ José Pedro Teixeira Fernandes reflete sobre o fim da América unificada, que anteriormente era vista como um país coeso em torno de valores comuns e orgulhoso do seu modelo de democracia liberal. Identifica duas grandes transformações político-ideológicas que contribuíram para esta mudança: primeiro, uma hegemonia neoliberal vinda da direita que criou desigualdades através da globalização, e depois, uma mudança da esquerda que deslocou a luta ideológica para questões culturais e de valores. O autor argumenta que esta última transformação levou à decomposição da sociedade em grupos, acabando por fragmentar a identidade nacional, um processo que a direita radical acabou por imitar numa versão nativista e populista. • Público (Portugal)
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Trump e as relações transatlânticas
A notícia - A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA em 2016 surpreendeu os líderes europeus, mas desta vez a reação foi diferente. Os governos europeus têm vindo a preparar-se para um cenário de maior autossuficiência e para proteger a ajuda militar à Ucrânia das influências da política americana. Um responsável europeu, sob anonimato, afirmou que a Europa precisa de começar a cuidar de si mesma. O ministro dos Negócios Estrangeiros da Polónia, Radoslaw Sikorski, destacou a necessidade urgente de a Europa assumir mais responsabilidade pela sua segurança.
A preparação europeia para enfrentar as mudanças políticas nos EUA tem sido uma prioridade, mas há dúvidas sobre a eficácia das medidas tomadas até agora.
A guerra na Ucrânia é uma preocupação central, com Trump prometendo resolver o conflito em 24 horas, o que gera ansiedade sobre possíveis acordos desfavoráveis para a Ucrânia.
A abordagem transacional de Trump é vista com cauteloso otimismo por alguns, como Oleksandr Merezhko, que acredita que a questão ucraniana se tornará uma parte importante do legado político de Trump.
Fonte: foreignpolicy.com
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Ecossistema mediático pró-Trump molda perceção da realidade nos EUA
O ecossistema comunicacional norte-americano tem um papel fundamental na moldagem da opinião pública e nas escolhas eleitorais dos cidadãos americanos, particularmente no que diz respeito ao apoio a Donald Trump. A Fox News lidera uma constelação mediática que inclui canais como Newsmax e OAN, jornais tabloides, rádios locais alinhadas com a ideologia MAGA e várias redes sociais, incluindo X, Gab e Parler.
Esta rede de comunicação política apresenta uma narrativa onde Trump é retratado como vítima de perseguição, enquanto Kamala Harris e os democratas são apresentados como ameaças à nação, promovendo teorias sobre a alegada fraude eleitoral de 2020.
O jornalismo convencional enfrenta níveis elevadíssimos de desconfiança por parte do público, enquanto a rede mediática pró-Trump mantém um discurso consistentemente hostil contra os meios de comunicação tradicionais.
O futuro do jornalismo tradicional nos Estados Unidos apresenta-se cada vez mais desafiante, face à crescente influência desta rede mediática alternativa que mistura factos parciais com desinformação e teorias da conspiração.
Fonte: publico.pt
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Como Trump alterou a dinâmica de género na política americana: um conjunto de respostas fáceis que é uma fórmula para mais alienação e raiva
Donald Trump conquistou uma forte lealdade entre homens brancos jovens através da sua personificação de uma masculinidade hegemónica, que defende a dominância masculina branca como ordem natural da sociedade. Esta visão baseia-se na crença de que os "verdadeiros homens" devem ser dominantes nas hierarquias de poder e status, rejeitando características consideradas femininas.
Estudos psicológicos revelaram que a adesão a este tipo de masculinidade foi o principal indicador do apoio a Trump, superando fatores como sexismo, racismo ou filiação partidária. Nos seus discursos, Trump constantemente demonstrou hostilidade contra minorias e mulheres, usando insultos que feminizam adversários masculinos e reduzem mulheres ao seu valor sexual ou maternal.
Esta ideologia promove a ideia de que o sucesso de mulheres e minorias resulta injustamente de programas de diversidade e ação afirmativa, ignorando que sistemas tradicionais de privilégio - como riqueza herdada e nepotismo - foram historicamente desenhados para beneficiar homens brancos.
