[1.119] Uma bomba bastou: como Israel destruiu os planos de paz e mergulhou o Médio Oriente numa guerra sem fim à vista
Aproveitando a Assembleia Geral das Nações Unidas, o mundo, incluindo os EUA, preparava o terreno para evitar a escalada da guerra. O líder do Hezbollah assinou o cessar fogo. Gesto fatal.
Hoje é dia de dossiês um pouco por todo o lado e quis fazer uma síntese deste ano violento sem contudo nos ficarmos pelos horríveis dados. Que não têm todos o mesmo peso. Entre as dezenas de milhar de mortos nas sete frentes de batalha em que Benjamin Netanyahu orgulhosamente comprometeu a periclitante economia de Israel, há uma que tem um peso determinante: a do líder do Hezbollah. Veremos porquê.
Antes, porém, deixo já a nota de que teremos esta semana um novo Especial reservado aos apoiantes, sobre o que esperar do futuro no Médio Oriente.
Nesta edição:
Uma bomba bastou: como Israel destruiu os planos de paz e mergulhou o Médio Oriente numa guerra sem fim à vista
Cronologia do volte-face
O ano contado em números
Oito pontos para explicar a guerra eminente
O que pensam colunistas e editorialistas
Governo pré-aprova Orçamento do Estado para 2025, negociações com PS continuam
Como a esquerda, o centro e a direita comentaram
Estreia: Livre realiza primeiras jornadas parlamentares em Elvas
E o habitual conjunto de breves, com destaque para o anúncio do Governo húngaro, que deixará de aplicar a legislação da UE em matéria de asilo
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ATUALIDADE
Uma bomba bastou: como Israel destruiu os planos de paz e mergulhou o Médio Oriente numa guerra sem fim à vista
O dia de hoje, 7 de outubro de 2024, assinala um ano sobre os ataques do Hamas a Israel em que foram mortas 1.205 pessoas e que causaram o maior trauma com que a sociedade israelita se confrontou, ao ponto de se ter tornado numa questão existencial para os israelitas que se alargou a milhões de judeus em todo o mundo, em especial estado-unidenses, que se sentem hoje mais inseguros que em qualquer outro momento das suas vidas.
Temos abaixo a cronologia deste ano inconcebível, que dá conta da situação no Médio Oriente, com o governo de Israel a transformar a retaliação primeiro num desastre humanitário e depois numa guerra regional provocando incessantemente o Irão a envolver-se.
Mas o combate aos grupos terroristas do Hamas e Hezbollah é encarado hoje como um pretexto. Benjamin Netanyahu quer ir mais longe. Como ficou demonstrado no momento mais importante dos 365 dias que se seguiram: o assassinato à bomba, na capital do Líbano, de Hassan Nasrallah, no dia 27 de setembro de 2024.
Até esse momento, a paz parecia possível. A trajetória era essa: vingada a matança cruel de 7 de outubro, a narrativa do cessar-fogo estava a ser articulada no mundo — e nas Nações Unidas. O próprio secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, tinha aceite o cessar-fogo, que andara a negociar internacionalmente nas semanas antes de ser morto pelo exército israelita.
Com a morte de um homem que, sendo um inimigo declarado e ativo de Israel, era nesta altura um dos interessados no cessar-fogo e na criação de condições para uma paz subsequente, o governo israelita não deixou margem para dúvidas sobre o seu plano de eliminar os inimigos, decapitar as organizações terroristas e arrasar os países vizinhos, infligindo-lhes danos materiais, sociais e económicos que levarão décadas a recuperar.
A sequência de acontecimentos que aniquilou os esforços de paz e mergulhou a região numa escalada de guerra que mal começou e pode durar anos, sem que se arrisquem sequer desfechos favoráveis a Israel, está listada abaixo.
Cronologia do volte-face
25 de setembro:
Diplomatas dos EUA, França e ONU redigem uma proposta de cessar-fogo de três semanas entre Israel e Hezbollah.
Amos Hochstein, enviado da Casa Branca, informa que Israel está disposto a apoiar a proposta.
Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, indica através de um intermediário o seu apoio ao cessar-fogo.
