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[E.16] Quem pode ganhar (e perder) mandatos nas Legislativas 2025
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[E.16] Quem pode ganhar (e perder) mandatos nas Legislativas 2025

No primeiro especial Legislativas 2025 "voamos" sobre três círculos eleitorais que elegem 10% dos deputados. Radiografias dos círculos, que partidos estão mais perto de eleger, quais estarão em risco

abr 04, 2025
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Esta edição abre uma série de Especiais VamoLáVer dedicados às eleições legislativas — e já com alguns indicadores úteis para as autárquicas. Vamos enquadrar os 22 círculos eleitorais em “retratos” elaborados com o foco em aumentar as escolhas dos eleitores de cada um deles; isto é: vamos fornecer um quadro numérico e de interpretação que permita a cada eleitor que leva a política a sério poder usar melhor o seu voto, seja na direção de eleger um deputado de um partido, seja na direção contrária, de contrariar esse partido. Por círculo, veremos quais são os partidos em melhor posição para eleger e quais os partidos que podem ser contrariados.

Neste primeiro especial analisamos três círculos que, juntos, somam 10% dos 230 mandatos na Assembleia da República: Coimbra, Leiria e Castelo Branco.

No próximo especial Legislativas 2025, a sair na próxima semana, veremos Viana do Castelo, Vila Real e Bragança.

ATENÇÃO: este é um artigo longo e por isso é provável que na leitura por e-mail este artigo surja cortado no final. Algumas aplicações de correio eletrónico cortam as mensagens que consideram demasiado extensas. Se for o caso, no final estará o botão para ler o resto no site.

🗳️🏛️🇵🇹 Índice

Capítulos abertos

  • Explicação: há mais sentidos para o voto do que apenas escolher um Governo

  • A malha fina dos círculos eleitorais versus as sondagens nacionais (ou como é fácil tirar um deputado ao CH em Coimbra)

  • O anacronismo dos círculos eleitorais (à espera da reforma)

  • Metodologia: travão à inteligência artificial

  • 🌹 Coimbra: PS domina, AD pode tirar um deputado ao CH

    • Bilhete de identidade eleitoral em 2024: PS e AD acima das suas médias nacionais

    • Iniciativas legislativas: CH agrava a sub-representação de Coimbra

    • BE precisaria mais metade dos votos que teve para eleger um deputado

    • CH muito perto de perder um mandato (para a AD)

    • 🧑‍🤝‍🧑📢 Desafios: economia assimétrica, pressão habitacional, envelhecimento e pobreza persistente

Capítulos fechados

  • 🟠 Leiria: nada ameaça a hegemonia da AD

    • Bilhete de identidade eleitoral em 2024: o círculo da direita

    • Iniciativas legislativas: Leiria mal representada

    • IL pode sonhar com um deputado, mas é um sonho distante

    • AD pouco ameaçada, com 7% de margem de conforto

    • 🧑‍🤝‍🧑📢 Desafios: contraste entre indústria e mundo rural, crise habitacional, despovoamento

  • 🌹 Castelo Branco: tradição PS não esconde igualdade de deputados

    • Bilhete de identidade eleitoral em 2024: igualdade de deputados

    • Iniciativas legislativas: deputados por Castelo Branco dentro da média

    • BE é o quarto partido, mas nem em sonhos elege

    • PS não deixará fugir nenhum mandato: tem margem confortável sobre AD

    • 🧑‍🤝‍🧑📢 Despovoamento e estagnação económica: os grandes desafios

🗳️🏛️🇵🇹

Explicação: há mais sentidos para o voto do que indicar um Governo

As campanhas partidárias e as coberturas jornalísticas fazem o seu papel de divulgação das mensagens, tendo por alvo todos os cidadãos. E hoje, com as redes, as campanhas podem ser dirigidas numa base individual, cidadão a cidadão. Estes especiais focam-se noutro aspeto que não as mensagens. Usamos os dados com o sentido de valorizar o voto em si mesmo, para além das mensagens e das pertenças.

Os eleitores não têm todos a mesma relação com o voto. Há grupos. Temos desde logo a separação entre o voto firme e o voto oscilante. No primeiro está incluído o grupo dos comprometidos — cidadãos que pertencem às hierarquias dos partidos, ou que são seus militantes, ou que têm uma relação profunda e duradoura com os partidos. Esses nunca mudam o voto, ou só o fazem raramente em circunstâncias muito especiais.