O movimento defende um regresso a uma estrutura social onde mulheres devem priorizar a vida doméstica e familiar sobre carreiras profissionais. Embora alguns sugiram que políticas femininas devam adaptar-se a esta visão para ganhar votos, tal compromisso apenas reforçaria um sistema fundamentalmente incompatível com a igualdade.
Esta perspetiva da masculinidade não só prejudica mulheres e minorias, como também isola e limita os próprios homens que a seguem, oferecendo respostas simplistas para problemas complexos de desigualdade económica e mudança social.
Condensado de Trump Offered Men Something That Democrats Never Could. A set of easy answers that’s a formula for more alienation and anger por Elizabeth Spiers no New York Times
🚑 ⚕️ Ministra da Saúde criticada por falta de preparação para greve no INEM
A notícia - O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, manifestou forte preocupação com a situação no INEM, criticando especialmente as declarações da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, que admitiu não estar à espera das greves dos técnicos de emergência pré-hospitalar. O secretário-geral considerou "inconcebível" que a ministra desconhecesse a iminência da greve e acusou o Governo de não ter tomado medidas preventivas adequadas.
A situação tornou-se particularmente grave com relatos de pelo menos uma morte por atraso no atendimento médico. Ana Paula Martins indicou que a tutela está a trabalhar para criar linhas alternativas de apoio nos próximos dias, mas para Pedro Nuno Santos, esta resposta tardia demonstra a "incompetência do Governo" em gerir situações críticas.
Críticas à gestão governamental - O secretário-geral do PS enfatizou que a resposta de emergência médica é uma área extremamente sensível, argumentando que os poderes públicos têm obrigação de se preparar adequadamente quando existe um pré-aviso de greve, algo que, segundo o responsável, não aconteceu neste caso.
Reunião com ASPP/PSP - Paralelamente, Pedro Nuno Santos reuniu-se com a Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, onde Paulo Santos, presidente da ASPP/PSP, solicitou maior pressão sobre temas como o direito à greve e a condição policial. O sindicato pretende avançar com alterações legislativas para consagrar o direito à greve dos polícias.
Policiamento de proximidade - O secretário-geral do PS defendeu uma maior proximidade entre a polícia e as comunidades, rejeitando uma perspetiva meramente securitária ou repressiva dos fenómenos de criminalidade, e criticou o presidente do Governo, Luís Montenegro, por não visitar bairros em condições precárias.
Fonte: cnnportugal.iol.pt
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🚁 O Governo aprovou a contratação de quatro helicópteros para o INEM. A despesa de 98 milhões de euros abrange o período de 2025 a 2030, com um custo médio anual de 15,5 milhões, sendo os aparelhos distribuídos em dois lotes para diferentes pontos do país. • publico.pt
🚑 O INEM anuncia medidas de contingência para os CODU. Entre as medidas está a criação de uma triagem de emergência para chamadas com espera superior a três minutos, numa altura em que a falta de técnicos e a greve às horas extraordinárias têm afetado o serviço. • 24.sapo.pt
🇪🇺 💼 Maria Luís Albuquerque aprovada como comissária europeia dos Serviços Financeiros
A notícia - A antiga ministra das Finanças portuguesa, Maria Luís Albuquerque, recebeu aprovação para o cargo de comissária europeia dos Serviços Financeiros e da União das Poupanças e dos Investimentos, com 51 votos favoráveis em 57 possíveis. Após uma audição de quatro horas no Parlamento Europeu, a antiga ministra enfrentou questões sobre potenciais conflitos de interesse relacionados com a sua passagem pelo setor privado, nomeadamente como diretora não executiva do Morgan Stanley.
A confirmação final depende ainda da votação em conjunto com os restantes comissários, prevista para 21 de novembro em Estrasburgo. Maria Luís Albuquerque será uma das 11 mulheres entre os 27 comissários do próximo executivo comunitário liderado por Ursula von der Leyen.