Os presidentes Biden e Macron anunciam o plano na Assembleia Geral da ONU.
26 de setembro:
O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, afirma o apoio do Líbano à iniciativa na ONU.
Alguns funcionários israelitas fazem comentários contra a ideia de um cessar-fogo.
27 de setembro:
Benjamin Netanyahu declara na ONU que Israel deve "derrotar o Hezbollah no Líbano", não mencionando o cessar-fogo proposto.
Pouco depois, bombardeamentos israelitas matam Hassan Nasrallah nos arredores de Beirute.
Dias seguintes:
A guerra expande-se no Líbano, ameaçando desencadear um conflito regional mais amplo.
Israel intensifica os ataques contra o Hezbollah, causando centenas de mortes e o deslocamento de mais de 150.000 pessoas em ambos os lados da fronteira.
Este resumo cronológico destaca os principais eventos e a rápida mudança de uma potencial resolução diplomática para uma escalada do conflito.
O ano contado em números
1.206 cidadãos, a maioria israelitas, são mortos pelos terroristas do Hamas nos ataques do dia 7 de outubro
251 reféns são feitos nesse dia
97, ou 101 dependendo das fontes, desses reféns continuam em cativeiro
60% dos edifícios de Gaza foram destruídos
90% da população de Gaza foi deslocada
42.000 cidadãos foram mortos em Gaza neste último ano
56% desses cidadãos eram mulheres e crianças
2.000 cidadãos mortos no Líbano pelas forças armadas israelitas neste ano
550 dos quais num único ataque, no dia 23 de setembro último
1.200.000 libaneses deslocados por força dos bombardeamentos
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Para ilustrar a delicada situação do governo israelita, deixo as palavras do colunista do jornal israelita Haaretz, Amir Tibon, no artigo intitulado A minha família mal sobreviveu ao 7 de outubro. Não consigo acreditar que os meus amigos ainda estão presos em Gaza. “Estas conquistas, todas elas resultado de vantagens militares e de inteligência que Israel construiu ao longo de muitos anos, ainda não conseguem compensar a falta de uma estratégia para alcançar dois dos principais objetivos da guerra: substituir o governo do Hamas em Gaza por uma entidade mais favorável com a qual Israel possa conviver, e trazer de volta os nossos reféns com vida.”
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Oito pontos para explicar a guerra eminente
7 de outubro de 2023: O Hamas lança um grande ataque contra Israel, marcando o início de uma escalada de tensões em várias fronteiras.
Após 7 de outubro de 2023: O Hezbollah, grupo militante apoiado pelo Irão, ataca Israel na sequência do ataque do Hamas. Israel começa a evacuar cerca de 60.000 cidadãos da sua fronteira norte devido ao aumento do perigo dos ataques do Hezbollah.
Resposta de Israel ao Hezbollah: Israel realiza operações direcionadas contra o Hezbollah, matando muitos combatentes e líderes, incluindo Hassan Nasrallah, líder de longa data do grupo. Estas ações demonstram a capacidade militar e a precisão de inteligência de Israel, após falhas de segurança anteriores ao ataque de 7 de Outubro.
Início das operações terrestres: Israel expande as suas operações com uma incursão no Líbano, embora a extensão e o propósito desta ação ainda sejam incertos. A eliminação do Hezbollah é considerada impossível, mas o objetivo parece ser dissuadir futuros ataques.
Resposta do Irão: O Irão, principal apoiador do Hezbollah, retalia contra Israel ao lançar mísseis balísticos. Esta ação é vista como uma escalada direta, com o Irão a tentar manter a sua imagem sem provocar um conflito em grande escala.
Foco de Israel no Norte: Com o Hezbollah enfraquecido, Israel desloca a sua atenção para o norte, enquanto mantém vigilância em Gaza. As potenciais respostas do Hezbollah às ações de Israel permanecem incertas, à medida que o grupo reestrutura a sua liderança.
Escalada das tensões entre Irão e Israel: As ações do Irão fornecem a Israel um pretexto para considerar retaliações, possivelmente visando locais nucleares ou outras infraestruturas-chave iranianas, o que poderia aumentar o conflito regional.