Há um grupo maior que vota maioritariamente num partido, mas sem compromisso, isto é, encara com toda a naturalidade o voto noutro partido, conforme as circunstâncias. Este grupo acaba por se dividir entre voto firme e voto oscilante.

E há o grupo dos afastados — os que só vão votar porque têm consciência do dever cívico e que votam com muito menos convicção ideológica ou pessoal. São votos oscilantes por natureza. Há muita gente nesse grupo, que inclui a maior percentagem de indecisos e de abstencionistas. A maioria será sensível às mensagens, sobretudo à apresentação sumária e publicitária dos aspirantes a Primeiro Ministro, mas outros poderão ver em informações como as apresentadas nesta série de artigos motivos diferentes para darem sentido aos seus votos.

Em democracia o voto é um poderoso utensílio de cidadania. Há mais razões para votar do que eleger um governo. Aliás, na verdade não votamos para eleger um governo, o governo decorre do resultado das eleições e da capacidade dos partidos mais votados formarem maiorias parlamentares que vão sustentar um governo. Mas voltemos ao nosso ponto: há diversas razões para votar.

Ilustro com um caso pessoal. Sempre votei em partidos à esquerda do PSD, escolhendo caso a caso. Este século maioritariamente votei PS, com duas exceções: PAN e Livre. Em ambos os casos, quis aproveitar eleições em que a vitória do PS estava garantida para “ajudar” projetos com que simpatizo.

No caso do Livre, quis com o meu voto que o partido chegasse ao patamar de votos em que tem direito a subvenções — é uma fronteira essencial, sem o apoio do Estado nenhum partido pode produzir um trabalho consistente no tempo. E eu queria que o Livre tivesse a sua oportunidade (participei nalgumas das primeiras reuniões que levaram à formação do partido, ainda na fase de movimento, sendo a força política com que estou melhor alinhado ideologicamente). E nesse ano o meu voto fez toda a diferença — fez mais diferença do que se tivesse ido engrossar o número de votos nos deputados do PS pelo meu círculo eleitoral, Setúbal, onde já estavam garantidos.

Em vez de simplesmente reforçar a expressividade dos resultados do PS em Setúbal num ano em que o número de mandatos não se iria alterar (o PS venceu distanciado, elegendo 9 deputados, tantos quanto os outros partidos somados), o meu voto foi um dos 57 172 que em 2019 levou o Livre à galeria dos partidos subvencionados pelo Estado. Não ajudei a eleger Joacine Katar Moreira, que se tornou a primeira deputada eleita pelo Livre, nem era esse o meu objetivo, pois voto num círculo diferente do dela e no qual o Livre não tinha hipótese de eleger. Mas para a subvenção contam os votos todos, somam-se os de todos os círculos. E o meu voto teve valor suplementar nesse ano. Missão de cidadania cumprida.

Em democracia não se vota só a favor: há muitos eleitores que preferem votar contra alguma coisa — um programa de Governo, um futuro Primeiro-Ministro, o crescimento de um determinado grupo parlamentar… Ou, como já vimos, o acesso à subvenção estatal.

A malha fina dos círculos eleitorais versus as sondagens nacionais

Estes Especiais fornecem material para decisões melhor informadas por parte de tantos eleitores que engrossam o voto oscilante. O estudo específico de cada círculo eleitoral afasta imediatamente este tipo de análise dos estudos de opinião. Cada tipo de análise tem a sua função. E não nos faltam estudos de opinião, sondagens e toda a panóplia de mensagens dirigidas aos eleitores em período eleitoral. Análises de malha fina são bastante menos comuns. As sondagens, por exemplo, são sempre apresentadas no maior denominador comum: o total nacional. O que interessa em primeiro lugar é antecipar quem vencerá.

(Nota: a principal razão para que nas sondagens o número de deputados seja sempre apresentado num intervalo radica nas diferenças que existem nos círculos; uma percentagem nacional nunca garante o mesmo número de mandatos.)

Nunca esse tipo de estudos decompõe os resultados por círculo eleitoral. Os partidos terão alguns estudos privados em que eventualmente o fazem, a pensar nas suas estratégias. Mas o cidadão eleitor não tem acesso.

E no entanto os dados por círculo eleitoral são fundamentais. Cada círculo elege um determinado número de mandatos. Há círculos que elegem três deputados, há círculos que elegem mais de 40. Isto torna importante o voto em cada círculo. Como veremos mais abaixo, e tomando o exemplo de Coimbra, os votos contra e a favor de CH e AD terão no final das eleições uma importância maior que os votos contra e a favor do PS. Porquê? Porque a margem de segurança dos quatro mandatos do PS é relativamente grande, e é maior que a margem mínima (402 votos) que faz perigar o segundo deputado do CH para — adivinhou — a AD.