A oposição mais forte veio do grupo parlamentar The Left, incluindo os portugueses Catarina Martins e João Oliveira, que questionaram a sua integridade e ligações ao setor financeiro privado, especialmente relacionadas com casos como o Banco Espírito Santo e o Banif.
A literacia financeira europeia foi identificada como uma prioridade pela comissária indigitada, que prometeu trabalhar para melhorar o conhecimento financeiro dos cidadãos europeus, especialmente após um Eurobarómetro de 2023 revelar níveis preocupantes, com Portugal como segundo pior classificado da região.
O mercado imobiliário europeu foi outro tema debatido, com Maria Luís Albuquerque a criticar a política de baixas taxas de juro do BCE e a defender que a União de Poupança e Investimento poderá ajudar a diversificar os investimentos para além do setor imobiliário.
Fonte: expresso.pt
Portugal
🏠 O presidente da Câmara de Loures apresenta demissão da Federação da Área Urbana de Lisboa do PS (FAUL) após polémica sobre declarações relacionadas com despejos em bairros municipais. A decisão de Ricardo Leão surge no mesmo dia da publicação de um artigo de opinião assinado por António Costa, José Leitão e Pedro Silva Pereira, criticando-o. • rtp.pt
🎓 O BE propõe reduzir as propinas para 547 euros. A proposta visa o próximo ano letivo e inclui uma redução imediata de 150 euros. Além disso, o BE sugere a gratuitidade dos passes de transportes públicos para jovens até 25 anos, abrangendo estudantes e trabalhadores. • observador.pt
🇵🇹 Marcelo Rebelo de Sousa alerta para o atraso no cumprimento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), destacando que apenas 6 mil milhões de euros foram gastos dos 22 mil milhões disponíveis. O presidente sublinha a necessidade de acelerar a execução do PRR, comparando com o exemplo da Stellantis, que alcançou 51% de cumprimento num ano. • publico.pt
👨⚕️ O Presidente da República promulgou alterações ao Estatuto do Cuidador Informal, considerando as mudanças um passo tímido nas medidas de apoio. O chefe de Estado defende que é necessário fazer muito mais neste caminho que considera longo e difícil. • observador.pt
🇵🇹 João Paulo Correia é o provável candidato do PS à Câmara de Gaia, após a possível perda de mandato de Eduardo Vítor Rodrigues devido ao uso indevido de um carro municipal. Correia, ex-presidente da União de Freguesias de Mafamude e Vilar do Paraíso, já foi apontado por várias fontes como o escolhido para liderar a candidatura socialista. • publico.pt
🇵🇹 A Frente Sindical e a Fesap assinaram com o governo um acordo plurianual para aumentos salariais na administração pública até 2028. O acordo, assinado em Lisboa, prevê aumentos mínimos de 56,58 euros para salários até 2.620,23 euros e 2,15% para salários superiores em 2025 e 2026, excluindo a Frente Comum. • cnnportugal.iol.pt
🇵🇹 A presidente da ANMP expressou confiança no autarca de Loures, mas destacou que a proposta de despejar arrendatários envolvidos em distúrbios não é viável. Luísa Salgueiro afirmou que tal medida não se alinha com os contratos de arrendamento vigentes, durante uma audição na Assembleia da República sobre o Orçamento do Estado para 2025. • cnnportugal.iol.pt
União Europeia
🪖 O Governo alemão aprovou um novo programa militar que visa incentivar jovens a ingressar nas Forças Armadas a partir da primavera de 2025. A partir dos 18 anos, os homens serão obrigados a preencher um formulário sobre a sua disponibilidade para o serviço militar, sob pena de multa. • 24.sapo.pt
🏛️ O Parlamento húngaro aprovou mais uma extensão do estado de emergência devido à guerra na Ucrânia, permitindo ao primeiro-ministro Viktor Orbán governar por decreto durante mais 180 dias, até maio de 2025. A medida foi aprovada com 130 votos a favor e 49 contra, justificada pelas consequências do conflito na economia e energia do país. • executivedigest.sapo.pt