Especulação sobre mudança de regime no Irão: Há um crescente apoio em Israel para atacar diretamente o Irão, com alguns israelitas a esperar que tais ações possam levar ao colapso do regime iraniano. No entanto, este desfecho está longe de ser certo, e o Irão pode retaliar através dos seus proxies ou acelerar os seus esforços nucleares.
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Relacionadas
🇵🇸 Khaled Meshaal, líder do Hamas no estrangeiro, apelou à intensificação da luta contra Israel no primeiro aniversário dos ataques de 7 de outubro. O dirigente defendeu que "só a jihad financeira não é suficiente", exigindo uma "jihad armada" e a abertura de novas frentes de combate. Meshaal instou ainda a "umma" (nação islâmica) a considerar esta luta como um "dever religioso", não apenas na Palestina, mas "em todos os lugares onde se trava a batalha pela liberdade e pela dignidade". • 24.sapo.pt
🇺🇸 Os EUA gastaram um valor recorde de pelo menos 17,9 mil milhões de dólares em ajuda militar a Israel desde o início da guerra em Gaza, segundo um relatório da Universidade de Brown. Adicionalmente, 4,86 mil milhões de dólares foram investidos em operações militares norte-americanas na região. O estudo inclui os custos da campanha naval contra os ataques dos huthis do Iémen a navios comerciais, mas foi concluído antes da abertura de uma segunda frente de conflito contra o Hezbollah no Líbano. • 24.sapo.pt
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O que pensam colunistas e editorialistas
✍ Richard Haass conclui que no Irão “uma mudança de regime não pode ser descartada, embora esteja longe de ser provável, quanto mais assegurada. Não está claro que tipo de governo poderia substituir o atual. É mais provável que o regime atual resista a qualquer adversidade, encontre formas de atacar alvos israelitas e ocidentais em todo o mundo e, o que é mais importante, acelere os seus esforços para desenvolver armas nucleares.” • Project Syndicate
🧐 Germano Almeida escreve que “o escalar do conflito no Médio Oriente já implica o envolvimento, ainda que indireto, das grandes potências: os EUA – que por enquanto acreditam que Israel ainda não decidiu como irá retaliar – estarão a ser arrastados pelo governo de Netanyahu para uma guerra regional em que Washington ficará sempre do lado de Israel, seja qual for o resultado das eleições presidenciais de 5 de novembro; a Rússia de Putin não intervirá diretamente, mas nem sequer precisa – basta não travar o seu aliado Irão para que beneficie de um conflito que retira centralidade à agressão que está a perpetrar na Ucrânia há quase mil dias. Um olhar mais atento mostra-nos que a China tem vindo a ter uma posição cada vez mais próxima, embora não assumida, ao Irão e aos seus “proxys” na região (...) A China é, de longe, o maior cliente do petróleo iraniano.”. • Diário de Notícias (Portugal)
🧐 José Pedro Teixeira Fernandes questiona como estaria hoje o Médio Oriente “se os EUA se tivessem mantido no acordo nuclear com o Irão em 2018 e se o Hamas não tivesse atacado Israel a 7 de Outubro de 2023. Esse curso dos acontecimentos foi brutalmente interrompido. Provavelmente estaria mais estável e menos violento. Pelo menos, se não ocorresse uma outra qualquer cadeia de acontecimentos negativa e destrutiva. O que sabemos é que hoje estamos num ponto crítico (não é apenas mais um) onde uma guerra no Médio Oriente de grande dimensão se desenha, cada vez mais, ainda que os seus intervenientes não a queiram.” • Público (Portugal)
🧐 Editorial de El País alerta que “a guerra de Netanyahu contra o Hamas se transformou numa catástrofe regional que marcará o futuro do Oriente Próximo e de Israel. A primeira Nakba deixou um problema irresoluto, e esta segunda Nakba, sem horizonte de paz, agravará o ressentimento e o ódio entre a população palestiniana, transformando Israel numa fortaleza militar expansionista e agressiva, distante dos ideais democráticos que inspiraram a sua fundação.” • El País (Espanha)