Este dado é importante para a campanha. Em primeiro lugar, os partidos usam-no (já o têm há muito tempo, não dependem de análises independentes como esta) para desenhar as suas campanhas. Claro que o PS não vai descurar o círculo de Coimbra, mas o CH terá ali um empenho diferente (mais cartazes?, mais ações de rua?) na tentativa de segurar os seus dois mandatos — para mais numa fase em que as sondagens mostram tendência para ter menos votos.

Do ponto de vista do eleitor, significa compreender melhor as campanhas dos partidos e o valor do seu voto. Sabendo do dado acima, por exemplo, um eleitor em Coimbra, indeciso e a caminhar para abstencionista por estar farto dos políticos (compreensível no atual quadro de eleições sem uma justificação convincente da governação ou da oposição, ambas a fazer um caminho normal até aqui), pode decidir que faz sentido ir às urnas para defender o mandato do CH — ou para explorar essa fragilidade numérica da extrema-direita no círculo e roubar-lhe um deputado. (É muito mais fácil tirar um deputado ao CH neste círculo do que em qualquer outro, e isto não é dispiciendo.)

O anacronismo dos círculos eleitorais

Antes de aprofundarmos o estudo, há que apontar que a atual divisão de círculos eleitorais é anacrónica, com tudo o que isso possa ter de negativo em termos dos resultados da eleições legislativas. A questão não se coloca nem nas eleições europeias (Portugal é um único círculo eleitoral) nem nas autárquicas (país) e regionais (regiões autónomas). Só afeta as legislativas.

Os círculos eleitorais saíram com toda a naturalidade da divisão por distritos, as estruturas administrativas muito antigas, mais antigas que a democracia e os processos eleitorais em Portugal. Ora, tais estruturas foram esvaziadas de função ao longo das últimas décadas, deixando de ser usados para planear ou executar políticas. “Hoje, o país é gerido com base em outras realidades”, escreve Tiago Josué Ferreira no Público, num artigo intitulado Deputados por distritos? Mas já não há distritos. “As Comunidades Intermunicipais (CIM) e as Áreas Metropolitanas são os instrumentos que estruturam o território de forma concreta. É através delas que se organiza, por exemplo, a mobilidade regional, os transportes públicos intermunicipais, o ambiente e os resíduos, a protecção civil e parte da candidatura e gestão de fundos comunitários”.

Isto levanta vários problemas, que Tiago Josué Ferreira muito bem disseca. O que aqui importa referir é que, até ao momento em que se reformulem os círculos eleitorais, com base no reconhecimento de que não faz sentido continuarmos a escolher deputados com base numa divisão que o próprio Estado já pouco usa, é com esta divisão que temos de operar.

Metodologia: travão à inteligência artificial

Uma nota final para a metodologia. No final deste artigo temos as fontes consultadas, humanamente e por interpostos modelos de linguagem, ou agentes artificiais inteligentes (IA). Os dados são todos de origem oficial. Mais que oficiais: foram compilados depois de vistos e revistos pelos meus olhos, e atrevo-me a dizer que não há fonte pública alguma — nem sequer a Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, que é a mais oficial das fontes no que toca a resultados eleitorais — que tenha todos os dados das legislativas deste século num formato agregado, completo e revisto (o MAI, que é a fonte mais completa, não tem, nalgumas das suas folhas de cálculo públicas, todos os resultados globais, apenas os do território nacional).

De início pensei que poderia entregar mais trabalho aos “meus” agentes de IA devidamente treinados. E sem eles esta série de artigos não seria possível senão por uma equipa bem mais vasta — e dispendiosa, em tempo e dinheiro.

Mas acabei por ter de incorporar nas minhas tarefas a revisão, número a número, dos conteúdos que os agentes me iam entregando. Em muitos casos verifiquei os números em várias fontes. Noutros, em que estávamos perante resultados de cálculos, verifiquei a metodologia do agente. Desenvolvi um travão natural, que consiste em pedir ao modelo que reveja os seus resultados, nalguns casos sabendo eu de antemão que as contas estavam erradas, noutras suspeitando apenas, e tive diálogos de lógica com os modelos. Venci quase todos. Num caso eu estava enganado e o modelo demonstrou-me onde e porquê.