🗣 Editorial de Helsingin Sanomat: “De acordo com as autoridades israelitas, mais de 60 reféns vivos, assim como os corpos de cerca de 35 outros, ainda se encontram na Faixa de Gaza. Os reféns também foram mortos em ataques e operações militares do exército israelita. Esperam-se manifestações e possivelmente distúrbios violentos em todo o mundo nesta data de aniversário. Grupos pró-Palestina pretendem chamar a atenção para a crise humanitária em Gaza, que é, de facto, chocante. No entanto, comemorar a tragédia dos reféns e das suas famílias não significa desviar o olhar de Gaza, pois a libertação dos reféns é parte de uma solução justa para a guerra”. • Helsingin Sanomat (Finlândia)
🧐 Antonio Polito escreve que “o Hamas iniciou esta guerra não para libertar o seu território, uma vez que a Faixa de Gaza foi devolvida aos palestinianos em 2005 por Ariel Sharon, mas sim para atacar e destruir o Estado de Israel. O Hamas tem controlado Gaza durante quase 20 anos, após um golpe sangrento contra os seus "irmãos" do Fatah, e poderia ter transformado a região num modelo para um futuro estado palestiniano livre e pacífico. Em vez disso, utilizou os recursos recebidos do Catar, do Irão, da ONU e da Europa para prosseguir os seus objetivos bélicos.” • Corriere della Sera (Itália)
🕵️ Christian Ultsch destaca que “a partir de 7 de Outubro, Israel não está apenas a tentar manter os seus inimigos sob controlo, mas a eliminá-los sistematicamente. O custo desta guerra de retaliação contra o Hamas é insuportavelmente alto, com mais de 40.000 palestinianos, na sua maioria civis, a perderem a vida. A imagem de Israel também está a ser questionada internacionalmente, mas o Primeiro-Ministro Netanyahu e os seus parceiros de coligação extrema estão dispostos a aceitar a perda de reputação, vendo-se numa luta pela própria existência de Israel”. • Die Presse (Áustria)
🧐 Bogusław Chrabota observa que “o mundo árabe está a ferver de ódio por Tel Aviv e que os motivos de Benjamin Netanyahu não são inteiramente puros. A opinião pública internacional parece ter esquecido o que aconteceu a 7 de Outubro e está a alinhar-se com os árabes. Além disso, a guerra tornou-se uma constante na era de Putin, tornando a situação extremamente perigosa.” • Rzeczpospolita (Polónia)
✍ Christian Böhme defende que “o que é necessário agora é habilidade diplomática. Israel já demonstrou isso anteriormente com os Acordos de Abraão, onde os Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão e Marrocos concordaram em normalizar as suas relações com Israel, acreditando que beneficiariam economicamente da colaboração. É uma questão de bom senso e previsão estratégica voltar ao caminho traçado há quatro anos”. • Tagesspiegel (Alemanha)
🧐 Marcus Rubin recorda que “houve um tempo em que a ideia de um estado judeu na Palestina parecia utópica. Contudo, como Theodor Herzl disse em A Terra Antiga Nova: “Se o quiserem, não é um sonho.” Israel tornou-se uma realidade, mas para que o estado sobreviva como uma democracia a longo prazo, com reconhecimento e legitimidade internacional, deve também haver espaço para um estado palestiniano na mesma região.” • Politiken (Dinamarca)
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Leituras recomendadas
Lebanon: Nasrallah agreed to a ceasefire just before Israel killed him - Middle East Monitor
How the Push to Avert a Broader War in Lebanon Fell Apart - New York Times
The Double Standards Debate at the UN - Richard Gowan, Crisis Group
História do conflito entre Israel e o Líbano - Britannica
One year of Israel’s war on Gaza: Key moments since October 7 - Al Jazeera
💼🏛️ Governo pré-aprova Orçamento do Estado para 2025, negociações com PS continuam
A notícia - O Conselho de Ministros pré-aprovou o Orçamento do Estado para 2025, aguardando agora o resultado das negociações em curso com o Partido Socialista (PS) para a proposta final. O impasse negocial entre o primeiro-ministro Luís Montenegro e o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, continua, principalmente em relação às propostas sobre o Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC).
O Governo rejeitou a contraproposta do PS para transformar a descida transversal do IRC num crédito fiscal ao investimento, preferindo uma mudança estrutural e duradoura do imposto.