Finalizando: o contributo da IA foi maioritariamente de apoio a tarefas de formatação, de limpeza e de transposição para linguagem natural. Ou seja: todos os erros que venham a ser detetados nesta série de artigos são da minha responsabilidade, não poderei desculpar-me com “as alucinações e invenções da inteligência artificial”.

🗳️🏛️🇵🇹

🌹 Coimbra: PS domina, AD pode tirar um deputado ao CH

Este século o círculo eleitoral de Coimbra tem sido dominado pelo PS, que venceu seis das oito legislativas. Na atual legislatura o PS tem quatro deputados eleitos por Coimbra, contra três da AD.

A relação de forças não será fácil de alterar este ano: os cinco mil votos de vantagem no total são um escudo favorável ao PS, sobretudo quando analisamos a distribuição de mandatos segundo o método oficial, o método de Hondt: o CH é a força política com menos vantagem, tendo adquirido o seu segundo mandato com apenas 402 votos de folga sobre a AD. Dito de outra maneira: bastaria a AD ter somado mais 406 votos para ter ficado com o nono e último mandato.

Muito dificilmente outros partidos meterão um deputado por Coimbra: O Bloco de Esquerda teria de ter mais metade dos votos que teve e a Iniciativa Liberal teria de praticamente duplicar a sua votação.

Síntese: se o resultado do dia 18 de maio seguir a tendência do século e a par das indicações das sondagens ao dia de hoje, o PS manterá quatro deputados por Coimbra e a AD pode passar de três para quatro, “roubando” um ao CH.

Bilhete de identidade eleitoral em 2024

  • Eleitores inscritos: 371 745

  • Votos expressos: 242 067 (65,12%)

  • 9 mandatos

    • 4: PS 79 086 votos (32,67%)

    • 3: AD 74 019 votos (30,58%)

    • 2: CH 37 412 votos (15,46%)

Desempenho comparado

O PS e a AD têm um desempenho ligeiramente melhor em Coimbra do que a nível nacional, enquanto o CH, a IL e o ADN têm um desempenho ligeiramente pior. Quadro abaixo:

🎤 Número de iniciativas parlamentares apresentadas por deputados eleitos por Coimbra

Coimbra elegeu 9 deputados, o que representa 3.91% do total de 230 deputados. Os deputados eleitos por Coimbra apresentaram 95 iniciativas parlamentares, o que representa 2.15% do total nacional.

Por partidos:

  • AD: 41

  • PS: 36

  • CH: 18

Usemos as percentagens para termo de comparação com o desempenho nacional: o PS teve 4.60% das suas iniciativas em Coimbra, a AD tem 5.85% e o CH tem 1.36%.

  • A sub-representação de Coimbra em termos de iniciativas legislativas é um facto e indicia que os deputados eleitos por este círculo, especialmente os do CH, podem precisar de ser mais ativos na apresentação de propostas.

  • O PS e a AD têm um desempenho mais alinhado com a sua representatividade parlamentar em Coimbra.

A sub-representação de Coimbra em termos de iniciativas legislativas pode ter várias implicações:

  • Menor influência nas decisões legislativas: Coimbra pode ter menos influência na agenda legislativa do que seria expectável dada a sua dimensão parlamentar.

  • Necessidade de maior dinamismo: Os partidos e deputados eleitos por Coimbra podem precisar de ser mais ativos na apresentação de iniciativas legislativas para aumentar a representatividade do círculo.

  • Possíveis causas: Podem incluir fatores como a dinâmica política local, a estratégia dos partidos, ou a natureza das questões que afetam o círculo.

📊 Progressão dos mandatos

Como sabemos, os mandatos são distribuídos de acordo com uma fórmula conhecida por método de Hondt — uma forma de converter os votos em mandatos, dividindo os votos de cada partido por uma sequência de números (1, 2, 3, etc.) para atribuir os lugares aos partidos com os maiores resultados nessas divisões.

Ou seja:

  • PS elegeu nos mandatos 1, 3, 6 e 8

  • AD elegeu nos mandatos 2, 5 e 7

  • CH elegeu nos mandatos 4 e 9

😁 Se existisse mais um mandato, o 10º, que partido o teria resgatado?

A AD conquistaria o seu 4º mandato com o seu quociente seguinte, 18 504,75 (divisor 4)

🤞 Partidos mais perto de eleger o seu primeiro deputado?

  1. BE ficou a 6 372 votos de eleger o seu primeiro deputado (precisaria de crescer +51,7%)

  2. IL ficou a 9 119 votos (crescimento de +95,1%)

Como são feitas estas contas?