As negociações continuam, esperando-se que Montenegro apresente uma nova proposta a Pedro Nuno Santos que corresponda de alguma forma às expectativas do PS.
O PS propôs duas alternativas para o IRC: uma redução imediata de 1 ponto percentual sem mais alterações até ao final da legislatura, ou a utilização do Crédito Fiscal Extraordinário ao Investimento em vez da redução do IRC para 2025.
O Governo considera inegociável abdicar da redução de três pontos percentuais no IRC, argumentando que o crescimento económico e o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) estão a acelerar o investimento, tornando o crédito fiscal menos impactante no imediato.
Fonte: observador.pt
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Como a esquerda
comentou
Daniel Oliveira (centro-esquerda): “Para Luís Montenegro, sabendo que as eleições já não estavam no horizonte, seria muito complicado ver o Orçamento do Estado aprovado pelo Chega. Não que haja um cordão sanitário. Até houve negociações secretas ou discretas com Ventura. Mas libertava de vez o PS, seu principal concorrente, e ficava dependente de um partido instável e inimputável. E via o eleitorado mais centrista ser corroído. Se o OE vai mesmo ser aprovado, que seja pelo PS. Com cedências que não comprometem o programa da AD.” No Expresso
Ana Sá Lopes (centro-esquerda): “Pedro Nuno Santos perde muito ao entregar ao Chega o “cargo” de maior partido da oposição e ficar comprometido com a governação. Mas, não deixando de ser derrotado de um processo em que Montenegro conseguiu sair vitorioso, tem alguns ganhos de causa. Em primeiro lugar, evita umas eleições que dificilmente seriam favoráveis para o PS e, dependendo da capacidade de vitimização do Governo, até poderiam ser bastante prejudiciais. Une o partido: os apoiantes de José Luís Carneiro, sempre defensores de um acordo, não têm agora espaço para o vir criticar ou organizarem-se imediatamente como alternativa.” No Público
Como o centro
comentou
David Dinis (centro): “Agora, Pedro Nuno Santos admite que o Governo desça um ponto a taxa, desde que se comprometa a não o fazer mais durante a legislatura. Se a política ainda for previsível, é uma condição desenhada para que o Governo não a aceite. Na sequência, o PS dirá que viabiliza o Orçamento, avisando que não o fará de novo a partir de 2025. O Governo seguirá em frente, sabendo que pode aprovar o regime de IRC autonomamente à direita no Parlamento – e deixando para o próximo ano o que só em 2025 se pode resolver. Teremos, assim, um pacto de mútuo (des)entendimento, que permite desbloquear simultaneamente a governação e a oposição. Montenegro terá um ano para mostrar aos portugueses que, aplicando muitas políticas semelhantes às de António Costa, consegue ser mais eficiente e menos permeável a casos do que ele. Pedro Nuno terá um ano também para criar os seus prometidos “Estados Gerais do PS”, construindo um projeto de que ainda não há particular vislumbre.” No Expresso
Como a direita
comentou
Armando Esteves Pereira (centro-direita): “Exigências e interesses diferentes são normais em democracia, e quando há Governos minoritários é preciso negociar, e isso implica algumas cedências. Tendo o Governo duas opções de aprovação do Orçamento do Estado para 2025, tanto com o Partido Socialista, como com o Chega, não se percebe a ansiedade transmitida de Belém sobre o assunto.” No Correio da Manhã
Diogo Pacheco de Amorim (direita): “Sem um acordo de fundo, o Chega inviabilizará este Orçamento. Se o PR não dissolver a AR e der ao PSD a hipótese de fazer um novo Orçamento, e caso então o PSD queira, finalmente, passar a esse acordo de fundo com o Chega, este estará pronto para o fazer. É isto. Sem rodriguinhos. E agora, uma questão relevante. Grande parte dos que votaram PSD nas últimas legislativas foram eleitores de direita que votaram ”útil” no PSD. Conheço inúmeros, e todos os que neste momento me leem seguramente que também conhecem. Quando o PSD elege o PS como interlocutor privilegiado, voltando as costas ao Chega, aquele está a passar um atestado de ingenuidade a esses eleitores.” No Sol
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