O último mandato foi entregue com um quociente de 18 706 (CH, 2.º mandato). Para que um novo partido entrasse, teria de ter um quociente superior a esse.

Deixando de fora os resultados irrealistas, vamos calcular, para cada partido que não elegeu, quantos votos seriam necessários para ter 1 mandato (divisor 1) com quociente superior a 18.706:

▪️ Bloco de Esquerda (BE)

  • Tem 12 334 votos

  • Faltaram: 18 706−12 334 = 6 372

  • Teria de crescer 51,7% para eleger

▪️ Iniciativa Liberal (IL)

  • Tem 9 587

  • Faltaram: 18 706−9 587 = 9 119

  • Teria de crescer 95,1% para eleger.

😰 Partido mais perto de perder um deputado?

O segundo mandato do CH foi atribuído por uma margem de apenas 402 votos. Da ordem do 1% dos votos do partido em Coimbra, é uma vantagem frágil — a mais dos três círculos eleitorais aqui analisados. A AD é a força política mais perto.

⚠️ Partido em risco: CH

  • Quociente do 9.º mandato: 18 706

  • Votos totais: 37 412

  • Votos a perder: 402

  • Percentagem: 1,08%

🔄 Partido que ameaça: AD

  • Quociente seguinte: 18 504,75 (divisor 4)


🧑‍🤝‍🧑📢 Desafios: economia assimétrica, pressão habitacional, envelhecimento e pobreza persistente

Em pleno período de campanha eleitoral, o círculo eleitoral de Coimbra debate-se com problemas estruturais que afetam o desenvolvimento da região. Abrangendo 17 municípios, este território apresenta assimetrias significativas entre o litoral mais desenvolvido e o interior em processo de desertificação, criando desafios económicos e sociais que exigem respostas urgentes.

Economia a duas velocidades

A economia da região de Coimbra apresenta um crescimento abaixo da média nacional. Segundo dados do INE, o PIB per capita da região Centro (onde Coimbra se insere) é cerca de 15% inferior à média nacional, situando-se nos 19.400 euros contra 22.800 euros da média portuguesa em 2022.

O desemprego, embora tenha diminuído nos últimos anos, ainda afeta 6,2% da população ativa do distrito, com maior incidência nas mulheres e jovens. Particularmente preocupante é a taxa de 11,8% de jovens que não estudam nem trabalham (NEET), superior à média nacional de 9,5%.

A fuga de talentos constitui outro problema grave. Apesar de Coimbra ser um polo universitário de excelência, cerca de 60% dos licenciados abandonam a região nos cinco anos após a conclusão dos estudos, segundo dados do Observatório do Emprego Jovem.

Pressão habitacional e envelhecimento

O acesso à habitação tornou-se crítico, especialmente na cidade de Coimbra. Os preços médios das casas aumentaram 42% nos últimos cinco anos, enquanto os salários cresceram apenas 12%. O valor médio de arrendamento subiu para 9,1€/m², tornando o mercado inacessível para muitos jovens e famílias.

O envelhecimento demográfico apresenta-se como um dos maiores desafios. O índice de envelhecimento no distrito (relação entre idosos e jovens) atingiu 214,5 em 2022, significativamente superior à média nacional de 184,2. Nos municípios do interior, como Pampilhosa da Serra, este valor ultrapassa os 500.

Assimetrias territoriais e serviços públicos

As desigualdades entre litoral e interior são evidentes nos serviços públicos. Nos últimos dez anos, encerraram 23 extensões de saúde no distrito, deixando cerca de 35.000 pessoas sem médico de família, particularmente nos concelhos interiores.

No setor da educação, 38 escolas encerraram desde 2010, maioritariamente em zonas rurais, obrigando a deslocações diárias de mais de 30 km para muitos estudantes.

Os transportes públicos são outra fragilidade. Segundo a Autoridade Regional de Transportes, 22% das localidades do distrito têm menos de dois autocarros diários de ligação às sedes de concelho, acentuando o isolamento das populações rurais e idosas.

Pobreza persistente

Apesar dos progressos, a taxa de risco de pobreza na região Centro permanece nos 16,9%, afetando principalmente idosos com pensões baixas e famílias monoparentais. Cerca de 8,2% da população vive em situação de privação material severa, sem capacidade para fazer face a despesas imprevistas.

Os desafios económicos e sociais do círculo eleitoral de Coimbra exigem políticas integradas que combatam as assimetrias territoriais e promovam a fixação de população e investimento, questões que certamente marcarão o debate eleitoral nas próximas semanas.

🗳️🏛️🇵🇹

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